domingo, 20 de outubro de 2013

A Fitoterapia Indígena no Brasil Colonial (Os Primeiros Dois Séculos)

Cristina Brandt Friedrich Martin Gurgel
Profa. da Faculdade de Ciências Médicas – Departamento de Clínica Médica
Pontifícia Universidade Católica de Campinas

I) Introdução

Desde os tempos mais remotos, o homem lançou mão de vários recursos destinados a evitar ou combater as doenças. Guiado instintivamente como os animais, distinguia plantas comestíveis daquelas que podiam curar, cicatrizar ou aliviar. Esses conhecimentos empíricos adquiridos, transmitidos de geração em geração, são a origem das práticas médicas primitivas conhecidas (1). Assim, a utilização de plantas como meio de cura ou prevenção de doenças, com a moderna denominação de fitoterapia, ocorreu em todas as regiões do globo, apenas variando regionalmente por influência de características culturais da população, assim como de sua flora, solo e clima (2).
No território brasileiro, diante da enorme diversidade de vida vegetal, a possibilidade de encontrarem-se plantas medicinais sempre foi significativa. Como atentos observadores da natureza, os indígenas conheciam bem a flora da região e não desperdiçaram a oportunidade de sua benéfica utilização. Infelizmente, nem todas as plantas conseguiram sobreviver até nossos dias, vítimas de sucessivas devastações cometidas contra a natureza, desde os tempos mais remotos do período colonial.
Não obstante, várias drogas em uso corriqueiro na vasta e diversificada farmacopéia atual são originárias de nossas plantas nativas. A “sabedoria das selvas”, portanto, acabou por tornar-se proveitosa para toda a humanidade e faz do Brasil, ainda hoje, uma importante fonte de recursos naturais.(3, 4).

