Nos últimos sete anos, o Paraná registrou 34.220 incidentes com aranha-marrom, o que o torna o estado brasileiro onde há maior número de casos envolvendo o aracnídeo. Por mais que, ano após ano, as secretarias da saúde estadual e dos municípios alertem para os riscos que a picada da aranha oferece, até o dia 28 de outubro, foram 2.850 registros de picadas em terras paranaenses. Uma pesquisa que está sendo desenvolvida na Universidade Federal do Paraná (UFPR), no entanto, busca encontrar uma forma de reduzir esses números.
O estudo do departamento de química começou a apontar, no fim do ano passado, para a possibilidade de matar a aranha-marrom utilizando compostos naturais extraídos de plantas. “Em testes preliminares, também matou o escorpião amarelo com uma mistura com baixos níveis tóxicos ao ser humano”, conta o coordenador do projeto, o professor Francisco de Assis Marques.
O trabalho ainda não está concluído e, neste ano, novos resultados devem ser obtidos, como a dose letal do componente que mata a aranha e a maneira com que ele deve ser aplicado. “O estudo tem que ser aprofundado agora. Com o calor que começa nesta época do ano, vamos coletar mais aranhas para fazer isso”, adianta Marques.
Ele destaca que as substâncias da mistura - guardadas a sete chaves pelos pesquisadores - são usadas até para dar cheiro a alguns alimentos. “A grande surpresa da pesquisa foi descobrir que justamente componentes baratos e simples foram eficazes”, ressalta Marques, que já testou o produto na própria casa e, segundo ele, acabou com os aracnídeos.
Apesar de não conhecer a pesquisa que vem sendo desenvolvida pela UFPR, o biólogo Emanuel Marques da Silva, da Divisão de Vigilância de Zoonoses e Intoxicações da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), faz ressalvas em relação à ideia de usar um produto para solucionar o problema.
“Essa é uma medida paliativa que oferece uma falsa alternativa para o controle da situação. Se você passar veneno em um ponto específico, a aranha vai apenas se deslocar para outro lugar”, argumenta. Emanuel explica ainda que, para ser usado pela população em geral, um produto precisa passar por muitos testes. “Além disso, só se recorre a substâncias químicas em situações extremas”, ressalta.
O biólogo comenta que matar uma aranha é fácil, o que é feito “até por água quente”. A grande dificuldade, no entanto, não é matá-la, mas evitar que ela esteja próxima. A saída, então, é a mesma para qualquer tipo de animal: o remanejo ambiental. “Se você encontra a aranha-marrom, baratas, ratos e mosquitos da dengue, você pode e precisa mudar o ambiente em que o encontrou para que ele não more mais ali”, explica.
Data: 26.12.2013
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