Texto: Raquel Marçal, de Curitiba |1 de novembro de 2012
Pesquisas apontam as plantas que blindam a pele contra os efeitos nocivos dos raios ultravioleta
Todas as plantas são dotadas de substâncias, principalmente nas folhas e flores, que as protegem da radiação solar. Natural, portanto, que alguém se perguntasse se esses compostos que blindam os vegetais contra os raios ultravioleta (UV) também poderiam ser aliados da nossa pele. É o que têm feito cientistas do mundo inteiro, especialmente depois que suspeitas começaram a rondar os protetores solares comerciais. “Toxicologistas têm demonstrado que algumas substâncias orgânicas presentes em filtros solares como a oxibenzona, também conhecida como benzofenona-3, afetam o fígado, os rins e órgãos do sistema reprodutor”, explica o professor Angelo C. Pinto, do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
A desconfiança aumentou em 2009, quando a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (ProTeste) divulgou os resultados de uma análise apontando que oito das dez principais marcas de protetor solar em loção vendidas no país não são eficazes. O teste mostrou ainda que dois produtos não são resistentes à água e quatro não bloqueiam raios UV-A, aqueles que, dependendo da freqüência e da intensidade da exposição, podem levar ao aparecimento de câncer e ao envelhecimento precoce da pele.
Por isso, são bem-vindas as conclusões positivas de estudos que avaliaram o potencial de várias plantas medicinais de proteger a cútis. No Brasil, pesquisas feitas na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto já comprovaram os efeitos protetores dos extratos de Ginkgo biloba, da calêndula (Calendula officinalis) e do breu (Protium heptaphyllum), aplicados na pele. Em comum, essas espécies têm o fato de serem ricas em antioxidantes. “Esses compostos têm a capacidade de sequestrar os radicais livres produzidos na pele pela exposição à radiação solar”, explica a professora Maria José Vieira Fonseca, que orienta alguns desses estudos na universidade.
Uma revisão bibliográfica assinada por dois pesquisadores americanos e publicada na edição de agosto do periódico Alternative and Complementary Therapies apontou os mesmos méritos em outras espécies. O extrado de calaguala (Phlebodium aureum), planta encontrada na América Central e na América do Sul, foi capaz de reverter os efeitos negativos dos raios UV-B, que provocam queimaduras, quando administrado por via oral. E ainda deu proteção extra a pacientes de vitiligo. Já o chá verde (Camellia sinensis) mostrou-se eficaz em tratamentos que combinaram a aplicação de cremes com o consumo de cápsulas contento o extrato da planta.
Os autores do artigo também destacaram plantas que protegem a pele estimulando o sistema imunológico. “A exposição crônica e excessiva aos raios UV exerce alguns de seus efeitos negativos por meio na supressão imunológica e há diversas pesquisas envolvendo ervas que agem no sistema imunológico para evitar esse problema”, explicam os estudiosos. Entre as espécies com essa propriedade estão o ginseng asiático (Panax ginseng) e a uva (Vitis vinífera), fruta recheada de substâncias antioxidantes conhecidas como proantocianidinas.
Com tantos avanços nas pesquisas, a próxima geração de protetores solares tem tudo para ser mais natural.
Phlebodium aureum
Protium heptaphyllum
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