O IPCC concluiu que mais de 90% do calor gerado pelos gases de efeito estufa na atmosfera têm sido absorvido pelos oceanos. Figura Fonte: Nuccitelli et al, 2012 / WRI
O Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), que conta com apoio da ONU, afirmou que a temperatura da superfície global pode exceder 1,5°C no final do século 21 em um cenário mais brando. Em cenários mais preocupantes, poderá exceder em 2°C, superando o limite considerado seguro pelos especialistas.
Os dados são do relatório do IPCC intitulado “Mudança Climática 2013: a Base das Ciências Físicas” e lançado nesta sexta-feira (27) em Estocolmo, na Suécia.
“As ondas de calor são muito prováveis de ocorrer com mais frequência e durar mais tempo. À medida que a Terra se aquece, esperamos ver regiões úmidas receberem mais chuvas e regiões secas receberem menos, apesar de exceções”, disse o copresidente do grupo de trabalho responsável pelo documento, Thomas Stocker.
De acordo com o documento, há mais de 95% de certeza de que a ação humana causou mais da metade da elevação média da temperatura entre 1951 e 2010. Neste período, o nível dos oceanos aumentou 19 centímetros.
Foram realizadas quatro projeções considerando situações diferentes de emissões de gases-estufa. Em todas, há aumento de temperatura. As mais brandas ficam entre 0,3 ºC e 1,7 ºC. No cenário mais pessimista, o aquecimento ficaria entre 2,6 ºC e 4,8 ºC.
O aquecimento dos oceanos domina o aumento da energia armazenada no sistema climático, representando mais de 90% da energia acumulada entre 1971 e 2010. Os mares vão continuar a se aquecer durante o século 21, e o calor vai penetrar da superfície até as profundezas afetando a circulação oceânica.
O nível médio do mar vai continuar a subir durante este século. Sob todos os cenários a taxa de aumento do nível dos oceanos vai exceder a observada durante o período de 1971 a 2010, devido ao aumento do aquecimento dos oceanos e o aumento da perda de massa das geleiras e camadas de gelo. Até 2100, o nível deve aumentar de 45 a 82 centímetros, no pior cenário, e de 26 a 55 centímetros, no melhor.
O relatório também afirmou que as concentrações de dióxido de carbono (CO2), metano e óxido nitroso na atmosfera aumentaram em registros sem precedentes nos últimos 800 mil anos.
Concentrações de CO2 têm aumentado em 40% desde os tempos pré-industriais, principalmente pelas emissões de combustíveis fósseis e, secundariamente, pelas emissões referentes à mudança do uso da terra.
O oceano tem absorvido cerca de 30% do dióxido de carbono antropogênico emitido, causando a acidificação dos mares e afetando a vida nesse ambiente.
A versão final do relatório do Grupo de Trabalho – versão distribuída aos governos em 7 de junho de 2013 –, incluindo o Resumo Técnico, 14 capítulos e um Atlas com projeções climáticas globais e regionais, será lançado em formato não editado na segunda-feira (30).
Após a edição de texto, verificações finais de erros e ajustes para mudanças no Sumário para Formuladores de Políticas, o relatório completo do Grupo de Trabalho será publicado online em janeiro de 2014 e em forma de livro pela Universidade de Cambridge, alguns meses depois.
Informe da ONU Brasil, publicado pelo EcoDebate, 02/10/2013
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