terça-feira, 22 de julho de 2014

Povos pré-históricos conheciam as propriedades medicinais das plantas - Ciência e Saúde - Correio Braziliense

A descoberta contesta a tese de que a dieta dos ancestrais era baseada em alimentos proteicos


Publicação: 17/07/2014
Escavação de 90 tumbas no cemitério pré-histórico de Al Khiday, no Sudão Central: esqueletos tinham 9 mil anos

A imagem clássica que se tem dos ancestrais pré-históricos é a de mulheres e homens cabeludos, usando roupas de pele e armados com um porrete na mão. Carnívoros, perseguiam suas presas em bando e, nos acampamentos nômades, se banqueteavam com a caça. Então, um dia se tornaram agricultores, fixaram-se à terra e passaram a incluir no cardápio plantas e cereais.

A história, porém, não foi bem assim. Apesar de fortes evidências de que as comunidades pré-agrícolas tinham uma dieta essencialmente proteica, mesmo antes da revolução do campo, elas já tinham conhecimento das propriedades nutricionais e até medicinais das plantas. É o que indica uma pesquisa liderada pela Universidade Autônoma de Barcelona e pela Universidade de York, e publicada na revista Plos One.

Diferentemente do que acontece com ossos de animais, um material bastante farto nas escavações arqueológicas, é raro encontrar evidências do consumo de plantas e ervas pré-históricas. Por isso, os pesquisadores usaram uma abordagem diferente. Em vez de buscar restos de vegetais em fogueiras e potes cerâmicos, foram atrás dos indícios da ingestão desses alimentos em placas depositadas nos dentes de indivíduos pré-históricos.

Sinônimo de uma parca higiene bucal, o cálculo dental é uma ferramenta de trabalho valorosa para paleontólogos. Ele se forma quando a placa se acumula e mineraliza nos dentes. “Esse cálculo pode ser encontrado por toda a dentição nas áreas supragengival e subgengival e está relacionado a altos níveis de consumo de carboidratos obtidos a partir de açúcares, que, no fim, se converteram em glicose”, explica a arqueóloga Donatella Usai, do Instituto Italiano pela África e o Oriente, que liderou as escavações realizadas no Sudão. “Por causa de sua localização dentro da boca, o cálculo dental oferece uma ligação direta com o material que foi inalado ou ingerido, e seu valor como fonte de informação biográfica é cada vez mais evidente”, afirma. 

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