As preparações que utilizavam Atropa beladona são conhecidas e utilizadas há muito tempo. Há citações de seu uso pelos antigos hindus e médicos do império romano e idade média. Este arbusto foi denominado Atropa beladona por Carl von Linné e era utilizado para provocar intoxicações mal definidas e geralmente prolongadas. O nome do gênero é uma referência à Atropos (personagem da mitologia grega) que era inflexível e responsável por cortar a corda ou o fio da vida. Essa denominação é dada pelos efeitos mortais quando ocorre o consumo de quantidades moderadas desta planta. As mênades (personagens da mitologia grega) "com seus olhos de fogo" se entregavam aos adoradores do deus Dionísio/Baco, nas orgias, para depois despedaçá-los e comê-los. Acredita-se que o sumo de beladona era adicionado ao vinho dos bacanais. Estes alcaloides possuem efeitos psicoativos alucinógenos, caracterizados por um estado de embriaguez, seguido de um sono profundo acompanhado de amnésia. Causam delírios e, ao que parece, a sensação de levitação, fato que explica as viagens fantasiosas das supostas bruxas. A referência beladona (belas senhoras) é dada a prática comum entre as mulheres italianas da Idade Média que pingavam nos olhos o sumo espremido dos frutos da planta provocando a dilatação das pupilas. Nesta época ter pupilas dilatadas e brilhosas era sinônimo de beleza. O principal componente do sumo dos frutos da Atropa beladona é a atropina. Este alcaloide é a base de colírios usados em tratamentos oftalmológicos para causar midríase.
Martinez et al. Alucinógenos naturais: um voo da Europa Medieval ao Brasil. Quím. Nova 32: 2501-2507, 2009.
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