terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Uso de plantas medicinais em comunidade indígena é destaque em encontro na UFPB

2 de dezembro de 2014
Foto: comunicaçãosesai-pb

O poder das plantas medicinais e a necessidade de preservar os recursos ambientais, premissas para que um grupo se reunisse por toda a última sexta-feira (28), no XX Encontro de Plantas Medicinais Utilizadas na Atenção Básica, realizado no Centro de Treinamento dos Servidores da Universidade Federal da Paraíba, em João Pessoa (PB), representado pelo Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Potiguara com palestra da enfermeira Teresa Silma Nunes Alves sobre o uso de plantas medicinais na comunidade indígena da região.

“Defender o que Deus nos deu, não podemos recuar, temos consciência de avançar com sabedoria”, disse a professora-doutora Maria Salete Horácio da Silva, que coordena e está à frente do Centro de Defesa do Saber Popular em Saúde da Paraíba (CEDESPS/PB), promotora do encontro, que tem ainda o objetivo de divulgar as terapias integrativas e complementares visando a promoção e preservação da saúde no âmbito familiar e desenvolver a defesa do saber popular em saúde com intercâmbio técnico e científico interdisciplinar.

Na exposição da representante do DSEI Potiguara, a enfermeira Teresa Silma destacou a atuação do “Grupo Amor de Planta Medicinal Potiguara”, que tem fortalecido a identidade indígena, enriquecendo a cultura e a valorização dos saberes da comunidade Potiguara, grupo criado em 2012, na aldeia Jaraguá, no Polo Base de Rio Tinto, iniciativa do cacique Anibal.

O grupo da aldeia Jaraguá vem se fortalecendo com a participação da comunidade indígena da região, com representantes da aldeia Forte (Baía da Traição) e aldeia Três Rios (Marcação), além de profissionais da equipe multidisciplinar de saúde indígena (EMSI) do DSEI, com ênfase dos técnicos da Divisão de Atenção à Saúde Indígena (DIASE) do Polo Base de Rio Tinto, e apoio técnico do Centro de Defesa do Saber Popular em Saúde da Paraíba (CEDESPS/PB). 

Teresa Silma ressaltou, ainda, das reuniões que são realizadas mensalmente na aldeia Jaraguá com o objetivo de desenvolver as atividades e aperfeiçoar os conhecimentos com as plantas medicinais que são encontradas na terra indígena Potiguara. “A natureza é elemento supremo sendo expressão da criação divina, onde as plantas fazem parte desse universo”, observou a enfermeira Silma e explicou que a Mescla, a Jurema e o Alecrim são consideradas ervas ‘sagradas’ pelo povo Potiguara, sendo, inclusive, usadas nos rituais do Toré e em pedidos de proteção.

Mais de quinze participantes estiveram no encontro, entre os quais sete enfermeiras e uma estudante de Enfermagem, que teve ainda outras apresentações, como o da enfermeira Cleonice Oliveira dos Santos, enfocando que o próprio governo brasileiro, valorizando a sabedoria popular, criou o Programa de Práticas Integrativas e Complementares para serem utilizadas pelo SUS e entre elas está a Fitoterapia que utiliza as plantas como base para a fabricação de remédios com eficácia comprovada cientificamente através de pesquisas. Na ocasião, ela explicou os efeitos da planta medicinal Cana-do-brejo, anti-inflamatório, indicado principalmente em casos de inflamação no trato urinário: rim, bexiga, uretra (nefrites, uretrites), e popularmente conhecido por apresentar efeitos depurativos e diuréticos.

Em outro momento, a enfermeira Elinalda Felipe da Silva abordou as indicações terapêuticas do Alecrim Pimenta, no combate a acne, aftas, caspa e piolhos, fungos, impingem, inflamação na boca e garganta, higiênico, reduzindo o cheiro dos pés e axilas, como o pano-branco e a sarna-infecciosa, e que os constituintes químicos lhe conferem forte ação antisséptica contra fungos e bactérias.

Testemunho

Solicitando uma intervenção, a indígena da aldeia Jaraguá, Maria das Mercês Lima, a Dona Lenita como é reconhecida na comunidade, agradeceu a ajuda pelo tratamento que recebeu na cura de um problema em seu joelho. “Graças a Deus estou boa, fiquei sem andar, mas a planta me curou, sem precisar de cirurgia”, testemunhou emocionada, acompanhada da neta Maria Fernanda, de 10 anos. A presença da criança, ela disse que é mais um incentivo para aprender os valores de seu povo.

Ao final do encontro, a professora Salete deu uma aula prática produzindo uma alcoolatura com associação das plantas medicinais: Alecrim Pimenta, Rabo de Raposa e Nim, de ação antimiótica e antiinflamatória, tendo como veículo aguardente de cana, indicado para o uso de sarnas, frieira, axilas, chulé e higienização íntima para homem e mulher. [por Comunicação DSEI Potiguara/Sesai-PB/MS]

Postado por AssessoRN - Jornalista Bosco Araújo

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