O portal Local.PT, de Portugal, publicou matéria sobre um novo estudo clínico que sugere que uma dose diária de probióticos pode aliviar alguns problemas digestivos em bebês. O estudo foi publicado na revista americana Jama Pediatrics, em janeiro de 2014, envolvendo 468 recém- nascidos saudáveis. Os resultados demonstraram que os bebês que tomaram o probiótico Lactobacillus reuteri Protectis choraram menos de metade do tempo do que os bebês a quem foi dado um placebo. De acordo com o artigo, apesar de a cólica infantil não ser considerada um problema grave, ela é motivo frequente das visitas ao pediatra, além de provocar ansiedade e estresse aos pais.
Local.PT, 16 de janeiro de 2014
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Dr. Rubens Feferbaum
Departamento Científico de Nutrição da SPSP.
Estima-se que o número de bactérias que habitam o intestino é 10x superior às células do organismo humano. Esta extraordinária coleção de material genético denominado microbiota contém 100x mais genes que o genoma humano. A “conversa” entre a microbiota e o intestino, que funciona com um “super-órgão”, modula as funções digestivas, imunológicas, metabólicas, endócrinas e a recuperação intestinal.
O desenvolvimento da microbiota ocorre principalmente durante a infância e suas alterações estão relacionadas a um grande de doenças como as alergias e doenças inflamatórias e as alterações funcionais do intestino como a constipação e diarreia. O leite humano é rico em bactérias tipo Lactobacilos e Bifidobactérias que colonizam precocemente o intestino e promovem a instalação de uma microbiota saudável.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, o termo “probiótico” é definido como um suplemento nutricional contendo organismos vivos (bactéria ou fungo) que, quando introduzido no organismo, tem efeito benéfico na microflora intestinal.
O interessante estudo multicêntrico realizado na Itália por Flavia Indrio e colaboradores (JAMA Pediatrics, 2014) teve o objetivo de verificar as propriedades da administração para lactentes de um tipo de probiótico, o Lactobacillus reuteri em alguns sintomas do aparelho digestório como as cólicas, constipação intestinal e regurgitação, motivo comum de ansiedade dos pais e que geram demasiadas consultas ao pediatra. Com frequência utilizam-se medicamentos e/ ou troca das fórmulas infantis, o que gera aumento de custos para as famílias.
Os pesquisadores verificaram no grupo onde administrou-se o Lactobacillus reuteri ocorreu diminuição significativa dos episódios de cólica e aumento no número de evacuações dos lactentes, diminuindo a obstipação intestinal. Este efeito gerou melhor custo-efetivo no tratamento das condições apontadas e reforça a possibilidade da administração de probióticos isolados ou adicionados às fórmulas infantis. No entanto, o estudo aponta a necessidades de mais estudos para melhor adequação da “dose” e composição de probióticos administradas ao lactente.
Apesar de promissor, é importante comentar que o leite materno é o mais perfeito fornecedor de probióticos ao lactente: seu uso exclusivo até o 6º mês de vida e após este período, em conjunto com a alimentação complementar, é a ação mais adequada para o estabelecimento de uma microbiota saudável e todos os benefícios associados.
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