sábado, 14 de dezembro de 2013

Farmácia viva beneficia pecuaristas

Plantas medicinais são base para a produção de fitoterápicos que ajudam no tratamento de doenças e no controle de pragas para a criação de animais

Breno Fonseca
12/12/2013

Muitas vezes consideradas como pragas pelos agricultores, as plantas medicinais podem ser usadas como fitoterápicos na pecuária. Entre os benefícios das espécies com características antibióticas e antiinflamatórias, estão o controle das verminoses em bovinos e ovinos e a eliminação de carrapatos. Cultivadas em hortas domésticas ou comerciais, as plantas desinfetantes substituem os sintéticos desenvolvidos em laboratório, o que garante aos produtores uma nova atividade e a sanidade animal. 

De acordo com Mara Helena Saalfeld, assistente técnica do escritório regional de Pelotas (RS) da Emater, espécies medicinais como a carqueja, picão preto, eucalipto e marcela, símbolo do Estado do Rio Grande do Sul, tem seu poder de cura atestado desde cinco mil anos antes de Cristo e, até 1928, eram utilizadas na confecção de todos os medicamentos. É justamente esse resgate que a pesquisa da Emater pretende realizar. 

– Nós podemos citar alguns trabalhos com vermífugos para bovinos e ovinos que mostram que a folha de bananeira, a erva de santa maria e sementes de abóbora servem para o controle de verminoses. Durante a pré e pós ordenha, por exemplo, é possível deter a mamite a partir do eucalipto. Hoje, no trabalho que a Emater desenvolve com os agricultores familiares deixamos de indicar produtos comprados à base de iodo, passando a oferecer plantas nativas, que tem eficiência em alguns dos principais problemas da pecuária do Brasil – indica Mara Saalfeld. 

Outro objetivo do trabalho é não estimular o extrativismo. Segundo Mara, os agricultores devem ter suas próprias hortas, o que pode tornar a atividade em complemento econômico. Ela destaca que as técnicas de manejo para o cultivo não são complicadas. Basta um solo fértil, rico em minerais e matéria orgânica, e irrigado. Além disso, o ideal é que os canteiros não sejam isolados. Afinal, as próprias espécies agem umas sobre as outras como inseticidas. Basta que sejam cultivadas sem riscos de contaminação por agrotóxicos ou qualquer substância química. 

– O próprio produtor pode fazer isso. Ele passa a ter seu canteiro, com as plantas que fazem efeito no sistema digestivo, renal, circulatório. Há a possibilidade de se vender gêneros medicinais para laboratórios que produzem medicamentos fitoterápicos. É um excelente resgate de uma cultura milenar, claro que sob prescrição médica. Quando um veterinário recomenda algo para combater uma doença, podemos substituir o remédio pelo fitoterápico natural – ressalta a assistente técnica da Emater. 

A composição de chás, pomadas, pulverizadores ou até mesmo a aplicação direta das ervas medicinais podem ser efetuadas pelos próprios pecuaristas. As vantagens do plantio também estão na proximidade entre espécies diferentes. A arruda, por exemplo, afasta insetos e pulgões, assim como o fumo aliado ao sabão. Já a água retirada da folha de bananeira controla verminoses em aves. Tudo para garantir a saúde animal e, consequentemente, a do consumidor. 

Para mais informações, basta entrar em contato com o escritório da Emater localizado em Pelotas pelo telefone (53) 3225-7700.
Reportagem exclusiva originalmente publicada em 06/01/2011

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