Por Julino Soares
Muitos medicamentos podem apresentar efeitos indesejados (reações adversas) que podem causar diversos danos à saúde, inclusive levar à morte. Os medicamentos que agem no sistema nervoso central, chamados de psicofármacos, merecem atenção especial, pois alguns podem causar dependência. Alguns exemplos de psicofármacos são a fluoxetina, diazepam e o lítio. Também existem muitas plantas com ação no sistema nervo central, por ex., Coffea arabica (café) e Hypericum perforatum (hipérico); inclusive, ambas com grande potencial de interação medicamentosa com psicofármacos. Para maiores informações sobre farmacovigilância de plantas acessem o Boletim Planfavi do CEBRID.
Infelizmente, muitos efeitos indesejados serão conhecidos apenas quando o medicamento já está sendo comercializado, como exemplo o famoso caso da Talidomida®, lançado no mercado em 1957 e usada como sedativo e alívio das náuseas por gestantes. Este medicamento foi responsável por milhares de casos graves de deformidades (focomelia – aparência de foca) em crianças recém-nascidas; foi retirado do mercado apenas em 1961. Por isso que é importante a atuação rígida dos sistemas de vigilância de medicamentos ou farmacovigilância. Os profissionais da saúde e mesmo o paciente devem informar, via notificação, os sistemas de farmacovigilância (ANVISA) sobre qualquer suspeita de reação adversa. Posteriormente, essa informação será disponibilizada para os profissionais.
Em 1998 o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID) desenvolveu, em colaboração com colegas de diversos Estados, o PSIFAVI (Sistema de Psicofarmacovigilância), para notificar suspeitas de reações adversas a psicofármacos. Além disso, também são distribuídos boletins informativos para os profissionais da saúde.
Os boletins são uma forma de contribuir com a necessária atualização profissional sobre reações adversas a psicofármacos, possibilitando ajustes na prescrição e detecção de problemas. Sua principal vantagem é o fácil acesso e o grande volume de informações curtas e de fácil entendimento, permitindo rápida leitura, mas com assuntos de grande relevância.
O Boletim Psifavi possui uma breve descrição de alertas de reações adversas emitidas por agências sanitárias e outras instituições de saúde, publicações científicas, análise crítica de notícias veiculadas pela mídia e divulgação de alguns cursos e eventos na área. Todos os dados são apresentados com as respectivas referências bibliográficas para que o leitor possa acessar o trabalho citado.
A supervisão geral do boletim é feita pelo Prof. Dr. Elisaldo Carlini (MD) e a coordenação do boletim é feita por Julino Soares, mestre em Ciências pelo Departamento de Medicina Preventiva e doutorando pelo Departamento de Psicobiologia da UNIFESP. A revisão é feita por Joaquim Mauricio Duarte Almeida, e Marta Jezierski, psiquiatra, especializada em dependências de substâncias psicoativas.
Julino Soares é biólogo, doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo.
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