Os europeus não apenas saquearam as riquezas da América, mas também interferiram na cultura dos seus habitantes. Exploradores espanhóis conheceram uma pequena planta verde, esférica, macia e sem espinhos, que formava colônias de pequenos botões, chamada pelos nativos de "peyotl" ("hículi, huatari"), cuja denominação botânica é Lophophora williamsii (Cactaceae). Era considerada uma planta divina pelos nativos e favorecia a comunicação com seus deuses, além de curar enfermidades e predizer o futuro. Também a utilizavam para dar vitalidade e coragem nas batalhas.
Os exploradores espanhóis, querendo impor sua cultura, associaram o uso e efeitos do peiote na vida social e religiosa como obra do demônio. Essa repressão não foi bem sucedida e acabou ocorrendo uma associação dos cultos nativos com o catolicismo, que também foi condenado pelos representantes da igreja por meio da inquisição.
A química do peiote foi desvendada por alguns pesquisadores alemães no século XIX. Os alcaloides, alguns alucinógenos, tiveram seus efeitos avaliados em animais e até nos próprios pesquisadores. Entre estes alcaloides, destaca-se a mescalina, que é uma das primeiras substâncias psicodélicas de origem natural. O uso da mescalina e do peiote, assim como o seu cultivo, é proibido no Brasil.
Silva, G. C. ; Valente, L.M.M. Peiote, o cacto sagrado. SBQ On-line, 1998
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