O laboratório Aché foi o primeiro do país a registrar uma patente de
fitoterápico desenvolvido totalmente no Brasil. O anti-inflamatório Acheflan
foi lançado em 2005 e é líder em sua categoria, mais vendido que tradicionais
medicamentos tópicos sintéticos. “Temos uma linha de nove produtos e estamos
preparando o lançamento de mais um no próximo mês”, disse ao Valor Marcelo
Neri, diretor da unidade de prescrição da empresa.
O Aché lançará o Liberaflux, o primeiro fitomedicamento expectorante da
companhia à base de extrato seco de Hedera helix, espécie cultivada em Portugal
e na Irlanda. Essa molécula movimenta R$ 80 milhões por ano no Brasil e está
entre as principais em crescimento no mercado. O xarope expectorante chega ao
mercado em apresentações de 7,5mg/ml, em frascos com 100 ml e 200 ml.
Com uma participação de 7% nesse segmento no Brasil, o Aché registrou receita
bruta de R$ 2,6 bilhões em 2011.
A receita com essa linha de medicamentos ficou em R$ 67
milhões e deve crescer em 2012. As vendas do Acheflan giram em torno de R$ 22
milhões por ano, segundo Neri.
Em 2011, o mercado de fitoterápicos movimentou cerca de R$ 1,1 bilhão no
Brasil, aumento de 13% em relação ao ano anterior, de acordo com José Roberto
Lazzarini Neves, da consultoria Pharmalaza, com base nos dados da consultoria
IMS Health. No acumulado dos últimos cinco anos, o segmento de fitoterápicos
cresceu 10,5%. Cerca de 45 milhões de unidades foram comercializadas no ano
passado. Em 2011, a
receita de todo setor farmacêutico foi de R$ 43 bilhões. “O país conta com
cerca de 400 medicamentos fitoterápicos”, disse Lazzarini.
Os fitoterápicos são medicamentos desenvolvidos a partir de extratos vegetais
padronizados. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa), os critérios de pesquisa e desenvolvimentos desses produtos são os
mesmos que os medicamentos sintéticos. Segundo Mônica da Luz Carvalho Soares,
coordenadora da farmacopeia Brasil da Anvisa, há mais produtos desenvolvidos no
país a partir de plantas exóticas (de fora do país) do que nativas.
Atualmente, a Alemanha é o maior produtor de medicamentos fitoterápicos no
mundo, afirmou Eduardo Pagani, presidente da Sobrafito (Associação Médica
Brasileira de Fitomedicina). Atualmente, a Sobrafito está dando um curso de
fitoterapia para 300 médicos do SUS (Sistema Único de Saúde) de todo país. De acordo com Lazzarini, as pesquisas a partir de plantas nativas estão
praticamente paradas por conta das restrições impostas para pesquisas.
“Se essas plantas estiverem em área indígena, as pesquisas ficam ainda mais complicadas”,
afirmou Josimar Henrique da Silva, presidente do laboratório pernambucano
Hebron. A companhia deverá lançar entre 2013 e 2014 três novos medicamentos
fitoterápicos. “Em outubro, colocamos um produto no mercado. Temos um portfólio
com 15 medicamentos dessa linha”, disse. Segundo Silva, os laboratórios estão
em discussão com o governo para flexibilizar as regras para pesquisar plantas
nativas.
Em 2010, a
Hebron vendeu dois medicamentos de sua linha de fitoterápicos para a
sul-africana Aspen. A multinacional quer expandir seus negócios no Brasil e
negocia a compra de outros medicamentos dessa linha. Alexandre França,
presidente da subsidiária brasileira, afirmou que cerca de um terço da receita
do grupo no país, de R$ 160 milhões, vem dessa categoria. “A venda desses
produtos cresce mais que os medicamentos sintéticos”, disse. Segundo o
executivo, a companhia poderá trazer para o país produtos que a Aspen
comercializa no mercado internacional. Para 2012, a companhia prevê
crescer 12% em vendas e 9% em volume.
Em nota, o Ministério do Meio Ambiente informou que exerce a função de
secretaria executiva do CGEN (Conselho de Gestão do Patrimônio Genético). Esse
conselho é o órgão competente para emitir as autorizações de acesso ao
patrimônio genético de espécies da biodiversidade brasileira para fins de
pesquisa científica, bioprospecção e desenvolvimento tecnológico, o que inclui
a atividade de elaboração de fitoterápicos. Esta competência encontra
fundamento na MP 2186-16/2001, a legislação brasileira vigente sobre o tema.
Ainda segundo o ministério, “o Brasil ocupa posição de vanguarda em acesso e
repartição de benefícios, condizente com o avanço nos compromissos
internacionais sobre conservação e uso sustentável da biodiversidade e
repartição de benefícios, tais como a Convenção da Diversidade Biológica e o
mais recente Protocolo de Nagoia. O CGEN vem renovando e modernizando a gestão
do acesso e repartição de benefícios, tanto com a elaboração de normas e
procedimentos simplificados para a pesquisa, como na eficiência na emissão das
autorizações de acesso. Para isso, descentralizou a competência para emissão de
autorizações específicas ao Ibama, O Iphan e CNPq. O CNPq, inclusive, já opera
em ambiente informatizado”.
Fonte: Valor Econômico
Link: http://www.fenafar.org.br/portal/medicamentos/62-medicaments/1456-laboratorios-reforcam-apostas-no-segmento-fitoterapico.html
Data da ublicação: 12.03.2012
Data da ublicação: 12.03.2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário