[EcoDebate] Encerrada no dia 27 de maio, em Nairóbi, a 2ª. Sessão da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA), conhecida como o “Parlamento do Meio Ambiente”. Compareceram mais de 170 representantes dos países-membros da ONU e às suas reuniões estiveram presentes mais de 2000 participantes entre ministros, delegados, dirigentes de organismos da ONU, cientistas, representantes da sociedade civil e setor privado entre outros.
Ao longo da semana que durou o evento, de 23 a 27 de maio, foram pauta destacada dos debates: a produção de alimentos, economia verde, aquecimento dos oceanos e prejuízos à vida marinha e a caça ilegal de animais selvagens. Foram apresentados relatórios temáticos sobre as relações entre saúde e meio ambiente, o estado da natureza no mundo, a contaminação do ar e a produção sustentável de alimentos.
Sobre a contaminação e a degradação do meio ambiente a ONU calcula que causam a morte prematura de 12,6 milhões de pessoas a cada ano, número 234 vezes superior ao que provocam os conflitos armados. Só a contaminação do ar é responsável pela morte anual de 7 milhões de pessoas no mundo todo.
O fato que foi enfatizado pelo diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Achim Steiner que afirmou que o rápido crescimento urbano ocorrido principalmente nos países em desenvolvimento, não foi acompanhado de uma política global sobre a qualidade do ar.
Nos cinco dias de debates se analisou as consequências dos sistemas atuais de produção de alimentos que provocam 60% da perda da biodiversidade nível global. Os participantes se comprometeram a redobrar esforços e a cooperação para evitar o desperdício que representa a perda de um terço de todos os alimentos produzidos anualmente e se alcançar uma produção e consumo sustentável.
Foi bastante discutida a necessidade de acabar com o tráfico ilegal de animais selvagens que enriquece as redes criminosas, movimentando 150 milhões de dólares por ano, coloca em risco muitas espécies de animais e reduz drasticamente o patrimônio natural dos países que possuem essa vida selvagem. Segundo a ONU, entre 2010 e 2012, 100.000 elefantes foram mortos na África para extração do marfim; e a cada dia morrem três rinocerontes para a retirada de seus chifres.
Nesse contexto, foi lançada durante o encontro a campanha #wildforlife que busca colocar um fim no tráfico ilegal de animais através da mobilização de milhões de pessoas comprometidas em acabar com esse crime ambiental.
A iniciativa conta com apoio de várias celebridades mundial que apadrinham espécies com as quais se identificam, como a modelo brasileira Gisele Bündchen que optou pela proteção das tartarugas marinhas e Yaya Touré jogador de futebol do Manchester City e natural da Costa do Marfim, que defenderá os elefantes, entre outras personalidades mundiais.
Para integrar a campanha, os participantes devem acessar a página da internet wildfor.life, escolher a espécie com a qual se identifica, assumir alguns compromissos e defender o animal escolhido. O participante deverá utilizar sua esfera de influência para ajudar a colocar um fim ao comércio ilegal de espécies.
Durante o encontro, relatório do PNUMA abordou as diferentes oportunidades que os países têm para aplicar políticas nacionais que permitam avançar para o desenvolvimento sustentável e menciona como exemplo os planos de reflorestamento, destacando a China que prevê para 2012 que um quarto de seu território esteja coberto por florestas, numa perspectiva de criar uma civilização ecológica.
Ao longo dos debates ficou claro aos participantes que as mudanças climáticas constituem um novo fator de tensão que deve ser levado em consideração nos conflitos armados, devido a destruição ambiental que causam e pelo seu efeito multiplicador sobre outras questões como a desigualdade social e as disputas políticas.
No final do encontro foram acertadas estratégias conjuntas para enfrentar os problemas debatidos. O maior saldo da reunião foi a consolidação da ONU como principal órgão na governança global do meio ambiente através da liderança exercida pela UNEA na orientação aos diversos países do mundo para que adotem as medidas propostas.
Atualmente, o “Parlamento Ambiental da ONU” se constitui no órgão de mais alto nível em matéria ambiental na história das Nações Unidas e pretende se converter na principal autoridade global nessa matéria.
Reinaldo Dias é professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, campus Campinas. Doutor em Ciências Sociais e mestre em Ciência Política. É especialista em Ciências Ambientais.
in EcoDebate, 13/06/2016
"Fortalecido o Parlamento Ambiental da ONU, artigo de Reinaldo Dias," in Portal EcoDebate, ISSN 2446-9394, 13/06/2016,https://www.ecodebate.com.br/2016/06/13/fortalecido-o-parlamento-ambiental-da-onu-artigo-de-reinaldo-dias/.
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