terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Pancs – A revolução alimentar - do site astrolabio.org.br

LINK DO TEXTO: 

Alimentação alternativa e investigativa, saiba sobre as plantas alimentícias não convencionais, o projeto Ka'a-eté e as Pancs do Tear

por Milena Vilma e Bruna

astrolábio nº 21 ano II set. 2017
Alimentação e nutrição são processos essenciais na manutenção da vida dos seres vivos no planeta e ocorrem de forma bastante complexa e interligada entre múltiplos agentes e relações no cotidiano. Essa reflexão é importante, tendo e vista a estada dos seres humanos neste solo e suas diversas intervenções no meio ambiente. Atualmente, vivemos em uma sociedade bastante conturbada e cheia de práticas nocivas ao nosso lugar comum, Terra.
Entre os impasses societários existentes hoje quando pensamos na cadeia de produção de alimentos, especialmente no Brasil, destacam-se importantes problemas a serem transpostos: o crescente aumento de doenças crônicas não transmissíveis e cânceres na população; o abusivo uso de agrotóxicos em monoculturas na agricultura nacional; o constante desperdício de alimento, que começa na colheita e termina nas residencias; o fenômeno da fome que ainda está presente nos nossos dias. O desafios são muitos e estão postos para aqueles que estão atentos a esses movimentos e possuem em si motivação para enfrentá-los.
É com este plano de fundo que nasce o projeto Ka’a-eté, uma base de conhecimento livre sobre plantas alimentícias não convencionais que incentive e resgate da cultura de consumo desses alimentos como uma estratégia para o combate a fome por meio de uma rede da conexão entre produtores e consumidores numa dinâmica de economia social e criativa.

Ka’a-eté é uma palavra tupi guarani que significa Mata Importante, Ka’a representa Mata e Eté representa Importante. O motivo de se trabalhar com nessa temática deriva das potencialidades ambientais, sociais e econômicas do consumo e manejo das Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC). Sabe-se que 60% do quadro alimentar atual da população mundial é composta por poucas variedades vegetais, especialmente de arroz, trigo e milho, sendo que estimativas trazem a informação da existência de mais de 26 mil espécies com potencial alimentício. As PANC são centro de estudos de muitos pesquisadores desde a década de 80 a nível internacional, no Brasil, as pesquisas de Valdely Kinupp na primeira década dos anos 2000 tem sido um marco teórico para diversas ações. O consumo dessas plantas nos possibilita uma nova experiência alimentar, mais saudável, sustentável e solidária.
A ideia do Ka’a-etê é agregar essa vivência ao mundo técnológico por meio de um aplicativo é a proposta dessa iniciativa.O projeto é integrado por seis pessoas implicadas com os temas de agroecologia, segurança alimentar e nutricional, tecnologia e economia criativa. Uma convergência da vida que tem agregado seus conhecimentos e vivências para o desenvolvimento deste trabalho. Cinco destes integrantes estão participando de um desafio mundial de empreendedorismo na temática de combate à fome chamado Thought For Food (TFF Challenge) que te como questão norteadora “Como alimentar 9 bilhões de pessoas até 2050?”. Inicialmente como uma plataforma de mapeamento e reconhecimento das plantas em Porto Alegre e Região Metropolitana de forma colaborativa com usuários cadastrados, em um segundo momento, ampliando-se para um marketplace ao unir produtores e consumidores, formando assim uma rede viva entre plantas e pessoas, produção e consumo, coleta e plantio. Gerando uma economia social, ambiental e criativa, ou seja, uma “Economia Viva”.
Hoje, a equipe movimenta-se por duas temáticas principais, tecnologia e as PANC. Relsi Maron, Rosana Waszak e Vagner Ribas estão a frente das atividades de desenvolvimento e programação do aplicativo; enquanto, Milena Ventre, Igor Symanski e Bruna de Oliveira conduzem as tarefas relacionadas as plantas, desde-se produção de conteúdo sobre manejo e cultivo, usos e preparações culinárias e potencialidades nutricionais a dicas para reconhecimento das estruturas delas. Pensamos que a fome não está reduzida a falta de alimentos, mas sim, está também relacionada a falta de reconhecimento destes. Falta de reconhecimento a mãe natureza que sempre alimentou todos seus filhos de forma saudável, equilibrada e justa. Podemos construir juntos outra proposta alimentar.

Faça parte dessa rede que se propõe a repensar a comida no mundo. Acesse também o site do projeto. Ele está em construção mas você pode se cadastrar e receber notícias atualizadas do projeto.
O Tear também cultiva algumas Pancs, quem é leitor assíduo do Diário do Quintal lembra-se dos posts que fizemos sobre algumas pancs que existem em nossa horta.

Para refrescar a memória, falamos da Chaya, um espinafre maia que brota facilmente e chegou ao Rio pelo intermédio de Luiz Poeta, as flores beldroega e verdolaga, que inspiraram os codinomes de nossos jardineiros, e a emilia aquela plantinha vermelinha que parece um matinho e é ótima de comer com arroz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário