postado por Ramon da Silva Rodrigues Almeida em Quinta-feira, 18 de Junho de 2015
Quem nunca ouviu uma música de Luiz Gonzaga? Ainda mais nessa época de festa junina é quase impossível né?!
Já reparou o tanto que Gonzaga canta as práticas alimentares do Nordeste em suas músicas?
Foi o que analisou a doutora em educação, Ariza Maria Rocha, em seu artigo: Luiz Gonzaga canta as práticas alimentares do nordeste do Brasil, caracterizando a obra como um documento histórico e uma fonte inesgotável para conhecer o “de comer” do nordestino.
O Rei do Baião, como é conhecido em todo o Brasil, cantou com primazia a cultura nordestina, os saberes, hábitos e práticas que envolvem a alimentação da região, com a presença dos alimentos típicos, das feiras características e até algumas festas tradicionais.
"A música tem o poder de expressar os sentimentos, revelar a memória, conhecer as representações sociais, o contexto político e o imaginário popular, além da capacidade de dialogar com o conhecimento histórico"
Por exemplo na música "A Feira de Caruaru", predomina elementos das feiras, alguns alimentos típicos, como a mandioca, o pirão mixido, o angu entre outros, veja no trecho da música abaixo:
A Feira de Caruaru / Faz gosto a gente vê / De tudo que há no mundo / Nela tem pra vendê / Na feira de Caruaru / Tem massa de mandioca / Batata assada, tem ovo cru / Banana, laranja, manga / Batata, doce, queijo e caju / Cenoura, jabuticaba / Guiné, galinha, pato e peru / Tem bode, carneiro, porco / Se duvidá... inté cururu / Tem cesto, balaio, corda / Tamanco, gréia, tem cuêi-tatu /Tem fumo, tem tabaqueiro / Feito de chifre de boi zebu / Caneco acuvitêro / Penêra boa e mé de uruçú / Tem carça de arvorada / Que é pra matuto não andá nu / Tem rêde, tem balieira / Mode minino caçá nambu / Maxixe, cebola verde / Tomate, cuento, couve e chuchu / Armoço feito nas cordas / Pirão mixido que nem angu / Mubia de tamburête / Feita do tronco do mulungu / Tem louiça, tem ferro véio / Sorvete de raspa que faz jau / Gelada, cardo de cana / Fruta de paima e mandacaru / Bunecos de Vitalino / Que são cunhecidos inté no Sul / De tudo que há no mundo / Tem na Feira de Caruaru (ALMEIDA, 1957. In. SITE OFICIAL LUIZ LUA GONZAGA, 2013).
Gonzaga cantou também elementos bem característicos da cozinha nordestina, como na música "Feijão cum côve", registrando a presença de alimentos que complementam as refeições, como a manteiga, banha ou o açucar:
Ai que será? / Tenho prantado / Muita côve no quintá / Ai o que será? / Feijão com côve / Que talento pode dá? / Cadê a banha? / Pra panela refogá / Cadê açúcar? / Pro café açucará / Cadê manteiga? / Leite e pão / Onde é que tá? / Cadê o lombo? / Cadê carne de jabá? / Já tou cansado / De escutá o doutor falá / Que quarqué dia / As coisas têm que melhorá / Sem alimento / Num se pode trabaiá / Por que será? / Feijão com côve / Que talento pode dá? (GONZAGA; PORTELLA, 1946. In. SITE OFICIAL LUIZ LUA GONZAGA, 2013).
Na música "Farinhada", o cantor traz a mandioca, alimento tão apreciado na região. "É da mandioca que sai a goma, a farinha, o beiju, a tapioca e os bolos, que são muito apreciados pela região. A transformação da mandioca para o produto final acontece nas Casas de Farinha, e esse processo que compreende desde a colheita da mandioca, ralação, prensa e secagem nos fornos é chamado de farinhada. Este momento é marcado por um árduo trabalho, mas também é um momento de socialização por haver o encontro com vizinhos, de gerações e de casais, surgindo daí alguns namoricos". Veja o trecho abaixo dessa música:
Tava na poeira / Eu tava peneirando / Eu tava no namoro / Eu tava namorando / Na farinhada / Lá na serra do Teixeira / Namorei uma cabocla / Nunca vi tão feiticeira / A meninada / Descascava a macaxeira / Zé Migué no caititu / E eu e ela na poeira / O vento dava / Sacudida a cabeleira / Levantava a saia dela / No balanço da peneira / Fechei os óios / E o vento foi soprando / Quando deu um redemoinho / Sem querer tava espiando / De madrugada / Nós fiquémo ali sozinho / O pai dela soube disso / Deu de perna no caminho / Chegando lá / Até riu da brincadeira / Nós estava namorando / Eu e ela na poeira (GONZAGA; DANTAS, 1982 In. SITE OFICIAL LUIZ LUA GONZAGA, 2013).
