Fonte: Gabriella Bontempo Ascom/MDA - Sexta-feira, 06 de Novembro de 2015
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Segundo o dicionário, a palavra guardião remete ao que protege, conserva e defende, mas para o assentado Cristovindo Ferreira Neto, 58 anos, a missão é ainda mais nobre: garante a perpetuação da diversidade agroflorestal. “Essa sementinha que está colocada aqui tem um significado muito grande, é uma vida para nós”, destacou.
A história dele e de outros produtores do norte de Minas Gerais foram contadas ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, durante o Fórum dos Guardiões e Guardiãs da Agrobiodiversidade do Semiárido Mineiro. O encontro, realizado nesta sexta-feira (30), deixou o casarão antigo, no centro de Montes Claros, ainda mais bonito com as sementes crioulas - e repleto de esperança às gerações.
“Ontem caiu a primeira chuva em minha região. Então, eu comecei a plantar as sementes que tinha guardado na última colheita. A gente vem plantando assim a centenas de anos, do jeito que vinha sendo ensinado de pais a filhos”, contou Cristovindo. Esse jeito separa, ainda na colheita, as sementes dos melhores frutos da terra e que, mais tarde, servem de insumos para a próxima safra.
“Guardar a semente é um desafio, mas a gente está fazendo o maior esforço para não perder nenhuma variedade de plantas”, afirmou o produtor que é um dos guardiões da agrobiodiversidade em Grão Mogol, município mineiro a 130 quilômetros de Montes Claros.
Esse cuidado em preservar o meio ambiente faz parte do campo de atuação do MDA, como ressaltou o ministro aos participantes. “Trabalhamos em três vertentes: o cooperativismo, a agroindustrialização e a agroecologia. Nós temos que propor o debate em torno do meio ambiente, da água e do uso do agrotóxico com toda a sociedade. Vamos ter que percorrer esse caminho juntos”.
Para Patrus, a encíclica papal encabeça um discurso importante em torno da conservação do meio ambiente. “O que está proposto é um grande debate sobre o uso do agrotóxico e das sementes transgênicas. Acho que esse é um caminho a seguir”, pontuou.
Mais Preservação
Além de conhecer os guardiões, o ministro recebeu da Rede de Agrobiodiversidade do Semiárido Mineiro o Plano de Uso e Gestão Compartilhada da Agrobiodiversidade pelos Povos e Comunidades Tradicionais do Semiárido de Minas Gerais.
O documento, elaborado entre 2012 e 2013, é uma estratégia para adaptação às mudanças climáticas e soberania alimentar dessa população a partir do uso da agrobiodiversidade. “É preciso agora redesenhar as estratégias agroalimentares com esses povos para produzir vida no campo e soberania nutricional”, explicou a colaboradora da Rede, Fernanda Monteiro.
De acordo com ela, devido à memória cultural, os povos e comunidades tradicionais são os detentores e protetores de um patrimônio genético ambiental. “Essas sementes são adaptadas às condições locais, têm um potencial de responder à resiliência dos sistemas agrícolas frente às alterações climáticas. A semente tem memória. Essa memória é o que produz vida naquele ambiente”, completou Fernanda.
O plano foi construído com o apoio, pioneiro, do Tratado Internacional sobre os Recursos Fitogenéticos para a Alimentação e Agricultura (Tirfaa), da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). O projeto foi selecionado em edital internacional onde concorreram 300 propostas do mundo inteiro.
Saiba mais
O semiárido mineiro representa 10,54% da área do Semiárido brasileiro. Localizada no norte de Minas Gerais e no Vale de Jequitinhonha, a região possui um dos maiores adensamentos de agricultores familiares, com 37,9% da sua população vivendo na zona rural.
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