quarta-feira, 9 de abril de 2014

Reações adversas no Brasil: Piper methysticum – Kava Kava (artigo do Boletim PLANFAVI, n.29, jan/mar de 2014)

Segundo Balbino & Dias, o NOTIVISA, (banco de dados de reações adversas a medicamentos da ANVISA) já recebeu duas notificações de reações adversas graves, segundo a classificação CIOMS V, relacionadas ao uso da kava kava (Piper methysticum). Nos dois casos foi relatada hepatite fulminante seguida de óbito e descartou-se a possibilidade de hepatite viral e alcoólica. O artigo não cita se as pessoas utilizaram produtos regulares ou sem registro. 


Problemas sérios relacionados ao uso da kava kava ocorreram em diversas partes do mundo, levando a Organização Mundial da Saúde (OMS) a fazer uma avaliação do risco do uso da espécie e publicar o documento “Assessment of the risk of hepatotoxicity with kava products” em 2007. Em função disto, o uso de produtos a base de kava foi proibido ou restrito em diversos países, como na Inglaterra em 2003. 

Em todo o mundo, houve um posicionamento tanto a favor ou contra o uso da kava, porém, a OMS cita que a relação risco-benefício é positiva quando comparada a outros tratamentos para a ansiedade; por exemplo, o risco de reações graves hepáticas com a kava seria menor do que um caso em 50 milhões de dias de aplicação, enquanto com o diazepam seria um caso para 472 mil dias. 

No Brasil, foram publicados alertas de farmacovigilância em 2002 e 2003,e foram padronizadas diversas informações na bula de produtos obtidos de kava, inserindo cuidados específicos quanto ao uso do produto, como, por exemplo: o medicamento não pode ser utilizado por pacientes com problemas hepáticos pré-existentes, que façam a ingestão contínua de álcool, ou que estejam utilizando concomitantemente outros medicamentos hepatotóxicos. Também não pode ser utilizado por menores de 12 anos; o produto só pode ser usado por no máximo dois meses, sendo indicado de 1-8 semanas de tratamento; e foram inseridas informações sobre possíveis reações adversas, contraindicações, interações medicamentosa, incluindo superdosagem, de modo que novos casos não voltaram a ser notificados. 

Assim, com base nas informações disponíveis atualmente, o mecanismo de toxicidade continua a ser desconhecido e não existem indicadores claros de toxicidade, tornando o aparecimento de danos imprevisível. Além disso, nenhum fator de risco específico foi identificado, permitindo o uso seguro de kava-kava sob condições restritas, como a limitação da duração do tratamento ou a sua utilização em grupos específicos de pacientes. 

Resumindo as orientações da OMS, produtos contendo kavalactonas podem raramente causar reações adversas devido a interações entre kava e outros medicamentos, uso excessivo de álcool, reações idiossincráticas metabólicas ou imunes, uso de doses excessivas ou doença hepática pré-existente. Assim, desde que sejam tomados cuidados como a divulgação de informações sobre o uso do produto sob essas condições e que sejam tomadas ações de farmacovigilância, produtos a base de kava podem continuar sendo utilizados. 

ANVISA, Bula padrão de medicamentos fitoterápicos. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br. Acesso em 02/03/2014. 

BALBINO & DIAS. 2010. Farmacovigilância: um passo em direção ao uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos. Braz. J. Pharmacogn. 20: 992-1000. 

MHRA. Consultation document MLX 319: The Medicines for Human Use (Kava-kava) (Prohibition) Order 2002. 
Disponível em: http://www.mhra.gov.uk/home/groups/commsic/documents/websiteresources/con007682.pdf. Acessado em 13/03/2014.

Link:
http://planfavi-cebrid.webnode.com/news/boletim-29/

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