segunda-feira, 29 de junho de 2015

Fatores que afetam os teores de princípios ativos - VII

Estresse hídrico

Texto: Engenheiro agrônomo Marcos Roberto Furlan

A produção de substâncias geradas no metabolismo secundário (ou especializado) é complexa porque sofre significativa influência de fatores climáticos e edáficos (água, luz, temperatura e acidez do solo, por exemplo), relacionados ao cultivo (espaçamento, presença de pragas, época de plantio e de colheita, processo de secagem e de beneficiamento, por exemplo) e da genética da planta.


Portanto, são muitos os fatores, tanto bióticos quanto abióticos, que influenciam os teores de princípios ativos. Dentre eles, o estresse hídrico é um que pode ser manejado de modo a proporcionar melhor condição para que a planta produza concentração adequada de bioativos. Para culturas alimentícias, o estresse hídrico quase sempre proporciona menor quantidade de nutrientes, como, por exemplo, proteínas, carboidratos e lipídios. Estes compostos são gerados no metabolismo primário.

O estresse hídrico altera aspectos fisiológicos essenciais para a planta, tais como: a fotossíntese, a abertura e o fechamento dos estômatos, o transporte de substâncias no interior da planta, o crescimento e a expansão foliar, e, consequentemente, tanto o metabolismo primário quanto o secundário.


Na produção de camomila (Chamomilla recutita (L.) Rauschert) é comum suspender a irrigação no final do cultivo para que a planta produza maior quantidade de flores e aumento no teor de óleo essencial. A planta reage à mudança no ambiente estimulando a produção de compostos químicos para tentar controlar a situação de estresse causada pela falta de água. 


Algumas espécies como a babosa (Aloe vera (L.) Burm.) são oriundas de ambientes com alta restrição de água, e, por isso, as suas folhas foram transformadas em "espinhos" e internamente a espécie produz mucilagens com grande capacidade de absorver água.

A pesquisa de Rosana Teixeira Lélis (http://uenf.br/pos-graduacao/producao-vegetal/files/2014/12/Rosana-Teixeira-Lelis.pdf) publicada em 2014 e intitulada "Efeito de diferentes períodos de estresse hídrico sobre a capacidade fotossintética, o crescimento e o teor de óleo essencial em Cymbopogon citratus (Poaceae)", demonstrou que a restrição hídrica interferiu negativamente nas trocas gasosas, no teor de clorofila, no comprimento da nervura central, na massa seca da parte área e no número de folha. No entanto, o teor de óleo essencial no capim-limão foi influenciado positivamente, pois as plantas com restrição hídrica apresentaram maior teor de óleo essencial em comparação com as plantas sem restrição.

No entanto, na pesquisa de Alvarenga e colaboradores (http://www.scielo.br/pdf/pat/v42n4/v42n4a06.pdf), a maior disponibilidade hídrica por meio da irrigação para alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham.) provocou maior crescimento da planta e também aumento na produção de óleo essencial considerando a matéria seca.

Diante destes resultados, se destaca que quando for cultivar determinada espécie será importante analisar as pesquisas quanto á influência do estresse hídrico, pois este varia entre as espécies. 

Outros textos no blog sobre o mesmo tema:

Fatores que afetam os teores de princípios ativos - VI

Fatores que afetam os teores de princípios ativos - V

Fatores que afetam os teores de princípios ativos - IV

Fatores que afetam os teores de princípios ativos - III

Fatores que afetam os teores de princípios ativos II

Fatores que afetam os teores de princípios ativos I

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