Cristina Brandt Friedrich Martin Gurgel
Profa. da Faculdade de Ciências Médicas – Departamento de Clínica
Médica
Pontifícia Universidade Católica
de Campinas
I) Introdução
Desde os tempos mais remotos, o homem lançou mão de vários recursos
destinados a evitar ou combater as doenças. Guiado instintivamente como os
animais, distinguia plantas comestíveis daquelas que podiam curar, cicatrizar
ou aliviar. Esses conhecimentos empíricos adquiridos, transmitidos de geração
em geração, são a origem das práticas médicas primitivas conhecidas (1). Assim,
a utilização de plantas como meio de cura ou prevenção de doenças, com a
moderna denominação de fitoterapia, ocorreu em todas as regiões do globo,
apenas variando regionalmente por influência de características culturais da
população, assim como de sua flora, solo e clima (2).
No território brasileiro, diante da enorme diversidade de vida vegetal, a
possibilidade de encontrarem-se plantas medicinais sempre foi significativa.
Como atentos observadores da natureza, os indígenas conheciam bem a flora da
região e não desperdiçaram a oportunidade de sua benéfica utilização.
Infelizmente, nem todas as plantas conseguiram sobreviver até nossos dias, vítimas
de sucessivas devastações cometidas contra a natureza, desde os tempos mais
remotos do período colonial.
Não obstante, várias drogas em uso corriqueiro na vasta e diversificada
farmacopéia atual são originárias de nossas plantas nativas. A “sabedoria das
selvas”, portanto, acabou por tornar-se proveitosa para toda a humanidade e faz
do Brasil, ainda hoje, uma importante fonte de recursos naturais.(3, 4).
II) A Farmacopéia Indígena Brasileira – Os
Primeiros Relatos e Usos
Diante
de uma natureza diversa, rica, praticamente intocada, e não por isso menos
aterrorizante, os europeus desde os primórdios da colonização, interessaram-se
pelo uso medicinal das plantas. Passando a viver em ambiente para eles hostil,
tal aprendizado poderia simplesmente significar sua sobrevivência. Não por
acaso, encontramos diversas citações de vegetais cuja ação consistiria em
antídoto a envenenamentos, freqüentes em meio às matas. Desta maneira, os
colonizadores acabariam sendo os responsáveis pela transmissão destes conhecimentos
indígenas.
São vários os autores
que descreveram uma grande variedade de espécies vegetais. Alguns de passagem –
aventureiros - e outros abdicando de sua terra natal para aqui se
estabelecerem, seus relatos atestam o uso medicamentoso de variadas espécies.
Todos estavam transmitindo os ensinamentos indígenas e serviram
involuntariamente como meio para que tais informações chegassem até nossos
dias. Nem sempre as indicações terapêuticas destas plantas se mantiveram ao
longo do tempo. Conhecidos exemplos são do guaraná,
originalmente prescrito para combate às disenterias e do maracujá, para febre.
Testemunhos de viajantes e
cronistas são de fundamental importância, mas neste âmbito, os jesuítas merecem
especial destaque. Já na Europa, tradicionalmente plantavam-se herbários nos
mosteiros, permitindo o estudo e manipulação de drogas que seriam prescritas à
população carente de auxílio. Além disso, profissionais médicos eram
praticamente inexistentes na Colônia, tornando estes clérigos responsáveis no cuidado
aos doentes. Desprovidos de seus medicamentos conhecidos, no Novo Mundo
rapidamente eles absorveram os apontamentos nativos. Cada botica em seus
colégios conservava uma Coleção de
Receitas, manuscritos onde copiavam as fórmulas terapêuticas mais indicadas
e as de melhores resultados. (5)
Viajantes e cronistas da época, apesar de apresentarem algumas
particularidades quanto ao conteúdo de seus relatos, são praticamente unânimes
ao elogiar algumas plantas usadas para fins medicinais em terras brasílicas.
Nem todos serão aqui mencionados, mas os fitoterápicos que mais lhes chamavam a
atenção, estão reproduzidos na tabela 1.
