Airton José Trento Filho; Mario Umberto Menon; Cirino Corrêa Júnior
Ambiência Guarapuava (PR), v.6, n.3, p. 511 - 520, 2010
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Resumo
O Território Centro-Sul do Paraná, composto inicialmente por doze municípios da região centro-sul do estado, vivencia um crescimento da cadeia produtiva de plantas medicinais aromáticas e condimentares (PLAMAC). Para verificar a atual situação do referido Território, foi realizado um diagnóstico das características de cultivo e infraestrutura da cadeia produtiva. Com o auxílio de secretários de agricultura, técnicos do Instituto EMATER e ONG´s, foram preenchidos 25 questionários e identificada uma área cultivada superior a 60 ha com produção estimada de 9825 Kg, somando-se as diversas espécies, distribuídas em 142 famílias utilizando 92 espécies de PLAMAC. Após o beneficiamento as plantas são utilizadas na fitoterapia e na culinária popular. A possibilidade de uso das plantas medicinais no complemento e diversificação na flora da reserva legal são um atrativo ao policultivo da agricultura familiar, pois com o manejo correto é uma fonte extra de renda. Dessa forma, o cultivo das PLAMAC tem aumentado, bem como a busca por qualidade. Verificamos que a produção de plantas medicinais é desenvolvida em 75% dos municípios do Território Centro-Sul do Paraná. Em 67% destes municípios que desenvolvem a atividade, os produtores apresentam perspectivas de expansão e 33% consideram a atividade estável. Prudentópolis concentra o maior número de produtores e a camomila é a planta com maior área de cultivo (24,1 ha). O processo de secagem em alguns dos casos é coletivo, no total estão instalados 104 secadores em todo o Território, sendo que 16,34% esperam plantas secarem naturalmente à sombra, 5,76% secam as plantas expostas ao sol, 54,8% secam utilizando secadores com fonte artificial de calor e 23,07% utilizam adaptação de ambiente através de estufas solares.
Destaques no item Resultados e discussão
Os produtores de PLAMAC do Território Centro-Sul do Paraná possuem vários tipos de secadores, porém os secadores mais utilizados baseiam-se em fontes artificiais de calor tais como lenha, gás ou energia elétrica para aquecer o ar durante o processo de secagem. Outros agricultores deixam as plantas ao ar livre para que sequem naturalmente (à sombra) e alguns utilizam estufas solares para acelerar a secagem, mas estes não mantêm de forma regular a temperatura de secagem, podendo reduzir a qualidade das PLAMAC. Apesar do numero de famílias que produzem plantas medicinais (142), ser maior que o número de secadores disponíveis (104) todos os produtores utilizam algum dos meios de secagem das plantas, desta forma identificou-se que alguns secadores são de uso coletivo. Segundo a Associação Paranaense de Plantas Medicinais – ASPPM (2006) a forma de secagem é um dos elementos que caracterizam o grau de tecnificação dos produtores.
Foram encontradas noventa e duas espécies com potencial de utilização, na “medicina natural ou popular”, no uso condimentar e aromáticos e na troca entre famílias. Estas espécies estão distribuídas em uma área total superior a 60 hectares, principalmente em áreas onde não há possibilidade de cultivo mecanizado, áreas de reserva legal, preservação permanente e floresta nativa. Segundo Corrêa Júnior et al. (2004) a área média dos produtores de medicinais no Estado é menor do que 1,0 ha, pois fazem parte de um sistema de produção diversificado característico da agricultura familiar. Algumas das espécies são cultivadas como rotação de cultura ou cultura de inverno para manter a cobertura verde da área durante o período de inverno, sendo que a planta com cultivo mais expressivo dentre as medicinais no território é a camomila que possui maior facilidade no cultivo, com técnicas de manejo mais conhecidas e mercado consumidor mais desenvolvido. Além de ser uma das plantas mais utilizadas na “medicina popular”, sendo muito utilizada em infusões, chás, além desta utilização a indústria farmacêutica utiliza seu óleo essencial para formular vários produtos, desde xaropes homeopáticos até a fitocosméstica.
A produção da camomila que ocorre durante o inverno é um dos grandes atrativos para o cultivo da planta em larga escala, pois se enquadra como forma de cobertura do solo e rotação de cultura. Já a espinheira santa, outra planta muito utilizada, é uma espécie perene cultivada em consórcio na reserva legal e em terrenos declivosos. As demais plantas são cultivadas em pequenas áreas e outras são apenas exploradas como extrativismo
Conclusões
Verificou-se que a produção de plantas medicinais é desenvolvida em 75% dos municípios do Território Centro-Sul do Paraná. Em 67% destes municípios que desenvolvem a atividade, os produtores apresentam perspectivas de expansão e 33% consideram a atividade estável. Prudentópolis é a região que concentra o maior número de produtores e a camomila é a planta com maior área de cultivo. O processo de secagem em alguns dos casos é coletivo, no total estão instalados 104 secadores em todo o Território, porém a qualidade do processo de
secagem precisa evoluir rapidamente.
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