O mercado dos orgânicos
cresce perto de 20% ao ano no Brasil. Por isso, a Rio de Una, que já trabalha
no sul do país há 15 anos, decidiu produzir no nordeste também. Para isso, teve
que encontrar agricultores da região dispostos a enfrentar esse desafio.
Robson Alves, dono de um
sítio de 12 hectares em Lagoa Seca, no sertão da Paraíba, foi o primeiro a
abrir as porteiras para o novo negócio. Ele já trabalhava no sistema
agroecológico desde 1998, sem usar venenos nem adubo industrializado. A
variedade de produtos é grande: tem feijão, mandioca, milho e batata, que é a
principal cultura. Só que ele não tinha a certificação para vender os produtos
como orgânicos e a empresa pagou pela certificação.
A batata é uma cultura
famosa por usar muito agrotóxico, mas já existem técnicas e produtos
alternativos que permitem controlar pragas e doenças sem usar veneno. A calda
bordalesa é um fungicida pouco tóxico feito com a mistura de cal virgem com
sulfato de cobre. No mesmo pulverizador, ele acrescenta um produto regional, o
álcool com castanha de caju. Na mistura ainda vai um biofertilizante feito ali
na propriedade. Depois de fermentar por 35 dias, a mistura está pronta pra ser
usada.
A produtividade varia de 8 a
10 toneladas de batata por hectare. É pouco, se comparado com as lavouras
convencionais, mas o produtor está satisfeito.
Na produção de verduras e legumes, a tecnologia existente para a agricultura orgânica já garante produtividade bem semelhante à dos cultivos convencionais. Mesmo no sertão.
Na produção de verduras e legumes, a tecnologia existente para a agricultura orgânica já garante produtividade bem semelhante à dos cultivos convencionais. Mesmo no sertão.
No assentamento primeiro de
maio, no município de Teixeira, a família da Silvania Lima já trabalha com
horta há mais de 15 anos. No começo, a horta era tocada de forma convencional.
A mudança pro orgânico aconteceu há cinco anos.
O lote da Silvania tem nove hectares. A horta ocupa mais ou menos dois e a especialidade é a produção de cenoura. Para garantir a qualidade, foi preciso encontrar uma maneira natural de controlar o nematoide, um verme de solo que não é visível a olho nu e estraga a aparência da cenoura.
O lote da Silvania tem nove hectares. A horta ocupa mais ou menos dois e a especialidade é a produção de cenoura. Para garantir a qualidade, foi preciso encontrar uma maneira natural de controlar o nematoide, um verme de solo que não é visível a olho nu e estraga a aparência da cenoura.
A solução foi o plantio da
crotalária, uma leguminosa que atrai o verme e também serve como adubo verde,
porque retira nitrogênio do ar e transfere pro solo.
Em outro assentamento, que fica no perímetro irrigado de Souza, quase na divisa com os estados do Ceará e Rio Grande do Norte, vive o técnico agrícola Antônio Andrade. “Estamos produzindo berinjela, pimentão e tomate”, diz. A propriedade tem cinco hectares.
Em outro assentamento, que fica no perímetro irrigado de Souza, quase na divisa com os estados do Ceará e Rio Grande do Norte, vive o técnico agrícola Antônio Andrade. “Estamos produzindo berinjela, pimentão e tomate”, diz. A propriedade tem cinco hectares.
Num outro lote perto, vive a
família do Edinaldo Nascimento. Dos cinco hectares da propriedade, pouco mais
de meio está ocupado com o cultivo de hortaliças. O restante da área está
ocupado com uma nova atividade: o plantio de fruteiras, com goiaba, coco e,
futuramente, maracujá. As goiabeiras são cultivadas em consórcio com as
hortaliças, para aproveitar as adubações.
Ele recebe assistência do
próprio filho, Manuel, técnico agrícola que trabalha para a empresa e atende os
produtores da região. “Doença é pouco. O que mais afeta é o pulgão, que atrasa
a planta e transmite virose”, diz Manuel. Para controlar o pulgão e outras
pragas se usa produtos biológicos.
A parceria com a empresa
aliou tecnologia ao conhecimento que os agricultores foram acumulando ao longo
da vida. Enquanto desenvolve mercado e busca a melhor maneira de produzir no
sertão, a empresa vem ajudando os agricultores a bancar a adoção das novas
tecnologias.
Esse modelo produtivo ainda
tem muito o que caminhar, mas já está mais do que provado que ele melhora a
qualidade de vida das pessoas e do meio ambiente.
Data: 08.07.2012
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