A família Bignoniaceae possui 120 gêneros com aproximadamente 800 espécies, as quais são encontradas em regiões tropicais e subtropicais, principalmente no Brasil e no Continente Africano. No Brasil, esta família apresenta-se com o maior número de espécies, ocorrendo desde a Amazônia até o Rio Grande do Sul, nos Cerrados, Mata Atlântica e região Amazônica. Arrabidaea chica (sin. de Fridericia chica) é uma trepadeira lenhosa encontrada na Amazônia. Espécie nativa das florestas tropicais caracteriza-se por apresentar flores róseas ou violáceas e é conhecida popularmente nas diversas regiões brasileiras como crajiru, pariri, cipó-pau, cipó-cruz, carajuru, carapiranga, carajiru, carajeru, crejer, guajuru, gujurupiranga, oajuru ou pyranga entre outras.
Parte da planta utilizada: As folhas são preparadas na forma de chá para administração por via oral ou na forma de tintura para uso tópico diretamente sobre lesões de pele ou ainda pomadas e cremes. O chá das folhas (decocto) é utilizado como anti-inflamatório, cicatrizante, antianêmico, e no tratamento de cólicas intestinais, hemorragia, diarreia, leucorreia e leucemia. A tintura preparada com as folhas é usada para tratar infecções cutâneas. As aplicações locais são feitas através de compressas ou banhos. Devido à propriedade adstringente, o extrato das folhas utilizado na cosmética em forma de sabonete cremoso, produz um efeito anti-acne e antifúngico. Algumas tribos indígenas utilizam as folhas sob a forma de cataplasma, como repelente de insetos. No Maranhão, o chá é usado para controlar a pressão arterial.
Fitoquímica: Existem poucos relatos de estudos químicos com espécies do gênero Arrabidaea. A. chica é a principal espécie estudada. Estudos químicos relatam o isolamento de alcaloides, antocianidinas, antocianinas, antraquinonas, triterpenoides, fenóis, fitosteróis, flavonoides, saponinas e taninos. As antocianinas carajurona, carajurina e 3- deoxiantocianidina são utilizadas em cosméticos. Glicosilxantonas foram isoladas do caule e apresentaram propriedades antioxidantes.
Farmacologia: Estudos in vitro e in vivo demonstraram a capacidade cicatrizante do extrato bruto de A. chica, da ação tripanocida contra Trypanosoma cruzi e atividade antimicrobiana contra as bactérias, Salmonella typhimurium, Lactobacillus acidophilus, Escherichia coli, Shigella sonnei, Staphylococcus epidermidis, Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus, Malassezia pachydermatis e Candida albicans. Outras atividades farmacológicas relevantes desta espécie são anti-inflamatória, antioxidante e anticâncer. Estudos farmacológicos destacam o alto poder antioxidante das antocianinas em doenças metabólicas, dentre as quais podemos destacar atividade anti-inflamatória e anticâncer. Os testes in vitro, demonstraram a atividade anti-hipertensiva do chá. Os extratos etanólicos e aquosos reduziram o desenvolvimento do tumor sólido de Erlich, enquanto o extrato etanólico apresentou atividades próapoptótica e anti-inflamatória.
Efeitos Adversos: Toxicidade Os estudos de toxicidade aguda e crônica dos extratos de A. chica, indicaram um valor para a DL50 acima de 2g/Kg por via intraperitoneal e 6g/Kg por via oral. Nos testes de toxicidade crônica não foram observadas alterações histológicas significativas para o extrato aquoso, o que sugere baixa toxicidade. As funções hepática e renal também não foram alteradas significativamente pelo tratamento com os extratos na dose de 300 mg/kg. A dose de 1000 mg/kg de extrato não apresentou toxicidade aguda.
Referências
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