segunda-feira, 26 de maio de 2014

CMA comemora 20 anos na translocação de peixes-bois

Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos-CMA em Itamaracá/PE

Quatro peixes-bois marinhos (Trichechus manatus manatus) serão translocados nesta segunda-feira (26), da sede do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos-CMA em Itamaracá/PE, até ao cativeiro em ambiente natural localizado em Porto de Pedras no litoral norte de Alagoas. A ação faz parte das comemorações de 20 anos de reintrodução e o 46º animal a ser translocado para os cativeiros em ambiente natural.

Raimundo, Natália, Quitéria e Clara, nomes dos peixes-bois marinhos que vão ser translocados, foram encaminhados ao Centro de Reabilitação de Animal Silvestre (CRAS) do CMA com menos de 30 dias de nascidos. O macho foi encontrado, em 2011, encalhado na Praia do Mangue/RN e resgatado pela equipe do Projeto Cetáceos da Costa Branca (PCCB/UERN).

Já a equipe da Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (AQUASIS) resgatou duas fêmeas no litoral do município de Icapuí/CE, uma em 2010 e a outra em 2011. Enquanto que Clara foi encontrada, em 2010, pela AQUASIS encalhada na praia de Retirinho município de Aracati/CE.

Agora, os quatro juvenis estão em condições clínicas favoráveis para translocação aos cativeiros em ambiente natural. “Depois do período de adaptação no cativeiro em ambiente natural, a próxima etapa será a reintrodução dos peixes-bois marinhos na natureza e que assim possam contribuir para conservação da espécie” explica a Coordenadora Adjunta do CMA, Carla Marques.

A localização do estuário do Rio Tatuamunha foi decisivo na escolha do local de construção do cativeiro de adaptação de peixe-boi marinho em ambiente natural e vem sendo utilizado como principal ponto de soltura desta espécie.

O lugar foi concebido de forma a provocar o mínimo impacto possível aos peixes-bois marinhos, porém passíveis das ações naturais de forma a permitir o aprendizado dos animais cativos às alterações como mudanças de marés, temperatura, salinidade e turbidez da água.

Os espécimes reintroduzidos constantemente freqüentam os arredores do recinto, interagindo com os animais cativos. Este fato proporciona uma vocalização dos animais já adaptados com os em fase de adaptação, possibilitando o aprendizado destes animais.

Em 1994 o litoral alagoano foi palco da primeira soltura de peixe-boi marinho no Brasil e desde então foram translocados 31 dos outros 42 animais já translocados perfazendo 73,8% da população no local.

Sobre a espécie

O peixe-boi marinho (Trichechus manatus manatus) possui a distribuição geográfica da costa leste do México e América Central, nas Antilhas, e no norte da América do Sul até o nordeste do Brasil, no estado de Alagoas.

Estes animais chegam a medir até 4 metros de comprimento e na idade adulta pesam em média 500 quilos. O peixe-boi-marinho tem a pele rugosa, com a cor variando entre cinza e marrom-acinzentado.

É o mamífero aquático mais ameaçado no Brasil. Sendo os encalhes, os atropelamentos por embarcação e a ingestão de lixo as principais causas do comprometimento da conservação do peixe-boi marinho. Entre as causas de mortalidade da espécie destacam-se a interação com o homem e as doenças como viroses e parasitoses.

CMA

O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos – CMA, do Instituto Chico Mendes da Conservação da Biodiversidade – ICMBio, manejou nestes mais de 30 anos de atividade, 94 peixes-bois marinhos vivos, o que representa 18,8% de toda a população brasileira. Destes, 40,4% já retornaram à natureza e 25,5% ainda se encontram cativos, seja por serem inaptos à reintrodução ou por estarem aguardando a finalização do processo de reabilitação para a soltura.

O peixe-boi marinho está protegido por leis nacionais, cabendo ao ICMBio a definição das estratégias para conservação da espécie. Para tanto, atua na avaliação do estado de conservação e na elaboração e implementação do Plano Nacional de Ação para Conservação dos Sirênios – ordem a qual pertencem os peixes-bois.

Neste sentido, o CMA tem a missão de ser um centro de excelência no desenvolvimento de pesquisas que possibilitem o conhecimento necessário à conservação dos mamíferos aquáticos, bem como dos ambientes dos quais estes dependem.

Desde o começo de 2010 o CMA/ICMBio conta com a parceira do Instituto Mamíferos Aquáticos (IMA) para desenvolver as atividades relacionadas à conservação do peixe-boi. Esta instituição possui como missão promover ações em prol da conservação dos mamíferos aquáticos e seus ecossistemas interiores, costeiros e oceânicos.

Programação

26 de Maiode 2014 (Itamaracá/PE)
18h40 – Treinamento e simulação da retirada dos animais
20h30 – Reunião com funcionários
22h – Início do Processo de Translocação Esvaziamento do cambiamento 1
22h40 – Inicio retirada de Raimundo
23h20 – Retirada dos animais de dentro da piscina 4 (Natália e Quitéria)
0h30 – Retirada de Clara da piscina 4
1h15 – Saída do comboio

27 de Maio de 2014 (Porto de Pedras/PE)
7h45 – Chegada dos animais em Porto de Pedras/AL
8h – Averiguação da logística para a soltura dos animais no recinto e posicionamento dos equipamentos
9h45 – Término da soltura dos animais no cativeiro e inicio do monitoramento de 24h dos animais soltos

Colaboração de Nara Souto, ICMBio, para o EcoDebate, 26/05/2014

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