Por Roberta Tavares
30 de julho de 2014
A hortoterapia ocorre duas vezes por semana, com o preparo dos canteiros para as mudas e com a colheita para produção de medicamentos fitoterápicas
Usuários ficam responsáveis desde a produção até a colheita (FOTO: Roberta Tavares/Tribuna do Ceará)
Difícil encontrar quem não goste de cuidar de um jardim, de uma pequena horta ou mesmo de um vasinho de planta. Além do prazer e do cuidado, a interação com a natureza está ajudando também na recuperação de ex-usuários de drogas e bebidas alcoólicas em Fortaleza. “Eu cuido das plantas, adubo, varro o jardim. É melhor estar aqui, porque não penso em beber”, admite José Almir da Cunha, um dos beneficiados do projeto “Farmácia Viva e Saúde Mental”.
A oficina ajuda usuários da Rede de Atenção Psicossocial da Regional IV e acontece desde 2008, no Bairro Itaperi. O início foi possível graças a parceria com a Universidade Estadual do Ceará (UFC), que foi a doadora das mudas para a unidade. O trabalho ocorre duas vezes por semana, com o preparo dos canteiros para as mudas e o cultivo de plantas medicinais e leguminosas: tem capim-santo, erva cidreira, alecrim-pimenta, babosa, coentro e cebola. Tudo é plantado e cuidado por cerca de 10 homens em recuperação. “Estou há quatro anos aqui. Venho cinco dias por semana, participo de palestras, onde me perguntam como está a minha vida, o meu tratamento”, comenta José Almir.
O interessante é que os usuários do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) também participam da colheita do que foi plantado, para a produção de medicamentos fitoterápicos, como sabonetes líquidos antissépticos e tinturas dermatológicas. A produção é comercializada na própria comunidade e em feiras artesanais realizadas pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico. O dinheiro arrecadado é convertido para compra de ferramentas e adubos para o projeto.
Preocupado com o funcionamento do horto, Paulo César Martins rega as plantas praticamente todos os dias da semana, mesmo que não seja dia de oficina no horto. “Quando eu venho falar com a médica, para a consulta, aproveito e depois venho aguar, porque não tem outra pessoa para fazer isso. Aqui tem cebola, coentro, gengibre. Olha aqui [apontado para os coentros], tá vendo? Eles já estão nascendo”, comemora o usuário, que está no projeto há pouco mais de seis meses. “Eu bebia muito. Pra mim aqui é bom demais, porque não tem aquele sufoco do dia a dia, sabe?”
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