Cidadãos de São Paulo e Rio de Janeiro são quase unânimes em um ponto: o principal responsável pelo combate a dengue é a própria população. Essa é, pelo menos, a opinião de 83% dos participantes da pesquisa inédita Eu Amo Minha Cidade Sem Dengue, deSBP – marca de inseticidas da anglo-holandesa RB (Reckitt Benckiser) –, sobre o entendimento e o comportamento diante da doença. Na prática, porém, a realidade é diferente. Apenas uma a cada quatro pessoas afirma real engajamento com o problema, e esforços coletivos de combate estão entre os mais impopulares.
O estudo ouviu 1000 pessoas (500 homens e 500 mulheres), de idades entre 25 e 55 anos, na capital e interior desses estados, no último mês de fevereiro. “Nossa expectativa com esse esforço é abrir os olhos da população e conscientizá-la de que todos nós precisamos juntar forças para combater a dengue. Nesse sentido, e para estimular o envolvimento das pessoas, criamos também a plataforma nossacidadesemdengue.com.br, que reúne conteúdo, além de muitas dicas práticas de prevenção e proteção que são facilmente compartilháveis nas redes sociais”, explica Holly Garbett, gerente de categoria da RB.
O baixo comprometimento contrasta com duas posições praticamente consensuais reveladas na investigação. Nove a cada 10 respondentes reconhecem que todos estão suscetíveis à picada do mosquito transmissor (92%), e a maioria (72%) já sofreu pessoalmente, ou conhece alguém próximo que contraiu o vírus.
Dentre os respondentes desse perfil, porém, 1 a cada 4 respondentes (27%) afirmou não ter adotado novos hábitos de combate após o episódio de contato. “O reconhecimento do aspecto democrático da doença e o grande índice de impactos por ela surpreendentemente não provocam mudanças de comportamento em todos”, observa o biólogo e mestre em saúde pública João Paulo Correia Gomes, parceiro da marca no trabalho.
Para 94% dos realmente comprometidos, atenção para não ter água parada em casa é a principal medida de engajamento. Em segundo lugar, o alerta para água perto do lar é apontado por 68% do grupo. Por outro lado, outras ações para além dos limites do domicílio, como conversar com vizinhos, monitorar casos de dengue na região e recolher lixo da rua são relacionadas por parcela inferior a 15%.
Outro contraste observado diz respeito às proporções da doença no Brasil. Embora quase a metade dos entrevistados (45%) se diz realmente preocupada, nove a cada 10 erraram ou assumiram não ter idéia do número de casos registrados no País em 2014. “O número preocupa porque aponta um subdimensionamento da questão mesmo após quase duas décadas com média anual de casos na casa das centenas de milhares, e tendo já atingido marca superior a 100 mil registros só nos dois primeiros meses de 2015”, opina Gomes.
Quanto maior a instrução e a classe social, menos se sabe e se faz para se proteger da dengue
A pesquisa também buscou aferir o conhecimento presumido e real dos participantes sobre a dengue. Em geral, a maioria deles (61%) entende ter o mesmo conhecimento que a média das pessoas, mas 35% afirmam conhecer a questão ainda mais. Quase a metade dos respondentes da classe A e com superior completo acreditam superar a média.
Independente de qualquer perfil, os entrevistados demonstram possuir informações corretas que refletem o conteúdo de campanhas educativas. Nove a cada 10 sabem que a transmissão se dá pela picada do Aedes aegypti e conseguem inclusive identificar a imagem dele. A quase totalidade das pessoas ouvidas afirma também acertadamente que a multiplicação do vetor depende de água parada e clima quente.
No entanto, há ainda significativo desconhecimento sobre hábitos do mosquito adulto. Somente 12% acertaram que ele vive dentro das residências. Entre os entrevistados da classe A, o resultado é ainda pior: 9%. Quanto ao período de maior atividade do vetor (entre a manhã e o final da tarde / início da noite), uma a cada duas pessoas errou ou admitiu não sabê-lo – na classe A, o índice sobe para a maioria de 59%.
“Prevenção continua sendo primordial, mas noções sobre a dinâmica do mosquito adulto são também importantes, à medida que ajudam na proteção em situações de surto”, justifica Gomes.
A maior condição socioeconômica e grau de instrução também não se refletem em comprometimento. Apenas um a cada 10 entrevistados da classe A afirmou real engajamento com a dengue – a média geral é de um a cada quatro.
Mulheres são mais engajadas
Analisando o comportamento dos gêneros em relação a dengue, o estudo mostra as mulheres sensivelmente mais envolvidas com o tema do que os homens. Entre elas, 32% se declaram muito engajadas, enquanto que a porcentagem dos homens é de 19%.
O sexo feminino se destaca frente ao masculino também em real preocupação (56% contra 34%), e sensibilidade: a vasta maioria delas (81%) demonstra disposição para adotar novos hábitos de combate após contato com a doença, enquanto 65% deles afirmam a mesma inclinação.
RJ vs SP
Há uma diferença significativa entre o contato de paulistas e cariocas com a doença. Oito a cada 10 respondentes do Rio de Janeiro já sofreram ou conhecem alguém próximo que contraiu o vírus. A marca é 10 pontos percentuais acima da média de contato com a dengue (72%). Em São Paulo, a maioria dos entrevistados do interior (68%) confirma o contato, mas na capital, mesmo em meio a quadro preocupante, quase a metade (44%) nega experiência ou proximidade com a dengue. “A superioridade de contato no Rio de Janeiro se explica pela maior incidência histórica da doença no estado”, comenta Gomes.
Publicado no Portal EcoDebate, 07/04/2015
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