quarta-feira, 30 de maio de 2012

Fatores que afetam os teores de princípios ativos II

Aposematismo

Alguns insetos podem indicar o potencial tóxico de algumas plantas?

Entre os fenômenos relacionados à co-evolução inseto-planta, há um muito interessante e que, somente após séculos, se estabeleceu entre ambos, com resultado positivo para o inseto.

Para começar a explicar essa relação, imagine duas situações de perigo para o inseto: uma em que ele tem que enfrentar um poderoso predador, como, por exemplo, um pássaro; outra, em que irá consumir uma planta com substâncias tóxicas, a qual não recebe a visita de predador.

No começo da relação entre o inseto, seu predador e a planta tóxica (tanto para o inseto quanto para o predador), deve ter ocorrido o seguinte: todos os insetos atacados pelo predador não sobreviveram, e parte dos que consumiram a planta, por resistirem fisiologicamente à substância da planta tóxica, sobreviveram.

Como os sobreviventes cruzaram entre si, foi gerando descendentes mais resistentes às substâncias tóxicas da planta e, consequentemente, protegidos do predador. Esta forma de o inseto ficar entre plantas tóxicas é denominada aposematismo, fenômeno que pode ter definições mais abrangentes, como será citado, nos parágrafos a seguir.

Um definição mais completa de aposematismo é a seguinte: relação onde plantas e animais não-palatáveis, tóxicos ou venenosos, com o objetivo de sobrevivência da presa, e que serve de alerta ao seu predador sobre a sua condição. Um exemplo são as cobras corais não tóxicas, que ficam com aparência de coral venenosa. A esse processo denominamos coloração aposemática.

Sobre o aposematismo, não é só a coloração, mas pode ser qualquer atributo que adverte possíveis predadores do gosto ou odor desagradável de uma presa. Com isto, o predador também pode não atacar um inseto (presa), por ele estar em uma planta tóxica.

Qual a importância dessa informação para a fitoterapia?

Muitos dos vegetais são tóxicos porque possuem alcaloides. Quando há muitos insetos em uma planta, quase sempre coloridos, é um bom indício de que há presença destas substâncias na planta. Estas substâncias podem estar sendo produzidas em maior quantidade como defesa contra os mesmos ou porque os insetos procuram a planta, devido aos alcaloides. Por essa razão, estarão protegidos do predador.

Fotos:
Foto 1
Foto 2
As larvas da borboleta Placidula euryanassa (foto 1), visando sua proteção contra predadores, sequestram alcaloides tropânicos da solanácea Brugmansia suaveolens (foto 2).

Fonte das fotos:
foto 2 – Wikipedia.org 

Texto: Marcos Roberto Furlan

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