quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Tecnologias sociais, que valorizam as mulheres, são finalistas no Prêmio Fundação B

Data: 04.11.2013

Os projetos contribuem para o aumento na renda das famílias, da autoestima e no enfrentamento das desigualdades sociais

Por Dalva de Oliveira
Promover geração de renda para agricultores familiares e contribuir com a conservação do bioma Cerrado são alguns dos objetivos da tecnologia social “Cadeia Produtiva do óleo de amêndoas de gueroba”, localizado em Buriti de Goiás (GO). A iniciativa foi desenvolvida por uma associação de mulheres agricultoras, com o objetivo de fortalecer a organização comunitária e dar assistência técnica na elaboração de projetos, além de desenvolver produtos cosméticos, com o aproveitamento da palmeira gueroba. Com o trabalho de beneficiamento (retirada da amêndoa, quebra e extração do óleo), o grupo de mulheres garante um reforço na renda familiar.

Em Campo Grande (MS), a Tecnologia Social “Prática de Autogestão da Economia Solidária” é referência na América Latina, há quase sete anos, em autogestão e modelo de transformação social. O projeto tem o envolvimento de 38 municípios e funciona com a participação de todos os cooperados, em regime democrático. Na Central de Economia Solidária, que faz parte da tecnologia social, são comercializados produtos da agricultura familiar, indígenas, quilombolas, além de artesanatos da fibra de bananeira, bordados e artesanatos regionais. No espaço também são oferecidos serviços como: ateliê de costuras, salão de beleza e massoterapia com profissionais cegos.

A tecnologia social “Licuri: Geração de renda e sustentabilidade ambiental”, de Monte Santo, cidade do interior baiano, investe na gestão e na mobilização das mulheres. Na região, o extrativismo do licuri -palmeira nativa da região - tem mudado a realidade de várias comunidades. Todo trabalho é feito com o envolvimento de 621 famílias - colheita e pré-processamento (quebra, secagem e separação da casca) - distribuídas em 26 comunidades e quatro municípios, que tiram do coco os recursos para a sobrevivência. Passada a fase de pré-processamento, a amêndoa é encaminhada para a Unidade Beneficiadora, onde a matéria prima é processada e o óleo é retirado. Da torna (fibra que sobra do processamento) é feita ração para os animais. O óleo do licuri é usado na fabricação de produtos de limpeza e beleza.

O que esses três projetos têm em comum? Eles são finalistas do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social, na categoria Mulheres. Na lista, estão também outras três iniciativas: “Mulheres Rurais, Farinha de babaçu e a Rede de Comércio Justo e Solidário”.

Mulheres Rurais: Auto-organização, Formação e Articulação”, da cidade de São Paulo (SP), tem em seu currículo a expertise de sensibilizar e capacitar mulheres rurais sobre temas que envolvem organizações produtivas, acesso ao crédito, formação política, desigualdades, entre outros. O projeto promove oficinas de capacitação para que as mulheres adquiram autonomia e sustentabilidade nos empreendimentos.

Já a tecnologia social “Farinha de Babaçu: geração de renda para quebradeiras de coco”, de São Miguel do Tocantins (TO), promove o fortalecimento da cadeia produtiva do babaçu, por meio da organização da produção em cooperativas, do melhor aproveitamento e agregação de valor do produto, geração de renda e valorização do conhecimento tradicional. As soluções apresentadas pela tecnologia social viabilizam a diversificação dos produtos derivados do babaçu e o aproveitamento de todo o fruto e, consequentemente, garantem uma melhor renda às quebradeiras. Hoje, as escolas e creches da região utilizam o babaçu na alimentação das crianças.

Direto de Porto Alegre (RS), a tecnologia social “Rede de Comércio Justo e Solidário”, fomenta a economia com o investimento na aproximação entre o produtor e o consumidor das comunidades e instituições luteranas. A rede surgiu para dar apoio aos produtores, que, apesar de terem produtos de qualidade comprovada, não conseguiam ter sucesso na comercialização. Com essa aproximação entre as duas pontas, a Rede de Comércio Justo e Solidário conseguiu implementar uma relação comercial mais transparente, que trouxe ganhos significativos para todos.

Todas as seis iniciativas, que vieram dos estados de Goiás, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Bahia, Tocantins e Rio Grande do Sul, estão correndo aos prêmios de R$ 80, R$ 50 e R$ 30 mil. As vencedoras serão conhecidas em novembro, durante a cerimônia para a entrega do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social. Esses projetos favorecem especialmente as mulheres, que estão transformando a realidade das suas comunidades. O resultado do trabalho é o aumento na renda das famílias envolvidas, da autoestima e no enfrentamento das desigualdades sociais.

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