Jean de Léry, missionário calvinista que conviveu entre os tupinambás, em
1563 descrevia o uso do hiyuaré
(Hinuraé), empregado pelos indígenas contra o pian, também denominada bouba, doença endêmica freqüentemente
confundida com a lues. Menciona também o petyn,
posteriormente identificado como tabaco, que permitia, segundo ele, mitigar a
fome em períodos de guerra e também “destilar os humores supérfluos do
cérebro”, denunciando a persistência de remotas teorias médicas (6).
Uma parasitose comumente encontrada nos primeiros anos de colonização,
cujo efeito deletério foi testemunhado pela maioria dos cronistas, era o “bicho
de pé” (tungíase). Além de tentar extraí-los por meio de estiletes, os
indígenas untavam a lesão com o óleo de uma fruta chamada hibourouhu ( Myristica
officinalis). Thevet o
considerava próprio para a cura de feridas e úlceras, provando ele mesmo sua
ação terapêutica (7).
Pero de Magalhães Gândavo, na bela obra publicada primeiramente em 1567, “História da Província de Santa Cruz a que
Vulgarmente Chamamos Brasil”, foi o pioneiro ao descrever o óleo de copaíba como analgésico e cicatrizante
eficaz (8). Seu sucesso terapêutico correu mundo e chegou a ser, durante o
século XVII, ao lado do cravo, anil e tabaco, um dos principais produtos de
exportação das províncias do Maranhão e do Grão Pará (9).
Gabriel Soares de Souza, senhor de engenho da Bahia, recomendava em seu “Tratado Descritivo do Brasil de 1587”
prescrições terapêuticas aprendidas com os indígenas: carimã (farinha de mandioca seca), misturada à água como vermífugo
e antídoto de envenenamentos; milho
cozido para doentes com boubas; sumo do caju
pela manhã, em jejum, para a conservação do estômago e higiene da boca;
emplastros de almécega para “soldar
carne quebrada”; amêndoas de pino
(figueira do inferno) para purgas, cólicas; araçá para doentes de câmaras; tinta de jenipapo para secar boubas; jaborandi
para feridas na boca; cajá para
doentes com febre; camará para sarna
e caroço de curuanha para o fígado.
Mencionando novamente as folhas de tabaco, que em Portugal chamavam de erva santa, aconselhava seu uso para doentes com asma e, afirmava
sucesso terapêutico para cura na população indígena do “mal do sesso”, também
denominada maculo, parasitose intestinal trazida pelos escravos africanos (10)
Frei Vicente do Salvador, em sua obra “História
do Brasil. 1500-1627”, fez uma ampla descrição da vegetação brasileira. Conservando
algumas vezes o seu nome indígena e rebatizando outras em português, indicava o
uso de algumas plantas destacando, por exemplo, o poder terapêutico da cabreúva
e das folhas de jurubeba como cicatrizantes. Mencionava ainda a erva fedegosa (feiticeira),
a salsaparrilha, o andaz, entre outras, como úteis no
combate a uma grande variedade de doenças.
Entusiasmado, acrescentava :
“... não há
enfermidade contra a qual não haja ervas em esta terra, nem os índios naturais
dela têm outra botica ou usam de outras medicinas (11).”
O fitoterápico que mais interessou os europeus foi sem dúvida a ipecacuanha (Psychotica emetica, Cephaelis ipecacuanha
e outras espécies), usada como purgativo e antídoto para qualquer veneno. Sua
indicação medicamentosa estava exposta na própria lenda transmitida há gerações
e demonstra como uma atenta observação da natureza poderia fornecer informações
imprescindíveis. Contavam os índios que a natureza emética da planta havia lhes
sido ensinada pela irara, espécie de pássaro que tinha por hábito alimentar-se
de suas raízes e folhas, sempre depois de ter bebido água malsã de algum rio.
Desde modo, tomaram para si a lição que o pássaro lhes fornecia, passando a
fazer uso dela sempre que necessário.