Os alimentos presentes nas músicas do Rei do Baião representam o patrimônio imaterial e revela aspectos da identidade alimentar da região nordeste do Brasil, fazendo sua obra uma das mais importantes da música popular brasileira. Link:
Quem nunca ouviu uma música de Luiz Gonzaga? Ainda mais nessa época de festa junina é quase impossível né?!
Já reparou o tanto que Gonzaga canta as práticas alimentares do Nordeste em suas músicas?
Foi o que analisou a doutora em educação, Ariza Maria Rocha, em seu artigo: Luiz Gonzaga canta as práticas alimentares do nordeste do Brasil, caracterizando a obra como um documento histórico e uma fonte inesgotável para conhecer o “de comer” do nordestino.
O Rei do Baião, como é conhecido em todo o Brasil, cantou com primazia a cultura nordestina, os saberes, hábitos e práticas que envolvem a alimentação da região, com a presença dos alimentos típicos, das feiras características e até algumas festas tradicionais.
"A música tem o poder de expressar os sentimentos, revelar a memória, conhecer as representações sociais, o contexto político e o imaginário popular, além da capacidade de dialogar com o conhecimento histórico"
Por exemplo na música "A Feira de Caruaru", predomina elementos das feiras, alguns alimentos típicos, como a mandioca, o pirão mixido, o angu entre outros, veja no trecho da música abaixo:
A Feira de Caruaru / Faz gosto a gente vê / De tudo que há no mundo / Nela tem pra vendê / Na feira de Caruaru / Tem massa de mandioca / Batata assada, tem ovo cru / Banana, laranja, manga / Batata, doce, queijo e caju / Cenoura, jabuticaba / Guiné, galinha, pato e peru / Tem bode, carneiro, porco / Se duvidá... inté cururu / Tem cesto, balaio, corda / Tamanco, gréia, tem cuêi-tatu /Tem fumo, tem tabaqueiro / Feito de chifre de boi zebu / Caneco acuvitêro / Penêra boa e mé de uruçú / Tem carça de arvorada / Que é pra matuto não andá nu / Tem rêde, tem balieira / Mode minino caçá nambu / Maxixe, cebola verde / Tomate, cuento, couve e chuchu / Armoço feito nas cordas / Pirão mixido que nem angu / Mubia de tamburête / Feita do tronco do mulungu / Tem louiça, tem ferro véio / Sorvete de raspa que faz jau / Gelada, cardo de cana / Fruta de paima e mandacaru / Bunecos de Vitalino / Que são cunhecidos inté no Sul / De tudo que há no mundo / Tem na Feira de Caruaru (ALMEIDA, 1957. In. SITE OFICIAL LUIZ LUA GONZAGA, 2013).
Gonzaga cantou também elementos bem característicos da cozinha nordestina, como na música "Feijão cum côve", registrando a presença de alimentos que complementam as refeições, como a manteiga, banha ou o açucar:
Ai que será? / Tenho prantado / Muita côve no quintá / Ai o que será? / Feijão com côve / Que talento pode dá? / Cadê a banha? / Pra panela refogá / Cadê açúcar? / Pro café açucará / Cadê manteiga? / Leite e pão / Onde é que tá? / Cadê o lombo? / Cadê carne de jabá? / Já tou cansado / De escutá o doutor falá / Que quarqué dia / As coisas têm que melhorá / Sem alimento / Num se pode trabaiá / Por que será? / Feijão com côve / Que talento pode dá? (GONZAGA; PORTELLA, 1946. In. SITE OFICIAL LUIZ LUA GONZAGA, 2013).
Na música "Farinhada", o cantor traz a mandioca, alimento tão apreciado na região. "É da mandioca que sai a goma, a farinha, o beiju, a tapioca e os bolos, que são muito apreciados pela região. A transformação da mandioca para o produto final acontece nas Casas de Farinha, e esse processo que compreende desde a colheita da mandioca, ralação, prensa e secagem nos fornos é chamado de farinhada. Este momento é marcado por um árduo trabalho, mas também é um momento de socialização por haver o encontro com vizinhos, de gerações e de casais, surgindo daí alguns namoricos". Veja o trecho abaixo dessa música:
Tava na poeira / Eu tava peneirando / Eu tava no namoro / Eu tava namorando / Na farinhada / Lá na serra do Teixeira / Namorei uma cabocla / Nunca vi tão feiticeira / A meninada / Descascava a macaxeira / Zé Migué no caititu / E eu e ela na poeira / O vento dava / Sacudida a cabeleira / Levantava a saia dela / No balanço da peneira / Fechei os óios / E o vento foi soprando / Quando deu um redemoinho / Sem querer tava espiando / De madrugada / Nós fiquémo ali sozinho / O pai dela soube disso / Deu de perna no caminho / Chegando lá / Até riu da brincadeira / Nós estava namorando / Eu e ela na poeira (GONZAGA; DANTAS, 1982 In. SITE OFICIAL LUIZ LUA GONZAGA, 2013).
Os alimentos presentes nas músicas do Rei do Baião representam o patrimônio imaterial e revela aspectos da identidade alimentar da região nordeste do Brasil, fazendo sua obra uma das mais importantes da música popular brasileira. Link:
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