quinta-feira, 12 de maio de 2016

Açaí, artigo de Roberto Naime

Figura 1. Cachos de açaí. Foto: José Edmar Urano de Carvalho / Embrapa

[EcoDebate] Açaí” e “uaçaí” são oriundos do tupi “yasa’i”, “fruta que chora”, numa alusão ao sumo desprendido pelo seu fruto. “Juçara” provém do tupi “yu’sara”. “Palmiteiro” e “palmito” são alusões ao seu uso na alimentação humana sob a forma de palmito.

Espécie nativa da várzea da região amazônica, nos seguintes países, Venezuela, Colômbia, Equador, Guianas A Festa da Juçara do Maranhão refere-se ao açaí.

O açaí é um alimento muito importante na dieta dos nortistas do Brasil, onde seu consumo remonta aos tempos pré-colombianos. Hoje em dia, é cultivado não só na Região Amazônica, mas em diversos outros estados brasileiros, sendo introduzido no resto do mercado nacional durante os anos 80 e 90.

O estado do Pará e Amazonas, no Brasil, são os maiores produtores da fruta, sendo juntos, responsáveis por mais de 85% da produção mundial. O açaí é considerado, por muitos, uma iguaria exótica, sendo apreciada em várias regiões do Brasil e do mundo.

O açaizeiro é semelhante à palmeira-juçara da Mata Atlântica, diferenciando-se porque cada planta de juçara tem somente um caule mas os açaís crescem em touceiras de 4 a 8 estipes (troncos de palmeira), altos e possantes.

O açaí é muito consumido como suco ou pirão e o gomo terminal constitui o palmito. Assim, pode ser consumido na forma de bebidas funcionais, doces, geleias e sorvetes. O fruto é colhido por trabalhadores que sobem nas palmeiras com auxílio de um trançado de folhas amarrado aos pés, a peconha.

Para ser consumido, o açaí deve ser primeiramente despolpado em máquina própria ou amassado manualmente, depois de ficar de molho na água, para que a polpa se solte e, misturada com água, se transforme em um suco grosso também conhecido como vinho do açaí.


Figura 2. Paneiro contendo frutos de açaí. Foto: José Edmar Urano de Carvalho / Embrapa

Na Amazônia, o açaí é consumido tradicionalmente junto com farinha de mandioca ou tapioca geralmente gelado. Há quem prefira fazer um pirão com farinha e comer junto com peixe assado ou camarão, ou mesmo os que preferem o suco com açúcar.

Além do uso de seus frutos como alimento ou bebida, o açaizeiro tem outros usos comerciais. As folhas podem ser feitas em chapéus, esteiras, cestos, vassouras de palha e telhado para casas, e madeira do tronco, resistentes a pragas, para construção civil.

Os troncos da árvore podem ser processados para produzir minerais. O palmito é amplamente explorado como uma iguaria. O óleo de açaí também possui diversas propriedades químicas que causam efeitos benéficos no corpo humano. As sementes limpas são muito utilizadas para o artesanato.

Nas demais regiões do Brasil, o açaí é preparado da polpa congelada batida com xarope de guaraná, gerando uma pasta parecida com um sorvete, ocasionalmente adicionando frutas e cereais.

Conhecido como açaí na tigela, é um alimento muito apreciado, com propriedades estimulantes presentes no fruto são semelhantes às encontradas no café ou em bebidas energéticas. O açaí também ajuda na eliminação de resíduos do corpo, garantindo saúde.

O açaí é de grande importância para a sua região de cultivo em virtude de sua utilização constante por grande parte da população, principalmente os ribeirinhos.

Nas condições atuais de produção e comercialização, a obtenção de dados exatos é quase impossível, devido à falta de controle nas vendas, bem como à inexistência de uma produção racionalizada, uma vez que a matéria-prima consumida se apoia pura e simplesmente no extrativismo e comercialização direta.

Nos estados do Amazonas e Pará, principais produtores, o consumo de açaí, em litros, chega a ser o dobro do consumo de leite.

A mistura com água e outros ingredientes, promovida fora da Região Norte do Brasil, reduzindo a participação efetiva de açaí na mistura, é devido ao alto custo que seria exportar açaí do Norte, para outras regiões do país.

Para se tornar economicamente viável, comerciantes passaram a misturar o açaí original, adquirido a alto custo, com outros elementos de menor valor econômico, viabilizando a venda. O detalhe é que isso gerou uma distorção na concepção de consumo da fruta: muitos brasileiros não sabem que o fruto é nativo do Norte ou que é consumido puro.

Na Região Norte, tanto humildes ribeirinhos (moradores tradicionais das margens dos rios) como as classes economicamente mais favorecidas dos grandes centros urbanos consomem açaí sem os artifícios comumente empregados em outras regiões do país.

O óleo de açaí tem uma coloração verde-escura, de odor pouco agradável logo após sua extração e possui um sabor que lembra o da bacaba. Quando o óleo passa pelo processo de refinação, torna-se de sabor e odor agradáveis como os de bacaba e patauá.

O óleo do açaí é bastante usado tanto para fins culinários quanto para o uso cosmético. Enquanto condimento alimentício é bastante usado para temperar saladas.

Seu uso cosmético é empregado para a produção de shampoos e cremes capilares, além de sabonetes e cremes hidratantes para o corpo. Possui alta concentração de antioxidante, sendo rico em ácidos graxos essenciais.


Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Celebração da vida [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

in EcoDebate, 11/05/2016
"Açaí, artigo de Roberto Naime," in Portal EcoDebate, ISSN 2446-9394, 11/05/2016,https://www.ecodebate.com.br/2016/05/11/acai-artigo-de-roberto-naime/.

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