sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Proposta para avicultura é baseada em agricultura natural

Por Da Redação - agenusp@usp.br
Publicado em 18/setembro/2014

Raiza Tronquin, da Assessoria de Comunicação da Esalq
comunica-esalq@usp.br

Pesquisa do Programa Interunidades de Pós-graduação em Ecologia Aplicada (PPGI-EA) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, aponta que a agricultura não se presta apenas à produção de gêneros alimentícios, tampouco às matérias-primas industriais, mas permite aos agricultores a revalorização associada a outras formas de identidade profissional.

O trabalho realizado pelo veterinário Luiz Carlos Demattê Filho discutiu uma experiência inovadora de avicultura, embasada na filosofia da agricultura natural de Mokiti Okada, focado no reconhecimento e na propagação da ideia de um ambiente social, econômico e ecologicamente ativo e dinâmico. Demattê Filho selecionou 28 produtores integrados na produção de frangos e ovos alternativos da empresa Korin Agropecuária LTDA., situados a cerca de 70 quilômetros da unidade de produção da empresa, localizada em Ipeúna (interior de São Paulo).
Ideia é criar um ambiente social, econômico e ecologicamente ativo e dinâmico

Todos os produtores de frangos e ovos que, em 2013, estavam integrados ou relacionados à empresa, foram entrevistados por dois colaboradores ligados ao Centro de Pesquisa da Fundação Mokiti Okada (CPMO). Durante as entrevistas, foram analisadas as atitudes e percepções em relação à agricultura natural, enquanto método de produção dotado de princípios e conceitos; a relação com a empresa coordenadora; opiniões sobre o nível de segurança alimentar atual das famílias dos entrevistados; ideias e perspectivas relacionadas ao meio ambiente em geral e de seus estabelecimentos, além do nível de aderência aos aspectos ambientais legais; e as questões sociais, enfatizando sua tendência ou não de permanência em meio rural, inclusive em relação às futuras gerações.

Por meio dessa triagem, foi possível constatar que elementos de reconhecimento da noção de multifuncionalidade na agricultura foram, de fato, incorporados pelos produtores. “Desta forma, os agricultores tornam-se importantes difusores de ideias condizentes com as noções de multifuncionalidade da agricultura”. De acordo com o estudioso, o trabalho permitiu considerar a propagação de um sistema de produção avícola diferenciado, em um território caracterizado como tradicionalmente relacionado a uma produção avícola convencional.

Diversidade das agriculturas

O sistema de produção avícola estudado é precursor na produção sem uso de antibióticos, promotores de crescimento, anticoccidianos e demais substâncias normalmente empregadas na produção animal, sobretudo de frangos e ovos. “São muitas as leituras possíveis com relação ao tipo de agricultura que teremos no futuro, mas seguramente vivemos um momento de reemergência de modelos agrícolas com revalorização da diversidade das agriculturas”, conclui.
O crescimento demasiado da população mundial tem mostrado influência direta na pressão sobre os sistemas de produção de alimentos.

Calcula-se que, até 2050, haverá um acréscimo populacional de mais de dois bilhões de pessoas, segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU). Em contrapartida, o número de pessoas que sofrem com o excesso de alimentos também está aumentando e refletindo nas estatísticas médicas mundiais em termos de doenças. A pesquisa investigou-se em que medida as características de um sistema de integração avícola, coordenado por uma agroindústria de capital privado cuja orientação se funda em princípios agroecológicos, favorece a propagação da sustentabilidade nas esferas social, econômica e ambiental.

“Na vida moderna, os processos de industrialização da agricultura e da alimentação favorecem a visão do alimento como apenas um combustível, não levando em consideração os relevantes papeis social, ambiental e cultural que as propriedades agrícolas têm a desempenhar”, afirma Demattê Filho. “Dentro desde contexto, o espaço rural passa a ser considerado um patrimônio complexo que deve ser gerido e preservado, não somente como suporte para atividades agrícolas com objetivos econômicos, mas como um conjunto de relações sociais que dão origem a uma identidade compartilhada por múltiplos atores”, explica.

Orientado pelo professor Paulo Eduardo Moruzzi Marques, do departamento de Economia, Administração e Sociologia (LES), o trabalho foi financiado pelo CPMO, Korin Agropecuária LTDA. e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por meio do programa Ciência sem Fronteiras (CsF).

Foto: Korin Agropecuária / Divulgação

Mais informações: (19) 3429-4109/ 3429-4485/ 3429-4477 / 3447-8613
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