Em meados do século 19, missionários europeus tomaram contato com o hábito dos nativos da província de Calabar (Nigéria) de utilizar as sementes de uma planta conhecida como fava-de-calabar, para julgar indivíduos que supostamente praticaram um delito. Nos cerimoniais, os que vomitassem a beberagem, seriam inocentes e, os que morressem, seriam culpados. Os nativos acreditavam que a semente possuía o poder de revelar e destruir a feitiçaria. Nesse período as sementes foram levadas para a Europa, onde se iniciaram os estudos botânicos, químicos e biológicos. A planta foi identificada como Physostigma venenosum Balf. (Leguminosae) e foi isolado o alcaloide fisostigmina, que encontrou uso inicial no tratamento do glaucoma. Com a evolução das pesquisas verificou-se sua atividade terapêutica nos casos de miastenia grave. Nas décadas de 1870, Thomas R. Fraser constatou que a fisostigmina era um antagonista da atropina em nível fisiológico, mostrando utilidade nos casos de envenenamentos por Datura stramonium e Atropa belladona (Solanaceae). No início do século 20, Otto Loewi, estabeleceu o mecanismo de ação da fisostigmina. E, em 1936, recebeu o prêmio Nobel por seu trabalho em esclarecer o papel da acetilcolina e dos neurotransmissores.
Assim, a fava-de-calabar, usada por nativos africanos, despertando o interesse de pesquisadores contribuiu no desenvolvimento de uma série de carbamatos, dos quais se podem destacar a rivastigmina empregada no tratamento da doença de Alzheimer, além de inseticidas como o aldicarb, usado no controle de insetos, ácaros e nematoides.
Balick, M. J.;Cox, P. A. Plants, people, and culture: the science of ethnobotany. New York: Scientific American. 1996. Howes, M-J. R.; Houghton, P.J. Ethnobotanical Treatment Strategies Against Alzheimer’s Disease. Curr Alzheimer Res, 9, 67-85, 2012.
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Physostigma_venenosum_-_K%C3%B6hler%E2%80%93s_Medizinal-Pflanzen-237.jpg
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