segunda-feira, 18 de maio de 2015

Divulgadas informações que avaliam esforços para uma pecuária sem desmatamento na Amazônia

Por Daniela Torezza/ICV

Foram lançados nesta semana um site e um estudo com informações e análises para subsidiar a discussão sobre a pecuária e sua relação com o desmatamento da floresta amazônica. Tanto o site quanto o estudo, destacam a resposta da cadeia de pecuária com relação aos acordos sobre desmatamento zero na Amazônia brasileira.

O site traz informações sobre a criação e comércio de gado na Amazônia, e os acordos para o desenvolvimento de uma cadeia de produção com desmatamento zero, enquanto que o estudo apresenta uma análise detalhada das conquistas e limitações atuais dos sistemas de rastreabilidade da cadeia de pecuária com vistas a redução do desmatamento.

As informações do site apontam para soluções e oportunidades existentes na busca da redução do desmatamento impulsionado pela expansão da pecuária na Amazônia brasileira. Contudo, ressalta que, atingir esse objetivo, em escala, exigirá um apoio coordenado de toda a cadeia de valor.

Na página web há também um guia que apresenta uma visão geral das iniciativas público-privadas, certificação e instrumentos técnicos de rastreabilidade para ajudar a promover uma cadeia de produção com desmatamento zero. Na parte de rastreabilidade aparece o Programa Novo Campo, desenvolvido por um grupo de parceiros, coordenados pelo Instituto Centro de Vida (ICV), na região norte de Mato Grosso. O Programa vai testar, nos próximos meses, um sistema inédito para monitorar fornecedores diretos e indiretos da pecuária, através de informações fornecidas pelas fazendas participantes do Programa que passarão por uma verificação quanto à conformidade legal. Na parte de soluções técnicas, é apresentado o guia de Boas Práticas Agropecuárias (BPA) da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). As BPAs formam um conjunto de princípios orientadores, métodos e técnicas para mitigar os riscos e permitir que a pecuária seja economicamente viável, ambientalmente adequada e socialmente justa.

Já o estudo, conduzido por Holly Gibbs, na Universidade de Wisconsin-Madison, com a parceria de pesquisadores dos Estados Unidos e do Brasil, foi publicado nesta semana no jornal Conservation Letters. As principais conclusões são baseadas no mapeamento das fazendas que vendem gado para frigoríficos da multinacional JBS, antes e após os acordos de controle do desmatamento, com pesquisas de campo e análises estatísticas.

Com relação aos frigoríficos, a conclusão é de que houve uma mudança nos critérios de compra, monitorando os fornecedores diretos e evitando gado produzido em fazendas com desmatamento. Por seu lado, os pecuaristas fizeram o Cadastro Ambiental Rural (CAR) informando os principais dados de composição das propriedades.

Entretanto, de acordo com o estudo, apesar dessas conquistas, os resultados para a conservação da floresta amazônica são limitados pelo escopo dos acordos, que não abrangem todos os aspectos, o que abre a porta para vazamentos.

Entre as soluções necessárias para apoiar a melhoria contínua e assegurar, totalmente, a produção de gado com desmatamento zero estão: a implantação de sistemas de monitoramento para todos os frigoríficos; a necessidade de abranger todas as fazendas envolvidas na cadeia de fornecimento; e o investimento na qualidade e transparência das informações públicas por parte da indústria e do governo.

Saiba mais sobre o Programa Novo Campo aqui

Publicado no Portal EcoDebate, 18/05/2015

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