As pimentas e os pimentões pertencem ao gênero Capsicum (do grego kapso: arder) e compõem importante parte do mercado de hortaliças frescas do Brasil, e do segmento de condimentos, temperos e conservas, em nível mundial.
A pimenta-malagueta ou tabasco (C. frutescens), um subarbusto, da família Solanaceae, que possui flores alvas e frutos vermelhos bastante picantes, no Brasil, é cultivada nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste.
A pimenta-dedo-de-moça (C. baccatum var. pendulum), ocorre no Noroeste da América do Sul e, no sul e sudeste do Brasil. Na Bacia Amazônica, a espécie mais conhecida e utilizada na culinária e na medicina popular é C. chinense (pimenta-murupi).
A ardência das pimentas deve-se à presença de capsaicina e capsaicinóides que se concentram na parte do fruto onde estão inseridas as sementes. Para reduzir a ardência após a ingestão de pimenta prefere-se beber leite e derivados. A capsaicina é pouco solúvel em água, mas a solubilidade aumenta em álcool e óleo. A pungência (ardência) é medida pelo Teste Organoléptico Scoville. Assim, o índice para a pimenta-dedo-de-moça é de 46.000; para a pimenta-malagueta, de 164.000 e para a pimenta-murupi, de 223.000.
Os índios caetés iniciaram o uso do pó de pimenta contra os inimigos. Na atualidade, a oleoresina é empregada na forma de aerossol ou espuma pelas forças armadas.
Embora o principal uso das pimentas seja na alimentação devido à pungência, há diversos estudos que comprovam a eficácia de preparações de uso tópico (cremes ou pomadas) como auxiliar no tratamento de neuralginas posherpética/diabética e redução da dor em osteoartrite. A oleoresina não mostra eficácia constante como a capsaicina isolada. A Comissão E alemã não recomenda estender o uso por mais de dois dias devido ao dano nos nervos sensitivos. Outros potenciais usos são como gastroprotetor e antimicrobiano.
Além da coloração intensa e dos sabores picantes, associados aos caprichos e à sedução, a pimenta, historicamente tem sido considerada como um suposto afrodisíaco. Já no século XVI era proibida aos jovens sob a suspeita de estimular a sensualidade. Mas tudo isso surpreendentemente pode ter fundamentos razoáveis, uma vez que a capsaicina, ao provocar o aumento dos níveis de endorfina, faz com que o Sistema Nervoso Central responda com uma agradável sensação de prazer e bem estar, além de elevar a temperatura corporal e ruborizar a face, condições propícias ao afloramento espontâneo da sensualidade.
Ribeiro CSC et al. 2008. Pimentas. Capsicum. EMBRAPA, Brasília. Sharma et al. 2013. Mechanism and clinical uses of capsaicin. Eur J Pharmacol, v. 720, p.55-62.
Voegeli S & Baenninger PB. 2014. Severe chemical burn to the eye after pepper spray attack. Klin Monatsbl Augenheilkd, v. 231, p. 327-328.
Valverde, RMV. (2011). Composição bromatológica da pimenta malagueta in natura e processada em conserva. UESB, Itapetinga-Bahia.
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