quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Antibióticos não funcionam contra tosse persistente, diz estudo europeu

Pesquisa mostra que efeitos entre pacientes tratados com remédios e outros que receberam placebos foram idênticos

Antibióticos são ineficazes para tratar pacientes com tosse persistente causada por infecções pulmonares, segundo um estudo [Amoxicillin for acute lower-respiratory-tract infection in primary care when pneumonia is not suspected: a 12-country, randomised, placebo-controlled trial] publicado pela revista especializada Lancet.

O estudo, realizado com mais de 2 mil pacientes de 12 países europeus, verificou que a duração e a gravidade dos sintomas nos que foram tratados com antibióticos não foi diferente dos que foram tratados com placebos.

Mas especialistas advertem que em casos de suspeita de pneumonia, os antibióticos devem ainda assim ser usado, devido à gravidade da doença.

A pesquisa, realizada entre novembro de 2007 e abril de 2010 em países como Bélgica, Grã-Bretanha, França e Alemanha, contou com a participação de 2.061 pacientes que apresentavam uma tosse persistente por mais de 28 dias, com suspeita de infecções pulmonares, como bronquite.

Os participantes preencheram um ”diário da doença” ao longo do tratamento e classificaram a gravidade de seus sintomas, que incluíam tosse, falta de ar, dores no peito e narizes entupidos ou coriza.

Paul Little, da Universidade de Southampton, que comandou a pesquisa, afirmou: “a receita do antibiótico amoxicilina no tratamento de infecções respiratórias em pacientes em que não há suspeitas de pneumonia não deve contribuir para a melhora do paciente e pode até provocar danos”.

De acordo com o pesquisador, ”a prescrição médica excessiva de antibióticos, especialmente quando eles são ineficazes, pode fazer com que estes pacientes desenvolvam resistência e sofram efeitos colaterais, como diarreia, alergias e vômitos”.

”Nossas conclusões mostram que as pessoas estão melhores quando não tomam nada. Mas como um pequeno número de pacientes irá se beneficiar dos efeitos dos antibióticos, nosso desafio permanece sendo identificar esses indivíduos”, afirma.

Michael Moore, do Colégio Real de Clínicos Gerais da Grã-Bretanha e co-autor do estudo, afirmou que ”é importante que clínicos gerais tenham conhecimento claro sobre quando podem ou não prescrever antibióticos para pacientes de modo a reduzir a aparição de resistência bacteriana.

The Lancet Infectious Diseases, Early Online Publication, 19 December 2012
doi:10.1016/S1473-3099(12)70300-6

Matéria da BBC, publicada, com informações complementares, pelo EcoDebate, 20/12/2012
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