terça-feira, 26 de julho de 2016

Mamona: ricina

Texto: 
Texto: Meire Souza Pereira - acadêmica Agronomia - Faculdade Integral Cantareira

Acredito que muito de nós em nossa infância tivemos brincadeiras com a mamona, como, por exemplo, a guerrinha de mamona e grudar os frutos nos cabelos das meninas. Seu fruto "espinhoso" chamava a atenção das crianças e a mamona, cujo nome científico é Ricinus communis, era encontrada facilmente em todo o território brasileiro, fatos que estimulavam ou facilitavam o seu uso lúdico. 
Mamona

Porém não imaginávamos que nos divertíamos com algo tão perigoso e letal, pois a mamona produz a ricina, uma proteína presente no endosperma da planta (HOFFMAN et al., 2007). Esta substância é uma glicoproteína composta de duas cadeias polipeptídicas A e B ligadas por ponte de dissulfeto, e a sua ação leva a inibição irreversível da síntese proteica e eventual morte celular ( CETOX, 2006).

Por ser quimicamente estável, ela pode ser armazenada, sem refrigeração, por longo período de tempo e com pouca perda de atividade, tornando-se prontamente disponível para uso como arma biológica (CETOX, 2006). A ricina é facilmente extraída com elevado grau de pureza, a baixo custo e sem muito conhecimento técnico para este fim. É liberada da semente quando as suas cascas são rompidas por mastigação ou trituração (CETOX, 2006). 

Após a extração do óleo, a ricina fica concentrada na torta, tornando-se inviável para alimentação animal (HOFFMAN et al., 2007). No entanto, a destoxificação é obtida por tratamento térmico e químico, porém, de acordo com Medeiros (2007), nenhuma forma é rentável e segura fora do laboratório, o que inviabiliza o uso como alimento. 

No Brasil, na década de 60 do século passado, a empresa SANBRA teve o processo de produção suspenso, pela dificuldade no controle da eficiência de destoxificação, que ocasionava a liberação de lotes tóxicos, os quais poderiam causar alergias e levar à morte de animais (HOFFMAN et al. , 2007).

Referências 

CETOX- Centro de Estudos Toxicológico. Ricina,a toxina da mamona. Universidade Federal do Ceara, Boletim 6, 2006. Disponível em: http://www.cetox.ufc.br/boletins/arquivos%20boletins/Boletim%2006%20Ricina.pdf

HOFFMAN,L.V.; DANTAS,A.C.A.; MEDEIROS,E.P.; SOARES,L.S. Ricina: Um Impasse para Utilização da Torta de Mamona e suas Aplicações. Embrapa, Campina Grande,2007. Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/263600/1/DOC174.pdf

MEDEIROS, E.P. Óleo de Mamona. Agência Embrapa de Informação e Tecnológica. Brasília, 2007. Disponível em: http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/mamona/arvore/CONT000gzv4dnas02wx7ha07d33641bgedc3.html

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