quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Farmacovigilância de medicamentos dinamizados - Editorial do Boletim PLANFAVI CEBRID - n.27, jul-set, 2013

Muitos medicamentos dinamizados são obtidos a partir de plantas medicinais. Um exemplo bastante conhecido é a arnica (Arnica montana), utilizada tanto na fitoterapia como na homeopatia. Por isso muitos pacientes e até mesmo profissionais de saúde fazem confusão entre o medicamento e a planta de origem.

O processo de dinamização foi desenvolvido no século XVIII pelo médico alemão Samuel Hahnemann, que sistematizou os princípios da homeopatia. No início do século XX, também na Alemanha, surgiram a medicina antroposófica e a homotoxicologia. Estas três linhas terapêuticas lançam mão da dinamização de substâncias com algumas peculiaridades entre si. O registro desses medicamentos (homeopáticos, antroposóficos e antihomotóxicos) é regulamentado em diversos países, inclusive no Brasil.

Segundo Hahnemann a ação terapêutica da substância deve-se a um princípio sutil (força vital), presente em todos os seres vivos, porém impossível de ser detectado por métodos físico-químicos. Esta hipótese também é aceita pela medicina antroposófica e homotoxicologia, sob outras denominações. Resumidamente, medicamentos dinamizados são preparados por um processo de diluição e agitação ritmada, com a finalidade de desenvolver a capacidade terapêutica da substância.

Vários estudos evidenciam que os medicamentos dinamizados, além de clinicamente eficazes, apresentamboa tolerância pelo paciente e baixos índices de eventos adversos. Quando existem, estes se limitam a reações leves de hipersensibilidade que regridem com a retirada do medicamento. Ainda que preparados a partir de plantas tóxicas como matéria prima, como acônito (Aconitum napellus), arnica (Arnica montana), ou confrei (Symphytum officinale).

Por outro lado, também neste caso é errônea a crença de que “se é natural, não faz mal”. Como disse o suíço Paracelso (1493 – 1541): “a diferença entre o medicamento e o veneno é a dose”. Medicamentos dinamizados são medicamentos como qualquer outro, e estão sujeitos às mesmas normas de registro e farmacovigilância. Por isso, caso o paciente apresente sintomas não descritos na bula, ele deve consultar o médico ou o farmacêutico, e informar o laboratório fabricante.

Referência:

Zuzak et al. 2010. Accidental intakes of remedies from complementary and alternative medicine in children - analysis of data from the Swiss Toxicological Information Centre. European Journal of Pediatrics, 169, 681–688.

Este editorial foi escrito, a convite, pelo farmacêutico Rodolfo Schleier, coordenador técnico científico e responsável pela farmacovigilância da Weleda do Brasil Laboratório e Farmácia Ltda.

Leia também

Carlini, E.A. 1983. Homeopatia - ontem, hoje e amanhã. Rev. Ass. Med. Brasil. 29: 210-214.

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