Hábitos saudáveis já eram considerados uma arma contra o envelhecimento precoce. Porém, agora cientistas conseguiram provar, pela primeira vez, que ao mesmo tempo que eventos estressantes aceleram o envelhecimento celular, esses efeitos negativos podem ser reduzidos mantendo uma dieta saudável, a prática de exercício físico e dormindo bem.
Pesquisadores da Universidade da Califórnia, incluindo a ganhadora do Prêmio Nobel de 2009, a australiana Elizabeth Blackburn, examinaram os três hábitos saudáveis durante um ano em 239 mulheres não fumantes e após a menopausa. As participantes foram monitoradas por exames de sangue e também relataram se vivenciaram eventos estressantes nos 12 meses.
A análise das amostras de sangue tinha o objetivo de medir os telômeros, parte dos cromossomos que encurtam por conta de eventos estressantes. Com o encurtamento desta parte do cromossomo, as células não se duplicam e acabam morrendo, o que ocasiona o envelhecimento.
Os resultados mostraram que eventos estressantes, tais como a morte de um membro da família, pressão financeira, divórcio ou assédio sexual, tinham um efeito mensurável sobre o comprimento dos telômeros no cromossomo de células imunológicas das mulheres.
As participantes que se exercitaram, dormiram bem e comeram bem apresentavam menor encurtamento do telômero do que aquelas que não mantiveram estilo de vida saudável, mesmo tendo níveis semelhantes de estresse. De acordo com o estudo, os hábitos saudáveis pareciam proteger os telômeros.
"Este é o primeiro estudo que comprova a ideia de que eventos estressantes podem acelerar o envelhecimento de células imunológicas em adultos, mesmo no curto período de um ano. Porém, o mais importante é que os resultados indicam que é importante se manter ativo, comer e dormir bem durante períodos de alta tensão para atenuar o envelhecimento acelerado das nossas células do sistema imunológico", disse o autor do estudo, Eli Puterman, do departamento de psiquiatria da Universidade da Califórnia em São Francisco.
Estudos recentes associaram o encurtamento dos telômeros a uma ampla gama de doenças relacionadas ao envelhecimento, incluindo acidente vascular cerebral, demência vascular, doença cardiovascular, obesidade, diabetes de osteoporose e muitas formas de câncer.
"Os novos resultados são emocionantes. Eles nos impulsionam para avançar em intervenções para modificar o estilo de vida daqueles que vivenciam momentos de muito estresse para testar se o atrito do telômero pode ser verdadeiramente mitigado", disse Blackburn, já pensando em novos estudos.
31 de Julho de 2014
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