quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Arrabidaea chica (Bonpl.) B. Verlot (Bignoniaceae) Boletim PLANFAVI, n. 45, abr/jun 2018

A família Bignoniaceae possui 120 gêneros com aproximadamente 800 espécies, as quais são encontradas em regiões tropicais e subtropicais, principalmente no Brasil e no Continente Africano. No Brasil, esta família apresenta-se com o maior número de espécies, ocorrendo desde a Amazônia até o Rio Grande do Sul, nos Cerrados, Mata Atlântica e região Amazônica. Arrabidaea chica (sin. de Fridericia chica) é uma trepadeira lenhosa encontrada na Amazônia. Espécie nativa das florestas tropicais caracteriza-se por apresentar flores róseas ou violáceas e é conhecida popularmente nas diversas regiões brasileiras como crajiru, pariri, cipó-pau, cipó-cruz, carajuru, carapiranga, carajiru, carajeru, crejer, guajuru, gujurupiranga, oajuru ou pyranga entre outras. 

Parte da planta utilizada: As folhas são preparadas na forma de chá para administração por via oral ou na forma de tintura para uso tópico diretamente sobre lesões de pele ou ainda pomadas e cremes. O chá das folhas (decocto) é utilizado como anti-inflamatório, cicatrizante, antianêmico, e no tratamento de cólicas intestinais, hemorragia, diarreia, leucorreia e leucemia. A tintura preparada com as folhas é usada para tratar infecções cutâneas. As aplicações locais são feitas através de compressas ou banhos. Devido à propriedade adstringente, o extrato das folhas utilizado na cosmética em forma de sabonete cremoso, produz um efeito anti-acne e antifúngico. Algumas tribos indígenas utilizam as folhas sob a forma de cataplasma, como repelente de insetos. No Maranhão, o chá é usado para controlar a pressão arterial. 

Fitoquímica: Existem poucos relatos de estudos químicos com espécies do gênero Arrabidaea. A. chica é a principal espécie estudada. Estudos químicos relatam o isolamento de alcaloides, antocianidinas, antocianinas, antraquinonas, triterpenoides, fenóis, fitosteróis, flavonoides, saponinas e taninos. As antocianinas carajurona, carajurina e 3- deoxiantocianidina são utilizadas em cosméticos. Glicosilxantonas foram isoladas do caule e apresentaram propriedades antioxidantes. 

Farmacologia: Estudos in vitro e in vivo demonstraram a capacidade cicatrizante do extrato bruto de A. chica, da ação tripanocida contra Trypanosoma cruzi e atividade antimicrobiana contra as bactérias, Salmonella typhimurium, Lactobacillus acidophilus, Escherichia coli, Shigella sonnei, Staphylococcus epidermidis, Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus, Malassezia pachydermatis e Candida albicans. Outras atividades farmacológicas relevantes desta espécie são anti-inflamatória, antioxidante e anticâncer. Estudos farmacológicos destacam o alto poder antioxidante das antocianinas em doenças metabólicas, dentre as quais podemos destacar atividade anti-inflamatória e anticâncer. Os testes in vitro, demonstraram a atividade anti-hipertensiva do chá. Os extratos etanólicos e aquosos reduziram o desenvolvimento do tumor sólido de Erlich, enquanto o extrato etanólico apresentou atividades próapoptótica e anti-inflamatória. 

Efeitos Adversos: Toxicidade Os estudos de toxicidade aguda e crônica dos extratos de A. chica, indicaram um valor para a DL50 acima de 2g/Kg por via intraperitoneal e 6g/Kg por via oral. Nos testes de toxicidade crônica não foram observadas alterações histológicas significativas para o extrato aquoso, o que sugere baixa toxicidade. As funções hepática e renal também não foram alteradas significativamente pelo tratamento com os extratos na dose de 300 mg/kg. A dose de 1000 mg/kg de extrato não apresentou toxicidade aguda. 

Referências 

Barbosa et al. 2008. Arrabidaea chica (HBK) Verlot: phytochemical approach, antifungal and trypanocidal activities. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 18, p. 544-548. 

Behrens et al. 2012. Monografia. Arrabidaea chica (Humb. & Bonpl.) B. Verlot (Bignoniaceae). Revista Fitos, v. 7, p. 236-244.

Devia et al. 2002. New 3-deoxyanthocyanidins from leaves of Arrabidaea chica. Phytochemical Analysis, v. 13, p. 114. 

Paula et al. 2014. Extraction of anthocyanins and luteolin from Arrabidaea chica by sequential extraction in fixed bed using supercritical CO2, ethanol and water as solvents. The Journal of Supercritical Fluids, v. 86, p. 100-107. 

Oliveira et al. 2009. Anti-inflammatory activity of the aqueous extract of Arrabidaea chica (Humb. & Bonpl.) B. Verl. on the self-induced inflammatory process from venoms amazonians snakes. Revista Brasileira de Farmacognosia, v.19, p.643-649. 

Taffarello et al. 2013. Atividade de extratos de Arrabidaea chica (Humb. & Bonpl.) Verlot obtidos por processos biotecnológicos sobre a proliferação de fibroblastos e células tumorais humanas. Química Nova, v. 36, p. 431- 436. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário