sexta-feira, 13 de junho de 2014

Aroeira: medicinal ou condimentar?

Texto

Marcos Roberto Furlan - Engenheiro Agrônomo
Thais Marcondes Ferraz - Bióloga

Inicialmente, para responder, deve ser esclarecido para qual espécie está direcionada a pergunta, pois são, pelo menos, três espécies mais conhecidas como aroeira no Brasil. A Schinus terebinthifolius (foto 1), a Schinus molle (foto 2) e a Myracrodruon urundeuva (fotos 3 e 4), todas da família Anacardiaceae e de ocorência em boa parte do Brasil. Há outra aroeira da família, que pertence ao gênero Lithraea
Foto 1. Schinus terebinthifolius
http://pt.wikipedia.org/wiki/Aroeira-vermelha
Foto 2. Schinus molle L. 
Fotógrafo: Rosângela Gonçalves Rolim 
http://www.ufrgs.br/fitoecologia/florars/open_sp.php?img=5477 
Fotos 3 e 4. Myracrodruon urundeuva 
http://en.wikipedia.org/wiki/Myracrodruon_urundeuva 

Dentre estas aroeiras, a S. terebinthifolius se destaca na saúde por ser considerada, como fitoterápico, um medicamento eficaz como antimicrobiano, como cicatrizante e indicado, inclusive, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Também, é utilizada na cosmética. Além de denominações combinando a palavra aroeira, como, por exemplo, aroeira-mansa, aroeira-do-sertão, aroeira-brasileira, aroeira-da-praia, aroeira-do-brejo, aroeira-do-paraná, aroeira-pimenteira e aroeira-vermelha, é também conhecida por pimenta-rosa. Este último nome dá a dica de que é também considerada um condimento.

Na culinária, possui grande utilização na decoração de belos pratos, ou tornando o prato mais aromático, como quebrando as sementes e permitindo que elas exalem um cheiro doce e picante. A aroeira não possui a ardência das pimentas tradicionais. Nos Estados Unidos, a espécie ainda é ornamental, utilizada principalmente em decorações de Natal - por isso, lá recebeu a denominação de “Christmas-berry”.

A S. molle, também denominada, por exemplo, aroeira-salsa, aroeira-salso, aroeira-folha-de-salso, aroeira-mole, aroeira-periquito e pimenteiro, possui fama apenas como medicinal, mas são encontradas algumas referências na internet como condimento. Com relação aos usos terapêuticos, S. molle possui propriedade antiespasmódica, anti-reumática, emenagoga, antiinflamatória e cicatrizante (PIVA, 2002). Em experimento realizado por Santos et al. (2010), o óleo de S. molle foi eficaz contra os fungos fitopatógenos Alternaria spp., Botrytis spp., Colletotrichum spp. e Fusarium spp. 

A M. urundeuva recebe principalmente as denominações populares aroeira-preta e aroeira-do-sertão. Por ser resistente aos cupins e fungos, é muito apreciada como madeira, e devido ao teor de tanino é usada para curtir couros, o que tem comprometido sua população, correndo o risco, inclusive, de extinção. Não é utilizada como condimento, mas se destaca medicinalmente na população, pois tem amplo uso para problemas de pele.

No nordeste do país ela é mais utilizada como banho de assento no período puerpério (após o parto), devido à ação anti-inflamatória da substância chalconas diméricas. Pode-se fazer utilização também para afecções cutâneas, problemas no aparelho urinário, e ter ação cicatrizante.

Pesquisas publicadas sobre a planta são poucas, mas uma revelou que esta aroeira e a S. terebinthifolius apresentaram redução das hemorragias gástricas e do trânsito intestinal em camundongos (CARLINI et al., 2008).

Referências 

CARLINI, E. et al. Antiulcer effect of the pepper trees Schinus terebinthifolius Raddi (aroeira-da-praia) and Myracrodruon urundeuva Allemão, Anacardiaceae (aroeira-do-sertão). Rev. bras. farmacogn., v.20, n.2, p. 140-146, 2010.

CARAMICO, T.; PRATES, H. Guia de plantas medicinais. n. 3. Editora online, São Paulo. 2011.

PIVA, M. G. O caminho das plantas medicinais: estudo etnobotânico. Mondrian, Rio de Janeiro. 2002.

SANTOS, A. C. A. et al. Efeito fungicida dos óleos essenciais de Schinus molle L. e Schinus terebinthifolius Raddi, Anacardiaceae, do Rio Grande do Sul. Rev. bras. farmacogn. [online]. 2010, vol.20, n.2, pp. 154-159. 

TOLEDO, A. Plantas que curam. Revista Saúde. Ed. 329. Editora Abril, São Paulo. 2010.

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