II) A Farmacopéia Indígena Brasileira – Os Primeiros Relatos e Usos
           
Diante de uma natureza diversa, rica, praticamente intocada, e não por isso menos aterrorizante, os europeus desde os primórdios da colonização, interessaram-se pelo uso medicinal das plantas. Passando a viver em ambiente para eles hostil, tal aprendizado poderia simplesmente significar sua sobrevivência. Não por acaso, encontramos diversas citações de vegetais cuja ação consistiria em antídoto a envenenamentos, freqüentes em meio às matas. Desta maneira, os colonizadores acabariam sendo os responsáveis pela transmissão destes conhecimentos indígenas.
São vários os autores que descreveram uma grande variedade de espécies vegetais. Alguns de passagem – aventureiros - e outros abdicando de sua terra natal para aqui se estabelecerem, seus relatos atestam o uso medicamentoso de variadas espécies. Todos estavam transmitindo os ensinamentos indígenas e serviram involuntariamente como meio para que tais informações chegassem até nossos dias. Nem sempre as indicações terapêuticas destas plantas se mantiveram ao longo do tempo. Conhecidos exemplos são do guaraná, originalmente prescrito para combate às disenterias e do maracujá, para febre.
Testemunhos de viajantes e cronistas são de fundamental importância, mas neste âmbito, os jesuítas merecem especial destaque. Já na Europa, tradicionalmente plantavam-se herbários nos mosteiros, permitindo o estudo e manipulação de drogas que seriam prescritas à população carente de auxílio. Além disso, profissionais médicos eram praticamente inexistentes na Colônia, tornando estes clérigos responsáveis no cuidado aos doentes. Desprovidos de seus medicamentos conhecidos, no Novo Mundo rapidamente eles absorveram os apontamentos nativos. Cada botica em seus colégios conservava uma Coleção de Receitas, manuscritos onde copiavam as fórmulas terapêuticas mais indicadas e as de melhores resultados. (5)
Viajantes e cronistas da época, apesar de apresentarem algumas particularidades quanto ao conteúdo de seus relatos, são praticamente unânimes ao elogiar algumas plantas usadas para fins medicinais em terras brasílicas. Nem todos serão aqui mencionados, mas os fitoterápicos que mais lhes chamavam a atenção, estão reproduzidos na tabela 1.
Jean de Léry, missionário calvinista que conviveu entre os tupinambás, em 1563 descrevia o uso do hiyuaré (Hinuraé), empregado pelos indígenas contra o pian, também denominada bouba, doença endêmica freqüentemente confundida com a lues. Menciona também o petyn, posteriormente identificado como tabaco, que permitia, segundo ele, mitigar a fome em períodos de guerra e também “destilar os humores supérfluos do cérebro”, denunciando a persistência de remotas teorias médicas (6).
Uma parasitose comumente encontrada nos primeiros anos de colonização, cujo efeito deletério foi testemunhado pela maioria dos cronistas, era o “bicho de pé” (tungíase). Além de tentar extraí-los por meio de estiletes, os indígenas untavam a lesão com o óleo de uma fruta chamada hibourouhu ( Myristica officinalis). Thevet o considerava próprio para a cura de feridas e úlceras, provando ele mesmo sua ação terapêutica (7).
Pero de Magalhães Gândavo, na bela obra publicada primeiramente em 1567, “História da Província de Santa Cruz a que Vulgarmente Chamamos Brasil”, foi o pioneiro ao descrever o óleo de copaíba como analgésico e cicatrizante eficaz (8). Seu sucesso terapêutico correu mundo e chegou a ser, durante o século XVII, ao lado do cravo, anil e tabaco, um dos principais produtos de exportação das províncias do Maranhão e do Grão Pará (9).
Gabriel Soares de Souza, senhor de engenho da Bahia, recomendava em seu “Tratado Descritivo do Brasil de 1587” prescrições terapêuticas aprendidas com os indígenas: carimã (farinha de mandioca seca), misturada à água como vermífugo e antídoto de envenenamentos; milho cozido para doentes com boubas; sumo do caju pela manhã, em jejum, para a conservação do estômago e higiene da boca; emplastros de almécega para “soldar carne quebrada”; amêndoas de pino (figueira do inferno) para purgas, cólicas; araçá para doentes de câmaras; tinta de jenipapo para secar boubas; jaborandi para feridas na boca; cajá para doentes com febre; camará para sarna e caroço de curuanha para o fígado. Mencionando novamente as folhas de tabaco, que em Portugal chamavam de erva santa, aconselhava seu uso para doentes com asma e, afirmava sucesso terapêutico para cura na população indígena do “mal do sesso”, também denominada maculo, parasitose intestinal trazida pelos escravos africanos (10)
Frei Vicente do Salvador, em sua obra “História do Brasil. 1500-1627”, fez uma ampla descrição da vegetação brasileira. Conservando algumas vezes o seu nome indígena e rebatizando outras em português, indicava o uso de algumas plantas destacando, por exemplo, o poder terapêutico da cabreúva e das folhas de jurubeba como cicatrizantes. Mencionava ainda a erva fedegosa (feiticeira), a salsaparrilha, o andaz, entre outras, como úteis no combate a uma grande variedade de doenças.  Entusiasmado, acrescentava :

“... não há enfermidade contra a qual não haja ervas em esta terra, nem os índios naturais dela têm outra botica ou usam de outras medicinas (11).”