Apesar de não ter sido o primeiro autor a descrevê-la, coube a Willem
Pies (Guilherme Piso), físico de Maurício de Nassau, o fornecimento de dados
mais completos a respeito da curiosa ipecacuanha.
Sua obra “História Naturalis Brasiliae” (1648),
tratado de patologia e terapêutica, é um marco nas investigações médicas do
Brasil. Com informações colhidas junto à população local, descreveu as plantas,
seu modo de preparo e efeitos. Ele mesmo chegou a testá-las junto a soldados
holandeses sob seus cuidados médicos.Concomitantemente, em pleno Pernambuco do
século XVII, confeccionou-se o primeiro herbário brasileiro de que se tem
notícia. No campo das artes, a pintura, registrando as diferentes
características físicas das plantas nativas, auxiliava em sua caracterização.
No Theatrum Rerum Naturalium Brasiliae, atribuído a Marggraf, a
natureza é exposta de maneira ordenada, contendo vários ícones animais e
vegetais e são acompanhados por estudos comparativos em obras atribuídas ao
próprio Piso assim como a Eckhout e Post (12). Foi Piso um dos responsáveis
pela inclusão da Ipecacuanha como
medicamento usado corriqueiramente pelos europeus, não lhe poupando elogios:
“Finalmente chegou a vez de tratarmos destas decantadas e
salutíferas raízes que, além da faculdade purgativa pelas vias superiores e
inferiores, são ótimo antídoto contra qualquer veneno. Nem creio que possam
facilmente achar nestas terras remédio mais prestante contra muitas doenças
causadas por longas obstruções e, sobretudo, para curar fluxos do ventre...
Existem duas espécies... ambas são de uso cotidiano, mas preferem a diluição,
porque a maceração durante uma noite ao ar livre, ou pelo cozimento na água,
comunica abundantemente aos licores a sua virtude medicinal. Depois, conservada
a raiz morta e de novo preparada de idêntico modo, serve para o mesmo uso;
porém é menos eficaz para purgar e fazer vomitar, mas é mais adstringente...
Por isso é guardada religiosamente pelos índios, os primeiros que nos revelaram
suas virtudes”. (13)
À medida que a colonização européia
tornava-se mais presente, houve o cultivo plantas medicinais europeias e
asiáticas usadas pelos portugueses. As primeiras levas foram provavelmente
trazidas junto à frota de Martim Afonso de Souza, já em 1532. Suas embarcações
estavam repletas de ferramentas agrícolas, animais e plantas (14). Há registros
que até roseiras traziam a bordo e se jardins eram considerados importantes,
ervas medicinais certamente estavam incluídas em sua carga.
Hortelã, endro, coentro, funcho,
segurelha, alfavaca, gengibre e outras, provenientes de várias regiões do
mundo, apresentaram boa adaptação ao novo clima desde os primeiros anos de
colonização. As plantas nativas, entretanto, não perderam totalmente sua
importância, tornando-se parte integrante de uma terapêutica híbrida utilizada
pelos colonos.
III ) Os Remédios de Paulistas
Durante muito tempo, os habitantes do litoral puderam ter a eventual
assistência de médicos ou boticários, tripulantes de alguma embarcação ancorada
em seu porto. Nas áreas rurais, as vilas e cidades eram poucas e as distâncias
a serem vencidas enormes. A arte de curar estava entregue a leigos, com
conhecimentos plenamente empíricos, utilizando-se de manuais vindos de Portugal
ou de medicamentos perpetuados por tradição oral. A população, de escravos a senhores de engenho,
estava sujeita a doenças diversas e lançava mão de todas as práticas de cura
conhecidas. Da cultura popular européia, da sabedoria dos pajés e escravos
africanos, das formulações compiladas ou desenvolvidas pelos jesuítas, os
medicamentos utilizados eram na verdade resultantes da miscigenação das
diferentes culturas presentes em nosso território. Dentre esta panacéia, eram
conhecidos os “remédios de paulistas”, difundidos e transmitidos nos tempos do
Brasil-Colônia pelos bandeirantes (15-16).
