quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Artemisia absinthium

Informações do:
https://www.facebook.com/oipm.ffuc

Apareceu no Jornal Sol da passada sexta-feira (dia 20 de fevereiro 2015) uma noticia sobre a possibilidade de se utilizar artemisina (constituinte quimico da Artemisia absinthium) para tratamento do cancro. Aqui fica o nosso comentário à noticia.

A artemisinina é uma das substâncias químicas existentes em plantas como a Artemisia. Estas plantas, por exemplo, a Artemisia absinthium são espontâneas em Portugal e TÓXICAS, como é do conhecimento do grande público, e não precisam de vir da CHINA porque são espontâneas em Portugal.

Em 2001, o Professor Proença da Cunha (meu director de serviço na época) e eu escrevemos o livro “Efeitos Tóxicos Provocados por Plantas Espontâneas de Portugal”. Maria da Graça Campos e António Proença da Cunha , Ed. Associação Nacional de Farmácias, Lisboa. 2001 ISBN 1668009/01 (ESGOTADO), aonde alertamos exactamente para esse facto (ver páginas 46 e 47 nesta informação). Fotos retiradas do livro incluídas nesta notícia

A Artemisia já é estudada para a malária faz muito tempo e no estudo que vem referido neste anuncio nada acresce de relevante ao que se sabe. Apenas fica a ideia de que vai vender muito bem, pois promete uma cura rápida e sem falar em nenhum risco.

É preciso relembrar que dos 128 medicamentos para o cancro colocados nos últimos 30 anos no mercado, apenas 20 são de origem totalmente sintética, todos os outro são se ORIGEM NATURAL OU A MOLÉCULA QUÍMICA QUE LHES DEU ORIGEM É NATURAL.
Os que se usam em Portugal são os mesmos que se usam no resto do mundo incluindo na China. Quanto mais grave for a doença mais complexo e agressivo é o tratamento e crucial a monitorização do mesmo, e não devem ser usados produtos, como se refere no final do anúncio, sem que haja aprovação das entidades competentes de que pode ser feita essa terapêutica sem risco. 

Exemplos de medicamentos para o cancro de origem natural:

Vinorelbina é um alcalóide extraído da planta Vinca rosea (Catharanthus roseus L..), o Paclitaxel e outros medicamentos similares são derivados de compostos extraídos do Teixo (Taxus baccata L.) e a Combrestastatina foi estudada e desenvolvida a partir do Combretum caffrum L.. 

Estes são apenas alguns exemplos entre muitos outros. Dada a sua elevada atividade terapêutica não podem ser usados diretamente da planta, pois não é possível controlar a dose que se utiliza e com o elevado risco de toxicidade pode conduzir à morte do doente.

Isto também é referido no vídeo que vem com esta notícia do uso de ferro e artemisina (constituinte químico isolado e não a planta inteira). Aliás o Dr. Len Saputo, que faz este vídeo, refere ao minuto 3 “que, PELO MENOS, EM TEORIA DEVE FUNCIONAR” e ao minuto 4 diz ainda que PODE HAVER PROBLEMAS QUE PODEM ADVIR DA TOXICIDADE DO TRATAMENTO QUE AINDA NÃO FOI TESTADO CIENTIFICAMENTE EM HUMANOS DADO QUE OS RESULTADOS DE QUE FALA SÃO DE ENSAIOS APENAS EM CÉLULAS IN VITRO. 

Assim, os constituintes ativos quer estejam isolados, quer em concentrados (extratos) padronizados para que exerçam a sua atividade causando o menos efeitos secundários, devem ser usados com o máximo de rigor e com o mínimo de interferências. Voltar a usar “produtos naturais” em regime “tentativa erro”, como se fazia no início do século passado, é uma profunda regressão em tudo o que conseguimos validar cientificamente até hoje. 

O uso de Plantas Medicinais está devidamente legislado para salvaguarda de quem as virá a utilizar com fins terapêuticos e o conhecimento científico que para elas existe, permite-nos usá-las com o rigor necessário que ajude no tratamento da doença salvaguardando a pessoa.

Todo e qualquer produto usado para tratar deve ser preparado e administrado segundo a legislação vigente, o que obedece a um rigoroso controlo de qualidade salvaguardando a Saúde Pública. Não se deve tomar, ou induzir alguém a tomar, produtos que saiam destes parâmetros pois, caso contrário, está a servir de cobaia na administração de substâncias que não estão aprovadas com todo o risco que a isso está adjacente, que é o que o Dr. Len Saputo sugere no final do vídeo, e isso é ilegal e pode colocar em risco a saúde dos doentes.

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