terça-feira, 22 de julho de 2014

Sustentabilidade ambiental, artigo de Roberto Naime

Nós devemos partir de algumas premissas para discutir a vida em equilíbrio. Não podemos esquecer que a finalidade última de nossa vida na terra é alcançar a máxima felicidade.

Podemos conceituar a vida em equilíbrio dentro de uma concepção técnica como os estágios vivenciais harmônicos inseridos em contextos de desenvolvimento sustentável, solidariedade, democracia e justiça social.

O melhor conjunto de aproximação para definir desenvolvimento sustentável que patrocina a vida em equilíbrio, pode ser resumido num pequeno conjunto de fatores:

Para contribuir com nosso sustento, que junto com o restante da sociedade caracteriza a sustentabilidade, devemos participar e contribuindo com a construção de empreendimentos compatibilizados com os meios físico e biológico;

Agora não é mais boa prática recomendável, a análise do ciclo de vida do produto, a gestão compartilhada e a logística reversa implica em adotar conceitos de ecodesign sempre que forem aplicáveis;

Tem que haver necessariamente uso conservativo de recursos naturais, tanto matérias primas quanto recursos hídricos e energéticos;

Sempre que necessário executar rigoroso tratamento de efluentes líquidos de qualquer natureza, satisfatórias práticas de gestão de resíduos sólidos e adequados monitoramentos atmosféricos, todos estes procedimentos devem ser executados dentro dos melhores conceitos e padrões técnicos, atingindo elevados níveis de eficiência e eficácia;

Uma postura de gestão ambiental e práticas de sustentabilidade pró=ativas exige ações de educação ambiental sistêmicas e projetos comunitários de finalidade ambiental relevantes;

Disposição e comprometimento social com a transparência, a solidariedade, a democracia e a justiça social.

Progresso não significa apenas estradas, indústrias, usinas, cidades e máquinas. Tudo isto melhora a qualidade de vida dos seres humanos, mas isoladamente não pode permitir uma dimensão de equilíbrio e felicidade coletiva.

Para isto precisamos de harmonia e sustentabilidade dentro de uma visão holística abrangente.

O progresso de forma descontrolada tem alto custo social e ambiental sendo responsável por grande parte dos impactos hoje identificados.

O atual modelo de crescimento econômico produziu enormes desequilíbrios. De um lado nunca houve tanta riqueza e fartura no mundo, e por outro, a miséria, a degradação ambiental e a poluição aumentam dia-a-dia.

Diante desta constatação, surge a necessidade do Desenvolvimento Sustentável, buscando conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental e o fim da pobreza no mundo.

Desenvolvimento sustentável pode ser definido de forma mais abrangente como a busca de equilíbrio entre tecnologia e ambiente, com participação de todos os grupos sociais e nações, em busca da qualidade de vida, equidade e justiça social.

Para atingirmos desenvolvimento sustentável, a proteção do ambiente tem que ser considerada integrante do processo de desenvolvimento.

Neste momento, deve ser enfatizada a diferença entre crescimento e desenvolvimento. Crescimento não conduz de forma automática à igualdade ou à justiça social, pois não considera estes aspectos.

O desenvolvimento considera a geração de riquezas e sua distribuição, de forma a melhorar a qualidade de vida de toda população, dentro do contexto de preservação ambiental do planeta.

O conceito amplo representado pelo desenvolvimento sustentado considera todo um conjunto de concepções e atitudes, destacando-se:

  • Buscar contemplar a satisfação das necessidades básicas da população, adotando o princípio da equidade social, integrando a todos e propiciando educação, saúde, lazer, etc.;
  • Priorização a preservação e conservação das condições ambientais para possibilitar boas condições de vida para as gerações futuras;
  • Estimular a participação para obter resultados relevantes, o que somente é possível adotando práticas de descentralização do poder e gestão solidária e democrática;
  • Auxiliar na construção de um sistema social que estimule a conservação ambiental, a eficiência econômica e a erradicação da miséria e inclusão social;
  • Realçar e contribuir para as práticas educacionais que são fundamentais dentro deste contexto.

Para atingir os objetivos fundamentais do desenvolvimento sustentável a ferramenta da educação ambiental é indispensável e estratégica, pois representa a maneira funcional de participação responsável.

Existem limites ambientais para o desenvolvimento, mesmo que de forma sustentada. Em 1987, um relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) já alertava que na medida em que os países em desenvolvimento começassem a atingir padrões de consumo de energia próximos ao dos países desenvolvidos, dentro da atual matriz energética, este fato se tornaria insuportável para o ecossistema planetário.

O antigo relatório já sintetizava as preocupações que hoje estão cada vez mais evidenciadas: “No passado nos preocupamos com os impactos do crescimento econômico sobre o meio ambiente. Agora temos que nos preocupar com os impactos do desgaste ecológico – degradação dos solos, regimes hídricos, atmosfera e florestas – sobre nossas perspectivas econômicas”.

Mais que a própria intensidade de ocupação do meio físico pelo imenso crescimento demográfico descontrolado, são a falta de planejamento no uso e ocupação do espaço e as incorreções e absurdos técnicos na concepção e implantação das ocupações, quando estas não são totalmente improvisadas e espontaneístas, que geram a maior potencialização dos problemas ambientais.

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

EcoDebate, 22/07/2014

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