Longe da imagem pitoresca a nós
imposta, os bandeirantes eram homens extremamente rudes, violentos, qualidades
talvez imprescindíveis para aqueles que se propunham a embrenhar nas matas,
enfrentando o desconhecido. Não iam sozinhos. Os acompanhavam em sua jornada,
servindo como remadores, cozinheiros, guias ou ainda para garantir a segurança
do grupo, índios de tribos amigas ou escravizados. A convivência mais próxima
nestas longas viagens, certamente influenciou hábitos e costumes, num
intercâmbio cultural de duas direções. Seu reflexo é percebido nas condutas
terapêuticas então utilizadas, difundidas e incorporadas por brasileiros nos
rincões mais distantes, à medida que os paulistas avançavam sertão adentro. Von
Martius, naturalista que percorreu o Brasil Império, concedeu a estes homens o
mérito da utilização e da difusão das plantas curativas brasileiras tanto
quanto ao descobrimento das minas de ouro (17).
Sujeitos à
febres, disenterias e diversas outras afecções secundárias ao enfrentamento das
matas, na bagagem dos bandeirantes estavam incluídos materiais usados no
tratamento das enfermidades a que estavam expostos. Eles mesmos faziam o papel
de médicos. Sangrias, cauterizações de feridas eram realizadas em pleno sertão.
Plantas medicinais eram usadas corriqueiramente, encontradas em seu caminho.
Seguindo uma antiga orientação européia, excrementos humanos eram adicionados a
alguns medicamentos. A urina era misturada ao fumo para a cura de ferimentos de
origens diversas. A pólvora incrementava sua importância à medida que era
utilizada no combate à várias afecções, principalmente o “mal de bicho”. O
maior prestígio entre os remédios era o terrível saca-trapo, cujos ingredientes
incluíam a pólvora, aguardente de cana, pimenta da terra, fumo e eventualmente
suco de limão (15).
Nos “remédios de paulistas”
figuravam ainda fórmulas como o uso da aguardente com sal para as mordeduras de
cobra e a triga de vênia, que
livrava das doenças aqueles que navegavam pelos rios. O caldo de fumo, juntamente com a unção da pele
com bolas de cera eram utilizados contra as picadas de mosquitos, pernilongos e
borrachudos, abundantes em algumas regiões. A erva cayapiá ou trigueirilho
terrestre, assim como a salsaparrilha,
eram consideradas poderosas no combate à febre. Como preventivos de diversas
afecções, ingeria-se a malagueta e o
gengibre.
Outro medicamento de grande apreço era proveniente da raspagem de
esporões da anhuma, considerado como antídoto para muitos tóxicos e ao mesmo
tempo amuleto. Rezas e benzimentos eram parte integrante de toda e qualquer
terapêutica empregada (15).
Não se surpreenda o leitor com o uso de tão aberrantes
substâncias, incluídas nos “remédios de paulistas”. Longe de ser exceção, a prática de oferecer
aos doentes elementos hoje por nós considerados estranhos e até repugnantes,
foi utilizada por toda a “civilizada” Europa durante longo período. A
utilização de excrementos era recomendação européia pois os indígenas
desprezavam totalmente os dejetos
A medicina tinha ainda um longo caminho a ser percorrido
para, com base científica, apresentar soluções eficazes no tratamento de seus
doentes. Os médicos que migraram para o Brasil eram em sua maioria formados na
universidade portuguesa, trazendo consigo um ranço medieval, que persistiria na
medicina européia por longos anos. Conseqüentemente, curandeiros, cirurgiões,
barbeiros, boticários, eventualmente presentes, exerceram durante o
Brasil-Colônia o ofício de curar ao mesmo tempo em que médicos desempenhavam
atividades realmente muito próximas a eles (18). A ausência destes
profissionais formados foi absolutamente indiferente à população brasileira de
então, pelo pouco que podiam contribuir para sua saúde.