O fitoterápico que mais interessou os europeus foi sem dúvida a ipecacuanha (Psychotica emetica, Cephaelis ipecacuanha e outras espécies), usada como purgativo e antídoto para qualquer veneno. Sua indicação medicamentosa estava exposta na própria lenda transmitida há gerações e demonstra como uma atenta observação da natureza poderia fornecer informações imprescindíveis. Contavam os índios que a natureza emética da planta havia lhes sido ensinada pela irara, espécie de pássaro que tinha por hábito alimentar-se de suas raízes e folhas, sempre depois de ter bebido água malsã de algum rio. Desde modo, tomaram para si a lição que o pássaro lhes fornecia, passando a fazer uso dela sempre que necessário.
Apesar de não ter sido o primeiro autor a descrevê-la, coube a Willem Pies (Guilherme Piso), físico de Maurício de Nassau, o fornecimento de dados mais completos a respeito da curiosa ipecacuanha. Sua obra “História Naturalis Brasiliae” (1648), tratado de patologia e terapêutica, é um marco nas investigações médicas do Brasil. Com informações colhidas junto à população local, descreveu as plantas, seu modo de preparo e efeitos. Ele mesmo chegou a testá-las junto a soldados holandeses sob seus cuidados médicos.Concomitantemente, em pleno Pernambuco do século XVII, confeccionou-se o primeiro herbário brasileiro de que se tem notícia. No campo das artes, a pintura, registrando as diferentes características físicas das plantas nativas, auxiliava em sua caracterização. No Theatrum Rerum Naturalium Brasiliae, atribuído a Marggraf, a natureza é exposta de maneira ordenada, contendo vários ícones animais e vegetais e são acompanhados por estudos comparativos em obras atribuídas ao próprio Piso assim como a Eckhout e Post (12). Foi Piso um dos responsáveis pela inclusão da Ipecacuanha como medicamento usado corriqueiramente pelos europeus, não lhe poupando elogios:

“Finalmente chegou a vez de tratarmos destas decantadas e salutíferas raízes que, além da faculdade purgativa pelas vias superiores e inferiores, são ótimo antídoto contra qualquer veneno. Nem creio que possam facilmente achar nestas terras remédio mais prestante contra muitas doenças causadas por longas obstruções e, sobretudo, para curar fluxos do ventre... Existem duas espécies... ambas são de uso cotidiano, mas preferem a diluição, porque a maceração durante uma noite ao ar livre, ou pelo cozimento na água, comunica abundantemente aos licores a sua virtude medicinal. Depois, conservada a raiz morta e de novo preparada de idêntico modo, serve para o mesmo uso; porém é menos eficaz para purgar e fazer vomitar, mas é mais adstringente... Por isso é guardada religiosamente pelos índios, os primeiros que nos revelaram suas virtudes”. (13)

À medida que a colonização européia tornava-se mais presente, houve o cultivo plantas medicinais europeias e asiáticas usadas pelos portugueses. As primeiras levas foram provavelmente trazidas junto à frota de Martim Afonso de Souza, já em 1532. Suas embarcações estavam repletas de ferramentas agrícolas, animais e plantas (14). Há registros que até roseiras traziam a bordo e se jardins eram considerados importantes, ervas medicinais certamente estavam incluídas em sua carga.
Hortelã, endro, coentro, funcho, segurelha, alfavaca, gengibre e outras, provenientes de várias regiões do mundo, apresentaram boa adaptação ao novo clima desde os primeiros anos de colonização. As plantas nativas, entretanto, não perderam totalmente sua importância, tornando-se parte integrante de uma terapêutica híbrida utilizada pelos colonos.

