quinta-feira, 14 de agosto de 2014

A hora e a vez de uma planta “daninha”

Fatos & matos nas calçadas de São Paulo – II


Marcos Roberto Furlan 

Augusto Matraga, no conto “A hora e a vez de Augusto Matraga”, do mineiro Guimarães Rosa, de vilão (e um tremendo vilão!), no começo do enredo, passa por um bocado de sufocos. Momentos em que, ao ser cuidado por pessoas do bem, passa a refletir sobre a sua forma de agir. No final, transforma-se em uma pessoa de boa índole. Contudo, contrariando o polêmico ditado “o pau que nasce morto, não tem jeito, morre torto”, devemos acreditar que sempre é possível uma conversão positiva, como também aconteceu com Paulo de Tarso, o qual de perseguidor de discípulos passou a ser um discípulo de Jesus.

Assim também pode acontecer com as plantas (se bem que raramente uma é daninha!), exceto se usada indevidamente ou em local não apropriado. Há, porém, como classificada anteriormente de daninha, porque invasora ou indesejável. Ainda que não tão valorizada, passa a ser consagrada pelos seus valores, isto é, pela descoberta de uma propriedade medicinal ou uma vantagem nutricional, dentre outras possibilidades consideradas benéficas ao homem. O contrário também acontece, como aconteceu com o confrei, que de planta medicinal famosa passou a ser considerada tóxica. Todavia, depois descobriram que, se usada externamente ou seguindo algumas recomendações, não causa problemas. No caso de plantas, ao contrário de alguns seres humanos, sempre terá algo positivo a oferecer.

Para ilustrar o que foi citado, vamos a uma das "daninhas". E usando uma que foi fotografada nas calçadas de São Paulo, pela mineira Luiza Savietto, médica que sabe muito sobre nutrologia e vegetarianismo, dentre outras áreas da saúde, e que se preocupa com os matinhos que encontra nas ruas, terrenos baldios e campos.

A guanxuma, Sida rhombifolia, que geralmente indica que o solo é compactado, é um exemplo de ser injustamente denominada por “erva daninha”. Além de ser usada para fazer vassouras, e também como fonte de fibras para roupas (é da mesma família do algodão, a Malvaceae), tem uso na medicina popular, tanto como tônica e estomáquica, como calmante e vários outros usos. Na ayurveda, onde é muito valorizada, é denominada de Mahabala, sendo usada, por exemplo, as raízes como emoliente, afrodisíacamas. Se ingerida pelos animais, pode causar intoxicações, com alterações neurológicas.

Referências sobre a planta:

Indicação do uso como apícola:
http://quintaisimortais.blogspot.com.br/2012/12/lista-de-plantas-medicinais-apicolas.html

Sobre uso na Ayurveda e descrição da planta:
http://www.phytojournal.com/vol2Issue3/Issue_sep_2013/1.1.pdf

Atividade contra malária:
http://pt.slideshare.net/pharmamailbox1/antimalarial-activity-gardenia-lutea-and-sida-rhombifolia-ijrpp

Atividade antimicrobiana
http://www.apjtb.com/zz/20141/4.pdf
Guanxuma
Foto: Luiza Savietto

Link para outro Fatos & matos
http://quintaisimortais.blogspot.com.br/2014/08/a-cidade-e-as-serralhas.html

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