O interesse nos
“remédios de paulistas” está na constatação de uma verdadeira “confusão
medicamentosa”, um misto da medicina popular portuguesa e práticas ameríndias.
Esta última não seria mais utilizada como nos primeiros anos da colonização,
porém, ela jamais desapareceu. Esteve inserida nas panacéias coloniais,
disfarçada e algumas vezes renomeada em português. A sabedoria dos pajés pode
ter sido rotulada como resultado da ignorância ameríndia, depreciação imposta
pelos colonizadores, principalmente àqueles ligados à medicina oficial, mas
sobreviveu, foi e continua a ser posta em prática. Alguns daqueles “chás da
vovó” ou nas “garrafadas” utilizadas no norte e nordeste do Brasil
contemporâneo, contém plantas medicinais de nossa herança indígena e a
população rural mais afastada dos grandes centros, ostensivamente ainda faz uso
delas. (19).
IV) Conclusões: A Importância das
Plantas Medicinais Brasileiras
A flora brasileira despertou nos cientistas dos
séculos XIX e XX, a necessidade de catalogar, colher e estudar quimicamente a
vida vegetal. Estas expedições tornaram possível o conhecimento de várias plantas
medicinais brasileiras na velha Europa. Muitas tiveram sua eficácia comprovada
cientificamente, outras foram consideradas medicinais, porém, não para o uso
indicado popularmente e várias outras foram fadadas ao esquecimento, de ação
totalmente inócua.
Não consideradas como fitoterápicos propriamente
ditos, mas plantas que permitem a extração de princípios ativos muito úteis
para a medicina, foram e continuam sendo encontradas em nossas matas. Um
exemplo é “lavadeira”, que permite a extração da vincristina e vinblastina,
usadas no tratamento de neoplasias.
Marques,
entretanto, em sua obra “Natureza em Boiões, Medicinas e Boticários no Brasil
Setecentista”, chama a atenção à verdadeira evasão destas plantas genuinamente
nacionais, ocorrida sob o indiferente olhar das autoridades:
“E
os saberes sobre as plantas que curam se consolidariam como precursores das
ciências farmacêuticas sob novas nomenclaturas e com outras nacionalidades. Os
saberes dos brasilíndios foram silenciados enquanto cientistas estrangeiros
extraíam o princípio ativo das plantas brasílicas...”(18).
No Brasil atual, o uso de plantas medicinais é
restrito na comunidade médica acadêmica. De fato, faltam estudos clínicos par
conceder credibilidade ao uso deste tipo de medicamento (20). O ensino da
fitoterapia no curso regular não é sequer cogitado nas universidades
brasileiras, sendo considerada parte integrante da chamada medicina
alternativa.
Ignoram-se integralmente os dados apresentados
pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mostrando que pelo menos 80% da
população mundial já fez uso de alguma erva medicinal para procurar a cura ou
alívio de algum sintoma, acreditando em sua eficácia (21).
É um total desprezo pelo saber de nossas florestas e
que precisa ser revertido.
Tabela 1: Algumas plantas medicinais utilizadas pelos
indígenas, descritas pelos colonizadores portugueses.
(Baseado em Marques - Natureza em Boiões. Medicinas e
Boticários do Brasil Setecentista)
Nome Indígena
|
Nome vulgar
|
Indicação Medicinal
|
Classificação Botânica
|
Acajá
|
Cajá
|
Febre
|
Fam. Anacardiáceas; Gen. Spondias
|
Acaju
|
Caju
|
Febre,
Exaustão.
Cicatrização
de feridas (casca)
|
Fam. Anacardiáceas
Gen. Anacardium
|
Ambaigba
|
Imbaúba
|
O “olho” é
usado nas feridas e o óleo pelos cirurgiões
|
Fam Urticalis
Gen. Cecropia
|
Andá
|
Purga dos
Gentios
|
Laxante
(noz)
Antidiarreico(casca)
|
Fam. Euphobiácea
Gen.Jatrofa
|
Caapeba
|
Parreira
Brava.