III ) Os Remédios de Paulistas

Durante muito tempo, os habitantes do litoral puderam ter a eventual assistência de médicos ou boticários, tripulantes de alguma embarcação ancorada em seu porto. Nas áreas rurais, as vilas e cidades eram poucas e as distâncias a serem vencidas enormes. A arte de curar estava entregue a leigos, com conhecimentos plenamente empíricos, utilizando-se de manuais vindos de Portugal ou de medicamentos perpetuados por tradição oral.  A população, de escravos a senhores de engenho, estava sujeita a doenças diversas e lançava mão de todas as práticas de cura conhecidas. Da cultura popular européia, da sabedoria dos pajés e escravos africanos, das formulações compiladas ou desenvolvidas pelos jesuítas, os medicamentos utilizados eram na verdade resultantes da miscigenação das diferentes culturas presentes em nosso território. Dentre esta panacéia, eram conhecidos os “remédios de paulistas”, difundidos e transmitidos nos tempos do Brasil-Colônia pelos bandeirantes (15-16).
Longe da imagem pitoresca a nós imposta, os bandeirantes eram homens extremamente rudes, violentos, qualidades talvez imprescindíveis para aqueles que se propunham a embrenhar nas matas, enfrentando o desconhecido. Não iam sozinhos. Os acompanhavam em sua jornada, servindo como remadores, cozinheiros, guias ou ainda para garantir a segurança do grupo, índios de tribos amigas ou escravizados. A convivência mais próxima nestas longas viagens, certamente influenciou hábitos e costumes, num intercâmbio cultural de duas direções. Seu reflexo é percebido nas condutas terapêuticas então utilizadas, difundidas e incorporadas por brasileiros nos rincões mais distantes, à medida que os paulistas avançavam sertão adentro. Von Martius, naturalista que percorreu o Brasil Império, concedeu a estes homens o mérito da utilização e da difusão das plantas curativas brasileiras tanto quanto ao descobrimento das minas de ouro (17).
Sujeitos à febres, disenterias e diversas outras afecções secundárias ao enfrentamento das matas, na bagagem dos bandeirantes estavam incluídos materiais usados no tratamento das enfermidades a que estavam expostos. Eles mesmos faziam o papel de médicos. Sangrias, cauterizações de feridas eram realizadas em pleno sertão. Plantas medicinais eram usadas corriqueiramente, encontradas em seu caminho. Seguindo uma antiga orientação européia, excrementos humanos eram adicionados a alguns medicamentos. A urina era misturada ao fumo para a cura de ferimentos de origens diversas. A pólvora incrementava sua importância à medida que era utilizada no combate à várias afecções, principalmente o “mal de bicho”. O maior prestígio entre os remédios era o terrível saca-trapo, cujos ingredientes incluíam a pólvora, aguardente de cana, pimenta da terra, fumo e eventualmente suco de limão (15).
 Nos “remédios de paulistas” figuravam ainda fórmulas como o uso da aguardente com sal para as mordeduras de cobra e a triga de vênia, que livrava das doenças aqueles que navegavam pelos rios. O caldo de fumo, juntamente com a unção da pele com bolas de cera eram utilizados contra as picadas de mosquitos, pernilongos e borrachudos, abundantes em algumas regiões. A erva cayapiá ou trigueirilho terrestre, assim como a salsaparrilha, eram consideradas poderosas no combate à febre. Como preventivos de diversas afecções, ingeria-se a malagueta e o gengibre.
Outro medicamento de grande apreço era proveniente da raspagem de esporões da anhuma, considerado como antídoto para muitos tóxicos e ao mesmo tempo amuleto. Rezas e benzimentos eram parte integrante de toda e qualquer terapêutica empregada (15).
Não se surpreenda o leitor com o uso de tão aberrantes substâncias, incluídas nos “remédios de paulistas”.  Longe de ser exceção, a prática de oferecer aos doentes elementos hoje por nós considerados estranhos e até repugnantes, foi utilizada por toda a “civilizada” Europa durante longo período. A utilização de excrementos era recomendação européia pois os indígenas desprezavam totalmente os dejetos 
A medicina tinha ainda um longo caminho a ser percorrido para, com base científica, apresentar soluções eficazes no tratamento de seus doentes. Os médicos que migraram para o Brasil eram em sua maioria formados na universidade portuguesa, trazendo consigo um ranço medieval, que persistiria na medicina européia por longos anos. Conseqüentemente, curandeiros, cirurgiões, barbeiros, boticários, eventualmente presentes, exerceram durante o Brasil-Colônia o ofício de curar ao mesmo tempo em que médicos desempenhavam atividades realmente muito próximas a eles (18). A ausência destes profissionais formados foi absolutamente indiferente à população brasileira de então, pelo pouco que podiam contribuir para sua saúde.
 O interesse nos “remédios de paulistas” está na constatação de uma verdadeira “confusão medicamentosa”, um misto da medicina popular portuguesa e práticas ameríndias. Esta última não seria mais utilizada como nos primeiros anos da colonização, porém, ela jamais desapareceu. Esteve inserida nas panacéias coloniais, disfarçada e algumas vezes renomeada em português. A sabedoria dos pajés pode ter sido rotulada como resultado da ignorância ameríndia, depreciação imposta pelos colonizadores, principalmente àqueles ligados à medicina oficial, mas sobreviveu, foi e continua a ser posta em prática. Alguns daqueles “chás da vovó” ou nas “garrafadas” utilizadas no norte e nordeste do Brasil contemporâneo, contém plantas medicinais de nossa herança indígena e a população rural mais afastada dos grandes centros, ostensivamente ainda faz uso delas. (19).

