quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Pesquisa sobre os Resíduos Sólidos, Educação Ambiental e Responsabilidade Compartilhada – Resultados e análises 2

Este é o segundo artigo com os resultados e análises da pesquisa online sobre os resíduos sólidos, educação ambiental e responsabilidade compartilhada realizada no segundo semestre/2015 pelo Cenatec e o Projeto Escolas Sustentáveis – O futuro está presente! uma ação coletiva de responsabilidade ambiental e sócia voltada à capacitação dos educadores e comunidades escolares para o ensino/aprendizagem e o desenvolvimento de projetos integrados e contextualizados de educação ambiental nestas comunidades (http://www.cenatecbrasil.blogspot.com.br/2013/12/escolas-sustentaveis.html). Foram 284 participantes de todas as regiões do Brasil. O primeiro artigo publicado no Portal EcoDebate identifica a) os participantes e b) o percentual por regiões brasileiras respectivas e está disponível no link ao final deste texto.

A terceira questão de livre escolha da pesquisa solicitou que os participantes apontassem “Das alternativas, qual descreve melhor os resíduos do seu consumo diário?”. Foram 284 respostas com todos os participantes respondendo esta questão e os seguintes resultados:

– Lixo sem utilidade ou valor que precisa de descarte imediato e sem critérios: 03 respostas com 1,06%;

– Lixo sem utilidade em sua maioria, mas que contém alguns materiais que podem ser reciclados e/ou reaproveitados: 50 respostas com 17,61%;

– Resíduos compostos por materiais que podem ser reciclados, mas que não apresentam valor que torne viável este procedimento: 13 respostas com 4,58%;

– Resíduos que podem ser valorizados através da classificação e separação dos materiais, possibilitando a reutilização e/ou reciclagem e a fabricação de novos produtos: 218 respostas com 76,76%.

Nesta questão destaca-se a opção majoritária pela alternativa que citou a reutilização e a reciclagem dos resíduos do consumo diário, com 76,76% dos participantes identificando esta possibilidade como viável. Em oposição, os participantes que não identificaram estas possibilidades ou não consideraram viáveis foram 5,64% conforme identificados na primeira e terceira opções. Na segunda opção com 17,61% embora os participantes identifiquem alguns materiais como úteis, consideram sem utilidade a maioria dos seus resíduos. Nesta pesquisa não se consideram os hábitos de consumo e outros aspectos econômicos e culturais, que evidentemente estão relacionados às respostas individuais.

A quarta questão de livre escolha da pesquisa solicitou que os participantes indicassem “Como você descarta os seus resíduos?”. Foram 282 respostas com duas abstenções e os seguintes resultados:

– Todos misturados. Não adianta separar para a coleta, o destino de todos é o mesmo: 52 respostas com 18,44%;

– Todos misturados. Não é necessário separar o lixo orgânico dos papéis, plásticos, vidros, metais e outros materiais: 04 respostas com 1,42%;

– Separados em duas frações: resíduos orgânicos e secos: 175 respostas com 62,06%;

– Separados em todas as suas frações: orgânicos, papéis e papelões, plásticos, vidros, metais, etc.: 51 respostas com 18,09%.

Nesta questão solicita-se que os participantes identifiquem as suas atitudes e ações em relação aos resíduos do seu consumo, assim como as possíveis políticas públicas ou programas de educação ambiental que possam estar vinculados com estas ações justificando-as. Um exemplo é a primeira opção com 18,44% em que os participantes afirmam que não adianta separarem os resíduos visto que todos tem o mesmo destino, provavelmente lixões ou aterros (des)controlados, evidenciando ausência de políticas públicas responsáveis. A separação em duas frações, orgânicos e secos, com 62,06% demonstra que existe uma preocupação básica com os resíduos pós consumo, mesmo que em muitos casos provavelmente inexistam políticas públicas adequadas. A educação ambiental, formal ou não formal, possivelmente tenha influência nesta decisão. A separação em todas as suas frações, com 18,09% evidencia políticas públicas relacionadas, projetos e programas de educação ambiental e responsabilidade coletiva na gestão e gerenciamento dos resíduos pós consumo. Uma minoria de 1,42 não identificou a necessidade da separação básica, das relações externas e/ou relacionadas.

A quinta questão de livre escolha da pesquisa solicitou aos participantes que identificassem “Quem você considera responsável pelo destino dos resíduos e para onde devem ser enviados?”. Foram 282 respostas com duas abstenções e os seguintes resultados:

– A prefeitura que deve recolher e enviar para os lixões ou aterros sanitários: 02 respostas com 0,71%;

– A prefeitura, que deve recolher, separar o que pode ser reaproveitado e enviar os rejeitos para aterros sanitários: 17 respostas com 6,03%;

– Os consumidores que devem descartar de modo correto para a coleta seletiva e a reciclagem adequada: 33 respostas com 11,70%;

– Os fabricantes, distribuidores, comerciantes, consumidores e poderes públicos são igualmente responsáveis pelo descarte e destino adequado dos resíduos, possibilitando seu retorno às cadeias produtivas e destinação final ambientalmente adequada: 230 respostas com 81,56%.

A última alternativa que aponta para a responsabilidade compartilhada entre os diversos agentes econômicos e a logística reversa pós consumo e/ou obsolescência com 81,56% demonstra que os participantes em ampla maioria tem consciência das suas responsabilidades e das possibilidades de descarte adequado. Se somados aos 11,70% da alternativa anterior que se responsabilizam individualmente desde que existam programas de coleta seletiva e reciclagem, temos um percentual de 93,26% de participantes dispostos a colaborarem ativamente, se estiverem disponíveis políticas públicas adequadas de gestão e compromissos assumidos pelos agentes econômicos para a cadeia reversa pós consumo.

Alguns comentários dos participantes:

“O prazo estabelecido pela Política Nacional de Resíduos Sólidos para o descarte adequado já se cumpriu, no entanto, grande parte dos municípios não possui aterro adequado para esse fim, utilizando os lixões, além de não realizarem campanhas informando a forma certa de descartar, reutilizar e reciclar. […], vale fazer ao menos uma campanha que oriente separar lixo orgânico e lixo seco, pois esse material é recolhido por muitos catadores e seria uma forma de facilitar esse trabalho que contribui muito com o meio ambiente”. Participante nº 238, sábado, 5/12/2015, 20 h 43 min.

“Lamentavelmente meu lixo é misturado, pois em minha cidade não existe nenhum programa de coleta seletiva e o fim dado ao lixo orgânico é o mesmo dos demais. Portanto não adiantaria eu separar o lixo sendo que os responsáveis pelo destino dado a eles os misturam dentro do mesmo caminhão”. Participante nº 227, quarta feira, 25/11/2015, 12 h 53 min.

“Essa pesquisa é ótima, quando sair o resultado terá uma dimensão de ideia do que as pessoas pensam e do conhecimento em relação a esse assunto, o que possibilita criar políticas públicas”. Participante nº 213, segunda feira, 23 /11/2015, 10 h 45 min.

Antonio Silvio Hendges, Professor de Biologia e Articulista no EcoDebate, Pós Graduação em Auditorias Ambientais, assessoria em Educação Ambiental e Resíduos Sólidos –

Nota: Leiam, também, a primeira parte da análise:


in EcoDebate, 28/01/2016

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