Erva de
Nossa Senhora
|
Combate o
edema e as feridas
|
Fam. Menispermácea
Gen Cissalpelos
|
Caaromoçarandiga
|
Maçaranduba
|
Boubas e
corrimentos (cascas e suco)
|
Fam. Sapotáceas; Gen. Mimusops
|
Câmara-aipo
ou Campuaba
|
Erva de
Santa Maria
Mentrasto;
Mastruço
|
Vermífugo
Cozida na
água lavava-se os pés
|
Fam.Salsolaceas; Gen.Chenopoduim
|
Cabureigba
|
Cabreúva
|
Cura de
feridas recentes. Desaparecimento de cicatrizes antigas
|
Fam. Leguminosas
Gen Myroxylon
|
Caraguatá
|
Gravatá
|
Antisséptico
|
Fam. Bromeliáceas; Gen. Bromélia
|
Cayapiá
|
Carapiá
Contra-erva
|
Febres.
Antídoto contra picadas de animais peçonhentos
|
Fam. Noréas
Gen. Dorstenia
|
Cupaigba
|
Copaíba
|
Ferimentos
e dores de barriga (óleo)
|
Fam. Leguminosas
Gen. Copaíferas
|
Goemgeguaçu
|
Imbé
(cipó)
|
Anti-hemorrágico
(casca)
|
Fam. Aráceas
Gen Philodendron
|
Iabigrandi
|
Jaborandi
|
Doenças
hepáticas. Dor de dente
|
Fam. Rutáceas; Gen. Piper
|
Ianipaba
|
Genipapo
|
Boubas
(tinta); Desordens digestivas
|
Fam. Rubiáceas; Gen. Genipa
|
Igcigca ou
Icica
|
Almecegueira
|
Emplastros
(óleo)
Antisséptico,
cicatrizante
|
Fam. Burseráceas
Gen. Bursera
|
Igpecacoaya
|
Ipecacuanha
ou Poaia
|
Distúrbios
digestivos
|
Fam. Rubiáceas; Gen. Cefalis
|
Ingá
|
Ingá
|
Doenças
hepáticas (caroços)
|
Fam. Leguminosas; Gen. Ingá
|
Maracujá
|
Maracujá
Grenadilha
|
Febre
(frutos)
Distúrbios
respiratórios (folhas)
|
Fam. Passiflora
Gen. Passiflora
|
Nana
|
Ananaz
|
Antiemético
|
Fam. Bromeliáceas; Gen. Ananassa
|
Petume
|
Erva Santa
Tabaco
|
Distúrbios
digestivos, respiratórios e nervosos.
|
Fam. Solanácea
Gen. Nicotina
|
Salsaparrilha
|
Salsaparrilha
Japecanga
|
Boubas e
doenças venéreas ( “olhos” da planta)
|
Fam. Smiláceas
Gen. Smilax
|
Tareroquig
|
Fedegoso
Mata-pasto
|
Digestivo,
distúrbios sangüíneos, doença do “bicho”
|
Fam. Leguminosa
Gen. Cássia
|
Resumo
Majoritariamente isolados de centros
urbanos significativos, os primeiros colonizadores beneficiaram-se dos
conhecimentos empíricos indígenas a respeito do uso de plantas medicinais. Na ausência de profissionais médicos, os
jesuítas acabaram tomando para si a responsabilidade de cuidar dos doentes,
tornando-se os principais responsáveis pela sua documentação, mas coube aos
bandeirantes a difusão do uso de muitos fitoterápicos, tornando-os conhecidos
por “remédios de paulistas.” Maracujá,
ipecacuanha, óleo de copaíba,
jaborandi, são apenas alguns exemplos da vasta farmacopeia indígena. Atualmente, a comunidade médica acadêmica faz um uso restrito das plantas
medicinais, mormente as de origem nacional. Tal fato não minimiza a extrema
importância que tiveram e tem para a população brasileira.
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