As denominações são diversas: amburana, amburana-de-cheiro,
cerejeira, cerejeira-rajada, cumaru-do-ceará, cumarú-das-caatingas,
cumarú-de-cheiro, umburana, umburana-de-cheiro e imburana. Da mesma forma que a
distribuição espacial: sertão do Brasil, América do Sul (do Peru à Argentina),
e especialmente no sudoeste da Floresta Amazônica. Por todo canto, porém, a
ameaça de extinção.
Neste vasto território, o potencial terapêutico e madeireiro
expõem as plantas nativas a um extrativismo tão intensivo ao longo de vários
anos, que uma das suas espécies, a Amburana cearensis, corre risco de ser
extinta, de acordo comlevantamento feito pela União Internacional para a
Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais - IUCN. O perigo alcança outra
espécie do mesmo gênero, a A. acreana. Dessa vez o alerta é do Ministério do
Meio Ambiente.
Conservação – No Laboratório de Biotecnologia da EmbrapaSemiárido,
a pesquisadora Ana Valéria Vieira de Souza está engajada em uma estratégia de
estudos para otimizar protocolos de produção de mudas da Amburana cearensis,
conhecer as interações das plantas com o ambiente e conservar a
diversidade genética da espécie. O passo seguinte será mapear oscompostos
químicos de valor medicinal, presentes nas sementes e cascas do caule a partir
de plantas ocorrentes em diferentes localidades do sertão nordestino.
“A umburana-de-cheiro ou cumaru é uma espécie que representa
o potencial de exploração econômica e a riqueza da vegetação nativa do
semiárido brasileiro”, explica Ana Valéria. Compostos que existem nas sementes e casca da umburana -como
a cumarina, o isocampferídio e o amburosídio A - possuem efeitos
antiinflamatório, antioxidante e broncodilatador e são indicados como
princípios ativos da planta. A madeira, de reconhecida durabilidade, é utilizada
na fabricação de móveis, portas, janelas e caixotarias.
Um dos primeiros resultados dos trabalhos da pesquisadora é
a instalação, há cerca de 1 ano, de um Banco Ativo de Germoplasma (BAG) para a
conservação da espécie. Até o momento, 62 plantas obtidas a partir de sementes
coletadas em 12 diferentes populações encontradas em seis municípios de
Pernambuco e Bahia, estão sendo cultivadas em uma área de 0,5 ha.
A expectativa da pesquisadora é a ampliação da área de
coleta e, consequentemente do número de acessos conservados. Isso é básico se
queremos conservar a espécie, afirma Ana Valéria.
Mudas – Em outra parte do trabalho, a pesquisadora da Embrapa investiga como
obter melhores resultados com a produção de mudas por meio da técnica
de cultura de tecidos. Atualmente, este método em uso nas instituições de
pesquisa e ensino consegue, a partir de um pequeno tecido da planta cultivada
em laboratório produzir outras duas ou três plantas. Ana Valéria quer alcançar
5 ou 6 mudas.
As pesquisas em andamento na Embrapa num primeiro
momento procuram atender a urgente necessidade de conter a erosão genética
dessa espécie devido à coleta extrativista e exploração inadequada. Contudo,
elas deverão gerar, um conjunto de informações e tecnologias que deem
sustentação ao emprego da umburana em programas de fitoterapia, bem como
atender demandas futuras por parte da indústria farmacêutica com interesse
na produção de medicamentos a partir de espécies nativas.
Contatos:
Ana Valéria Vieira de Souza – Pesquisadora;
ana.valeria@cpatsa.embrapa.br
Fernanda Birolo - Jornalista (MTb/AC 81)
fernanda.birolo@cpatsa.embrapa.br
Marcelino Ribeiro - Jornalista (MTb/BA 1127)
marcelrn@cpatsa.embrapa.br
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