Definição
Uma nova droga foi descoberta recentemente no estado do Acre, fronteira com a Bolívia. Possivelmente uma das mais potentes e perigosas drogas conhecidas, o oxi ou oxidado, como é conhecido pelos seus usuários, é uma variante do crack. A diferença é que, na elaboração, ao invés de se acrescentar bicarbonato e amoníaco ao cloridatro de cocaína, como é o caso do crack, adiciona-se querosene e cal virgem para obter o oxi.
Histórico
Durante 2003 e 2004, a Reard (Rede Acreana de Redução de Danos) pesquisou 75 casos de usuários de drogas provenientes do refugo – ou resto – da produção de cocaína boliviana. O foco do estudo, em princípio, era acompanhar o uso de mescla ou merla, droga amplamente usada nas cidades acreanas, e a vulnerabilidade dos usuários à Aids e demais doenças sexualmente transmissíveis. A mescla é uma espécie de “tia” mais rudimentar do crack, produzida a partir do refugo da cocaína, mais alguns produtos químicos como cal, querosene, acetona, solução de bateria elétrica etc.
Brasiléia e Epitaciolândia são cidades conhecidas de qualquer um que estude o tráfico de cocaína vindo da Bolívia para o Brasil. Cidades pobres, cercadas de periferias principalmente às margens dos rios, onde os habitantes moram em casas de madeiras sobre palafitas, elas ficam à distância de um leito d´água da cidade de Cobija, ao norte do país andino. A rota mais comum usada para a produção de cocaína, oxi e mescla, é a partir do Peru para a Bolívia pelo lado brasileiro, onde a estrada é melhor, para na amazônia boliviana ser transformada em cocaína, crack e mescla. Depois, ela volta ao Brasil. O rio que separa os dois países é alagadiço, enche quando é período de chuvas e quando não chove fica raso, dá para atravessar andando. Isso facilita muito o tráfico.
Vendido em pedras –que podem ser mais amareladas ou mais brancas, dependendo da quantidade de querosene ou cal virgem, respectivamente– o grande apelo do oxi é justamente o seu preço: enquanto a mescla custa de 5 a 10 reais uma trouxinha que serve 3 cigarros, o oxi é vendido de 2 a 5 reais por 5 pedras. É uma droga popular, inegavelmente, mas dependendo do período o preço aumenta: se é época de chuva, se a polícia intensifica mais a vigilância. Além dos problemas sociais que claramente empurram os jovens para o uso da droga, a proximidade com o comércio ilegal também abre as portas
Mecanismo de Ação
O oxi vai além na sua insanidade. O seu nome de batismo deriva do verbo oxidar, vez que a borra da cocaína ao ser diluída com o ácido sulfúrico e o ácido clorídrico, misturados e manipulados com a cal virgem, querosene ou gasolina, além do próprio bicarbonato de sódio em combinação com o oxigênio, realiza a transformação química, oxidando o produto também em forma de pedra, só que mais amarelo e bem mais nocivo que o crack.
Observa-se perfeitamente que há na pedra do crack o cheiro inconfundível de gasolina ou querosene, ademais alguns usuários me disseram que o odor e o gosto da fumaça inalada é semelhante a pneu queimado, razão pela qual, sempre falei que a cal, o querosene ou gasolina, os ácidos sulfúrico e clorídrico e o bicarbonato de sódio, além da pasta base da cocaína, fazem parte da composição química dessa droga, entretanto agora aparece o oxi como sendo o dono de tal fórmula diabólica.
Em assim sendo, fica a dúvida se os viciados brasileiros estariam consumindo o crack ou o oxi, o que, em absoluto não faz muita diferença. Parece no meu ver, apenas uma questão de nomenclatura. Crack ou oxi se confundem e representam a degradação humana, sofrimento e dor nas suas formas mais drásticas possíveis.
Efeitos no Organismo
O oxi normalmente é utilizado pela via pulmonar (fumada) ou inalada. A droga pode ser consumida misturada com tabaco, cachimbos ou até mesmo em latas de refrigerante e cerveja.
Resultado: 30% dos fissurados em oxi morrem em menos de um ano, segundo a pesquisa da REARD (Rede Acreana de Redução de Danos). Com o crack regular, um nóia dura uma média de oito anos. A droga fez pelo menos 30 vítimas, entre 2003 e 2004, na fronteira do Brasil com a Bolívia e o Peru.
A droga atinge diretamente o sistema nervoso central. Além disso, afeta a circulação sangüínea e agride vários órgãos, entre eles o estômago. Para rebater o efeito bombástico, os usuários normalmente usam a droga combinada com o álcool, que tem efeito anestésico.
No auge da “fissura”, um viciado perde total senso comum, noção de civilidade, se tornando capaz de cometer atos grotescos como homicídio, assaltos e inclusive defecar na própria roupa sem nenhum sentimento de pudor ou vergonha.
Fonte: Natalia Viana / Especial para The Narco News Bulletin em 2005
Carlos Zamith Junior / “Diário de um Juiz” (2010)
Imagens: Google imagens
LinK;
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