O Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Semiárido
(CPATSA), unidade pertencente à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa), vai iniciar o desenvolvimento de um projeto para o estabelecimento
de um Programa de Farmácias Vivas na região do Vale do São Francisco.
A ideia é instalar hortas medicinais, a partir do cultivo de diferentes
espécies nativas e exóticas, e doar mudas para as comunidades locais. O projeto
conta com recursos não reembolsáveis da ordem de R$ 82,6 mil, oriundos do Fundo
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Fundeci), administrado pelo Banco
do Nordeste.
“O reconhecimento do potencial terapêutico das plantas medicinais nativas ou
exóticas tem levado à busca por alternativas de tratamento seguras e eficazes,
que proporcionem à população de baixo poder aquisitivo o acesso seguro a
medicamentos e tratamentos adequados de saúde”, afirmou a coordenadora da
pesquisa, Ana Valéria Vieira de Souza.
Segundo ela, no Estado de Pernambuco, ainda não existe um programa de Farmácias
Vivas. Porém, o uso de plantas medicinais é uma realidade em diversos
municípios há mais de 10 anos, sendo as espécies aroeira (Myracrodruon
urundeuva), baraúna (Schinopsis brasiliensis), umburana de cheiro (Amburana
cearensis) e alecrim do mato (Lippia gracilis), as mais utilizadas pela
população.
Na primeira fase da pesquisa, será feito um levantamento das espécies que
compõem a lista do RENISUS, que é a Relação Nacional de Plantas Medicinais de
Interesse do Sistema Único de Saúde (SUS). Juntamente com esse banco de dados
científico, será organizado um banco de dados com informações populares, de
natureza etnobotânica ou etnofarmacológica, por meio de um Diagnóstico Rápido
Participativo (DRP) com diferentes comunidades rurais.
Em seguida, serão instaladas duas coleções de plantas medicinais, sendo uma no
Campo Experimental de Bebedouro, da Embrapa Semiárido, no município de
Petrolina (PE), e outra na Universidade do Estado da Bahia (Uneb), em Juazeiro
(BA). As coleções funcionarão como um horto de plantas medicinais, onde serão
realizados cultivos de exemplares da flora regional e das espécies exóticas.
“Também está prevista a instalação de dois hortos em locais diferentes, a fim
de atender o maior número possível de interessados em cultivar e/ou difundir o
uso de plantas medicinais na região”, adiantou a pesquisadora Ana Valéria.
Na segunda fase de execução do projeto, serão desenvolvidas atividades para o
cultivo das plantas medicinais que constituirão as “farmácias vivas” nas
comunidades e o controle de qualidade dos produtos obtidos. A manutenção das
plantas e todo o manejo adequado serão acompanhados por um engenheiro agrônomo,
a fim de garantir o cultivo orgânico e o controle de pragas e doenças sem
produtos químicos.
Participam do projeto sete pesquisadores das unidades da Embrapa Semiárido
(CPATSA), Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargen) e Agroindústria
Tropical (CNPAT), além da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e da
Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). Todos possuem
doutorado nas áreas de biotecnologia vegetal, fitotecnia, botânica, farmácia e
desenvolvimento territorial.
Durante o período de 36 meses de execução do projeto, serão realizados cursos,
palestras e aulas didáticas, além de mobilização de agentes multiplicadores. A
expectativa dos pesquisadores, após a conclusão de todas as etapas, é
viabilizar a instalação de uma pequena oficina farmacêutica para a elaboração
de formulações fitoterápicas que poderão ser distribuídas nas comunidades.
Fonte: Banco do Nordeste
Data: 12.08.2012
Link:
Nenhum comentário:
Postar um comentário