FDA alerta para riscos no uso da Aristolochia
A agência americana que regula medicamentos e alimentos emitiu alerta aos consumidores sobre produtos que contêm os ácidos aristolóquicos, pois o uso está associado à incidência de nefropatia. Os produtos que possuem ou são suspeitos de possuir essas substâncias terão regulamentação reavaliada.
Ácido aristolóquio e ação anti-inflamatória
Pesquisa realizada na Espanha avaliou a atividade antiinflamatória do ácido aristolóquico e o efeito deste alcalóide sobre as enzimas envolvidas na liberação de eicosanóides. Esse estudo demonstrou que o ácido aristolóquio pode inibir in vitro a fosfolipase A2 (PLA2) e também reduzir edema induzido por veneno de cobra e fluido sinovial humano (PLA2). Os resultados demonstraram que o ácido aristolóquio foi capaz de inibir a inflamação induzida por complexos imunológicos e agentes não imunológicos tais como carragenano ou óleo de cróton. Os autores sugerem que o mecanismo de atividade anti-inflamatória dos alcalóides ocorra pelo bloqueio da liberação da PLA2 catalisada por ácido araquidónico. Além disso, este estudo demonstrou que o ácido aristolóquico poderia também inibir outras etapas envolvidas na liberação dos eicosanóides, tais como as vias da ciclo-oxigenase e lipoxigenase.
Moreno, J.J. 1993. Effect of aristolochic acid arachidonic acid cascade and in vivo models inflammation. Immunopharmacology. 26 (1): 1-9.
Atividade mutagênica do ácido aristolóquio
Plantas do gênero Aristolochia têm sido usadas durante séculos em remédios de ervas chinesas, mas contêm um composto naturalmente cancerígeno que provoca mutações nas células de pessoas que os consomem. Isso foi revelado em artigo publicado na Science Translational Medicine por pesquisadores das Universidades de Duke, Cingapura e China. Esses estudos revelaram que o ácido aristolóquico ocasiona mais mutações do que dois dos mais conhecidos carcinógenos ambientais: o tabaco e a luz UV. A Aristolochia tem sido usada em medicamentos à base de plantas por um longo tempo, mas o risco potencial é uma revelação bastante recente. Carcinomas resultantes da sua utilização só apareceram muitos anos mais tarde, dificultando uma correlação com o uso desta planta. O ácido aristolóquico foi proibido em muitos países a partir de 2003, decorrente de problemas relacionados com carcinomas uroteliais do trato urinário superior (UTUC) associados com essa susbtância.
Poon et al. 2013. Genome-Wide Mutational Signatures of Aristolochic Acid and Its Application as a Screening Tool. Science Translational Medicine. 5 (197) 197ra101.
Outros estudos:
Ping-Chung et al. 2012. Chemical constituents and pharmacology of the Aristolochia species. J Tradit Complement Med. 2, 249-266.
Kamal & Tahir. 1991. Pharmacological Actions of Magnoflorine and Aristolochic Acid-1 Isolated from the Seeds of Aristolochia bracteata. Pharmaceutical Biology. 29 (2) 101-110.
Lemos et al. 1993. Pharmacological studies on Aristolochia papillaris Mast. (Aristolochiaceae). J. Ethnopharmacol. 40(2):141-5.
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