postado por Rafael Rioja Arantes em Quinta-feira, 30 de Abril de 2015
Se você faz ou já fez compras em feiras já deve ter se deparado com aquelas dúvidas diante da variedade de hortaliças encontradas nos balcões do tipo “é rúcula ou espinafre? é salsinha ou coentro?”. Pois saiba que a quantidade de vegetais que existem em nosso território e que grande parte da população não tem conhecimento é muito maior.
O trabalho de Nuno Madeira, agrônomo e pesquisador da Embrapa Hortaliças – DF, que dá o título a esta matéria tem por objetivo “contribuir para o resgate de conhecimentos sobre o cultivo e utilização de variedades de hortaliças não-convencionais junto a populações tradicionais e à sociedade como um todo”. Por definição, hortaliças não-convencionais são aquelas que exercem uma grande influência na cultura e alimentação de populações tradicionais, mas que não possuem um alto valor comercial como as convencionais (alface, cenoura, batata, tomate, etc.).
Em relação a nomenclatura, o termo “hortaliça não-convencional” é utilizado preferencialmente em relação a “tradicional”. Apesar do termo tradicional resgatar o aspecto sociocultural que deve ser associado ao alimento, para fins deste projeto pode também remeter a hortaliças usuais como batata e tomate por exemplo.
As hortaliças não-convencionais são produzidas majoritariamente por agricultores familiares para consumo próprio, enquanto as hortaliças que possuem um maior valor de mercado são produzidas para venda. Estas hortaliças são excelentes fontes de fibras, minerais, vitaminas A e B, proteína, e efeitos funcionais dependendo da espécie. Elas poderiam também ajudar a aumentar a renda destas famílias caso o seu valor alimentício fosse melhor compreendido pela população.
Conheça algumas destas hortaliças:
Araruta
É uma planta com ampla distribuição no território brasileiro, e a parte que é consumida é a que fica debaixo da terra (caule, raiz). É utilizada como farinha na produção de pães e biscoitos, sendo uma ótima opção para celíacos pois não contém glúten.
Mangarito
É originária da parte central do Brasil e era muito consumida antigamente, nos dias de hoje, está quase extinta. A parte consumida também é o rizoma, possui paladar extremamente agradável, custa caro nos restaurantes.
Cubiu (maná)
Um fruto indígena da Amazônia conhecido popularmente como maná ou topiro. Possuí em sua composição um elevado nível de pectina, substância utilizada para formar geleias também encontrada na maçã.
Azedinha
Uma folhosa deliciosa com sabor de limão consumida em saladas cruas ou sopas. É predominante em regiões de clima ameno entre o Rio Grande do Sul e Minas, temperaturas acima de 30 graus desfavorecem o seu crescimento.
Capuchinha
Planta extremamente adaptável a diferentes climas e temperaturas. É muito eficaz quando plantada em companhia de outras hortaliças por repelir besouros e pulgões. Toda a sua parte externa incluindo caule, folhas e flores é comestível.
Vinagreira
É plantada de norte a sul no Brasil sendo suas plantas predominantemente de folhas verdes ou roxas. Sua folhagem é consumida fresca e se configura como ótima fonte de vitaminas A e B1. Sua flor também é comestível, e utilizada para confecção de doces, geleias, e para produção do chá de hibisco.
Para conferir na íntegra todas as hortaliças classificadas como não-convencionais e seus valores nutricionais leia oManual de Hortaliças Não-Convencionais.
A valorização de alimentos pertencentes a cultura brasileira é fundamental para o avanço da Segurança Alimentar e Nutricional e para a Soberania Alimentar. Como mostrado através do projeto com hortaliças não-convencionais, o valor nutricional destes alimentos é riquíssimo, e pode também ser um importante gerador de renda para famílias e produtores agroecológicos a partir do momento em que as pessoas tiverem conhecimento do seu potencial.
Foto cedida por: Layse Ennes HortiNutri
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