IV) Conclusões: A Importância das Plantas Medicinais Brasileiras

A flora brasileira despertou nos cientistas dos séculos XIX e XX, a necessidade de catalogar, colher e estudar quimicamente a vida vegetal. Estas expedições tornaram possível o conhecimento de várias plantas medicinais brasileiras na velha Europa. Muitas tiveram sua eficácia comprovada cientificamente, outras foram consideradas medicinais, porém, não para o uso indicado popularmente e várias outras foram fadadas ao esquecimento, de ação totalmente inócua.
Não consideradas como fitoterápicos propriamente ditos, mas plantas que permitem a extração de princípios ativos muito úteis para a medicina, foram e continuam sendo encontradas em nossas matas. Um exemplo é “lavadeira”, que permite a extração da vincristina e vinblastina, usadas no tratamento de neoplasias.
Marques, entretanto, em sua obra “Natureza em Boiões, Medicinas e Boticários no Brasil Setecentista”, chama a atenção à verdadeira evasão destas plantas genuinamente nacionais, ocorrida sob o indiferente olhar das autoridades:

  “E os saberes sobre as plantas que curam se consolidariam como precursores das ciências farmacêuticas sob novas nomenclaturas e com outras nacionalidades. Os saberes dos brasilíndios foram silenciados enquanto cientistas estrangeiros extraíam o princípio ativo das plantas brasílicas...”(18).

No Brasil atual, o uso de plantas medicinais é restrito na comunidade médica acadêmica. De fato, faltam estudos clínicos par conceder credibilidade ao uso deste tipo de medicamento (20). O ensino da fitoterapia no curso regular não é sequer cogitado nas universidades brasileiras, sendo considerada parte integrante da chamada medicina alternativa.
Ignoram-se integralmente os dados apresentados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mostrando que pelo menos 80% da população mundial já fez uso de alguma erva medicinal para procurar a cura ou alívio de algum sintoma, acreditando em sua eficácia (21).
É um total desprezo pelo saber de nossas florestas e que precisa ser revertido.

