sábado, 18 de agosto de 2012

Rio Grande do Sul: utilização de plantas medicinais na saúde animal é tema de tarde de campo


A saúde animal é um indicativo de sucesso no manejo e as plantas medicinais podem ser aliadas na prevenção, tratamento e controle de enfermidades nos animais, em especial no gado leiteiro. Na terça-feira (14/08), foi realizada uma Tarde de Campo, no município de Muliterno (RS), sobre esse tema. 

O evento, que foi realizado pela Emater/RS-Ascar, prefeituras de Muliterno, David Canabarro e Ciríaco, e Comunidade Santa Lúcia, contou com a presença de 115 pessoas.

De acordo com a médica veterinária, Márcia Brendler, que trabalha com fitoterapia e homeopatia há 10 anos e palestrou na abertura do evento, tanto a homeopatia quanto a fitoterapia permitem trabalhar em várias áreas na saúde animal, não só na parte curativa, mas também na preventiva. 

“Um grande problema que o produtor de gado de leite enfrenta na saúde de seus animais é a mamite. Com a homeopatia, temos conseguido resultados fantásticos a um custo muito baixo, sem resíduos no leite e sem danos ambientais”, explicou. Ela salienta que os produtores ainda são resistentes a esse tipo de tratamento. “Os produtores nos procuram como última alternativa, mas depois que começam a utilizar e vêem os resultados, eles retornam sempre”, disse. 

A produtora, Alice Volpato, que há 12 anos trabalha com a produção leiteira no município de Ciríaco, deu um depoimento sobre a sua experiência. Ela iniciou começou com a atividade, quando o filho entrou na faculdade e a família precisava ter uma renda mensal. Após seis meses que estava na atividade ela fez os cálculos e verificou que não estava sendo lucrativo. 

“Comecei a colocar na ponta do lápis e vi que não sobrava nada de pois que eu pagava a agropecuária e o veterinário. Aí pensei, ou vamos encontrar outra forma de produzir com menos custo ou vamos parar, porque para trabalhar de graça eu não sirvo”, lembrou. Foi então que lhe falaram de uma veterinária que trabalhava com homeopatia.

“Pensei que era a última tentativa. Hoje minhas vacas só são tratadas com homeopatia, só recebem picadas de vacina da febre aftosa. Está dando muito certo, o custo de produção neste sentido de medicamentos é muito baixo, não se descarta o leite, os animais não ficam estressados, nem doentes e as vacas ficam mansas. Na minha opinião, quem não entrar no ramo da homeopatia está trabalhando para as empresas que produzem os remédios”, avaliou. 

Ela acrescentou ainda a importância de o leite não ser descartado. “Quantas vezes eu chorei por ordenhar 30 litros de uma vaca e ter que colocar o produto fora, porque estava no período de carência dos remédios”, finalizou. A propriedade de Alice tem 12 hectares, o plantel é de 18 vacas, sendo 11 em lactação. A produção média é de 28 litros/vaca/dia.

Oficinas - Após a palestra, o público participou de oficinas realizadas por extensionistas da Emater/RS-Ascar. A primeira oficina foi sobre higienização dos equipamentos de ordenha, com a médica veterinária Giovana Rosa da Costa e a engenheira agrônoma Ana Clara Vian. 

Elas falaram sobre limpeza e desinfecção, o uso de detergentes e a importância da água quente no processo de limpeza. Além disso, falaram sobre o uso de plantas como o alecrim, a erva-mate, a carqueja, o confrei e a macela com bases para o preparo de desinfetantes.
A elaboração de pomada para mamite foi ensinada na oficina realizada pela extensionista da Emater/RS-Ascar, Ana Cassol, que demonstrou como preparar o produto com base em plantas como malva, bardana, mil-em-ramas, sabugueiro, carqueja e outras.

Já a extensionista da Emater/RS-Ascar Odete Finck apresentou plantas que podem ser utilizadas no controle de ectoparasitas como carrapatos e pulgas, como erva-de-santa-maria, cobrina e grimpas. 

A última oficina foi sobre sabão bactericida em líquido e em barra, realizada pelas extensionistas Sônia Reginato de Oliveira e Teresinha Fusiger. O sabão líquido, que pode ser uma alternativa ao detergente neutro utilizado diariamente na limpeza dos utensílios de ordenha, pode ser feito à base de carqueja, alecrim, erva-de-bugre, mil-em-ramas, tançagem e sabugueiro.

Para a produtora Lucimari Toffilo, as informações repassadas no evento foram ótimas. O que mais lhe chamou a atenção foi o procedimento dos utensílios de ordenha, mas o sabão é a primeira coisa que vai pôr em prática. 

Ela ressaltou que já reduziu o problema de mamite nos seus animais porque já usa a homeopatia. Para Aloir Mognon, também produtora do município de Muliterno, o sabão e a limpeza da ordenhadeira foram destaques. “Valeu a pena ter vindo”, disse.
(Fonte: Emater/RS-Ascar - Regional de Passo Fundo)

Data: 16.08.2012

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