quarta-feira, 21 de maio de 2014

Banco de sementes nativas ajuda a enfrentar períodos de seca em Alagoas

Sementes saudáveis para o plantio em plena estiagem no sertão de Alagoas, que podem ser comercializadas, plantadas ou ainda servir de alimento para os rebanhos. Isso é possível a partir da união de 300 agricultores na Cooperativa de Pequenos Produtores Agrícolas de Bancos Comunitários de Sementes (Coppabacs). Os produtores rurais pegam as sementes emprestadas e, após o plantio, destinam de 30% a 50% do obtido a um banco criado para guardá-las. Assim, toda a comunidade tem acesso a elas e fica mais fácil atravessar os períodos de seca.
Sebastião Damasceno comemora os resultados do banco de sementes em Alagoas. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil 

O agricultor Sebastião Rodrigues Damasceno, de 58 anos, viu essa iniciativa surgir e hoje é um dos diretores da Coppabacs. A ideia começou a tomar forma nos anos 1980, com o trabalho da Comissão Pastoral da Terra junto aos pequenos produtores e, depois, foi criada a cooperativa. De acordo com Sebastião, a armazenagem das sementes é feita em vasos de zinco lacrados com cera de abelha. “É uma garantia de alimentação sustentável e de que haverá plantio no próximo ano”, diz o produtor, que vive em uma área rural perto do município alagoano de Santana do Ipanema.

O plantio das sementes estocadas mesmo durante a estiagem é possível graças ao acesso a sistemas de captação e armazenamento de água. De acordo com Sebastião Damasceno, boa parte dos sócios do Coppabacs foram beneficiados por programas da organização não governamental Articulação no Semiárido Brasileiro (Asa). A entidade, que trabalha com a ajuda de recursos do governo federal e de outros parceiros, fornece material para a construção de cisternas e mecanismos para captar água da chuva, tanto para consumo humano quanto para as plantações no Semiárido.

Sebastião Damasceno explica que a resistência das sementes armazenadas é de aproximadamente dois anos. Caso a seca se prolongue para além desse prazo, a solução é comprar sementes em regiões não afetadas, usando recursos da cooperativa. “Vimos em Minas Gerais e estamos com o sonho de colocar em Alagoas uma câmara para guardar sementes, com temperatura controlada. Nela, a durabilidade aumenta para cinco anos”, destaca o agricultor. Ele ressalta ainda que a estocagem preserva sementes de espécies nativas do Semiárido, garantindo a biodiversidade.

*A repórter viajou a convite da Articulação do Semiárido Brasileiro (Asa) e Articulação Nacional de Agroecologia (Ana) para cobertura do III Encontro Nacional de Agroecologia

Por Mariana Branco*, da Agência Brasil.

EcoDebate, 19/05/2014

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