sábado, 2 de junho de 2012

Umburana ou cumaru: Embrapa estuda técnica para conter ameaça de extinção

Fernanda Birolo

As denominações são diversas: amburana, amburana-de-cheiro, cerejeira, cerejeira-rajada, cumaru-do-ceará, cumarú-das-caatingas, cumarú-de-cheiro, umburana, umburana-de-cheiro e imburana. Da mesma forma que a distribuição espacial: sertão do Brasil, América do Sul (do Peru à Argentina), e especialmente no sudoeste da Floresta Amazônica. Por todo canto, porém, a ameaça de extinção.

Neste vasto território, o potencial terapêutico e madeireiro expõem as plantas nativas a um extrativismo tão intensivo ao longo de vários anos, que uma das suas espécies, a Amburana cearensis, corre risco de ser extinta, de acordo comlevantamento feito pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais - IUCN. O perigo alcança outra espécie do mesmo gênero, a A. acreana. Dessa vez o alerta é do Ministério do Meio Ambiente.

Conservação – No Laboratório de Biotecnologia da EmbrapaSemiárido, a pesquisadora Ana Valéria Vieira de Souza está engajada em uma estratégia de estudos para otimizar protocolos de produção de mudas da Amburana cearensis, conhecer as interações das plantas com o ambiente e conservar a diversidade genética da espécie. O passo seguinte será mapear oscompostos químicos de valor medicinal, presentes nas sementes e cascas do caule a partir de plantas ocorrentes em diferentes localidades do sertão nordestino.

“A umburana-de-cheiro ou cumaru é uma espécie que representa o potencial de exploração econômica e a riqueza da vegetação nativa do semiárido brasileiro”, explica Ana Valéria. Compostos que existem nas sementes e casca da umburana -como a cumarina, o isocampferídio e o amburosídio A - possuem efeitos antiinflamatório, antioxidante e broncodilatador e são indicados como princípios ativos da planta. A madeira, de reconhecida durabilidade, é utilizada na fabricação de móveis, portas, janelas e caixotarias.

Um dos primeiros resultados dos trabalhos da pesquisadora é a instalação, há cerca de 1 ano, de um Banco Ativo de Germoplasma (BAG) para a conservação da espécie. Até o momento, 62 plantas obtidas a partir de sementes coletadas em 12 diferentes populações encontradas em seis municípios de Pernambuco e Bahia, estão sendo cultivadas em uma área de 0,5 ha. 

A expectativa da pesquisadora é a ampliação da área de coleta e, consequentemente do número de acessos conservados. Isso é básico se queremos conservar a espécie, afirma Ana Valéria.  

Mudas – Em outra parte do trabalho, a pesquisadora da Embrapa investiga como obter melhores resultados com a produção de mudas por meio da técnica de cultura de tecidos. Atualmente, este método em uso nas instituições de pesquisa e ensino consegue, a partir de um pequeno tecido da planta cultivada em laboratório produzir outras duas ou três plantas. Ana Valéria quer alcançar 5 ou 6 mudas.

As pesquisas em andamento na Embrapa num primeiro momento procuram atender a urgente necessidade de conter a erosão genética dessa espécie devido à coleta extrativista e exploração inadequada. Contudo, elas deverão gerar, um conjunto de informações e tecnologias que deem sustentação ao emprego da umburana em programas de fitoterapia, bem como atender demandas futuras por parte da indústria farmacêutica com interesse na produção de medicamentos a partir de espécies nativas.


Contatos:
Ana Valéria Vieira de Souza – Pesquisadora;
ana.valeria@cpatsa.embrapa.br

Fernanda Birolo - Jornalista (MTb/AC 81)
fernanda.birolo@cpatsa.embrapa.br

Marcelino Ribeiro - Jornalista (MTb/BA 1127)
marcelrn@cpatsa.embrapa.br

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