Tabela 1: Algumas plantas medicinais utilizadas pelos indígenas, descritas pelos colonizadores portugueses.
(Baseado em Marques - Natureza em Boiões. Medicinas e Boticários do Brasil Setecentista)
Nome Indígena
Nome vulgar
Indicação Medicinal
Classificação Botânica
Acajá
Cajá
Febre
Fam. Anacardiáceas; Gen. Spondias
Acaju
Caju
Febre, Exaustão.
Cicatrização de feridas (casca)
Fam. Anacardiáceas
Gen. Anacardium
Ambaigba
Imbaúba
O “olho” é usado nas feridas e o óleo pelos cirurgiões
Fam Urticalis
Gen. Cecropia
Andá
Purga dos Gentios
Laxante (noz)
Antidiarreico(casca)
Fam. Euphobiácea
Gen.Jatrofa
Caapeba
Parreira Brava.
Erva de Nossa Senhora
Combate o edema e as feridas
Fam. Menispermácea
Gen Cissalpelos
Caaromoçarandiga
Maçaranduba
Boubas e corrimentos (cascas e suco)
Fam. Sapotáceas; Gen. Mimusops
Câmara-aipo ou Campuaba
Erva de Santa Maria
Mentrasto; Mastruço
Vermífugo
Cozida na água lavava-se os pés
Fam.Salsolaceas; Gen.Chenopoduim
Cabureigba
Cabreúva
Cura de feridas recentes. Desaparecimento de cicatrizes antigas
Fam. Leguminosas
Gen Myroxylon
Caraguatá
Gravatá
Antisséptico
Fam. Bromeliáceas; Gen. Bromélia
Cayapiá
Carapiá
Contra-erva
Febres. Antídoto contra picadas de animais peçonhentos
Fam. Noréas
Gen. Dorstenia
Cupaigba
Copaíba
Ferimentos e dores de barriga (óleo)
Fam. Leguminosas
Gen. Copaíferas
Goemgeguaçu
Imbé (cipó)
Anti-hemorrágico (casca)
Fam. Aráceas
Gen Philodendron
Iabigrandi
Jaborandi
Doenças hepáticas. Dor de dente
Fam. Rutáceas; Gen. Piper
Ianipaba
Genipapo
Boubas (tinta); Desordens digestivas
Fam. Rubiáceas; Gen. Genipa
Igcigca ou Icica
Almecegueira
Emplastros (óleo)
Antisséptico, cicatrizante
Fam. Burseráceas
Gen. Bursera
Igpecacoaya
Ipecacuanha ou Poaia
Distúrbios digestivos
Fam. Rubiáceas; Gen. Cefalis
Ingá
Ingá
Doenças hepáticas (caroços)
Fam. Leguminosas; Gen. Ingá
Maracujá
Maracujá
Grenadilha
Febre (frutos)
Distúrbios respiratórios (folhas)
Fam. Passiflora
Gen. Passiflora
Nana
Ananaz
Antiemético
Fam. Bromeliáceas; Gen. Ananassa
Petume
Erva Santa
Tabaco
Distúrbios digestivos, respiratórios e nervosos.
Fam. Solanácea
Gen. Nicotina
Salsaparrilha
Salsaparrilha
Japecanga
Boubas e doenças venéreas ( “olhos” da planta)
Fam. Smiláceas
Gen. Smilax
Tareroquig

Fedegoso
Mata-pasto
Digestivo, distúrbios sangüíneos, doença do “bicho”
Fam. Leguminosa
Gen. Cássia
Resumo

Majoritariamente isolados de centros urbanos significativos, os primeiros colonizadores beneficiaram-se dos conhecimentos empíricos indígenas a respeito do uso de plantas medicinais.  Na ausência de profissionais médicos, os jesuítas acabaram tomando para si a responsabilidade de cuidar dos doentes, tornando-se os principais responsáveis pela sua documentação, mas coube aos bandeirantes a difusão do uso de muitos fitoterápicos, tornando-os conhecidos por “remédios de paulistas.” Maracujá,  ipecacuanha, óleo de copaíba,  jaborandi, são apenas alguns exemplos da vasta farmacopeia indígena. Atualmente, a comunidade médica acadêmica faz um uso restrito das plantas medicinais, mormente as de origem nacional. Tal fato não minimiza a extrema importância que tiveram e tem para a população brasileira.

Bibliografia
1) Schultz V; Hansel R; Tyler V.E. – Fitoterapia Racional. Quarta Edição. Editora Manole Ltda. 2002
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3) Brito M.V.H.; Siqueira R.B.P.; Santos M.T.; Carvalho R A. Revisão Crítica do Uso da Sacaca (Cróton cajucara, BENTH) como fitoterápico.  Rev. Para. Med.; 15(2): 10-17, abr-jun, 2001.
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21) Carvalho J.C.T; Almança C.C.J. Formulário de Prescrição Fitoterápica. São Paulo. Editora Atheneu, 2003.     

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