sexta-feira, 12 de junho de 2015

Pesquisadora mostra que é possível regionalizar merenda e mudar hábitos alimentares das crianças 

Fonte: Ascom/MDS - Sexta-feira, 12 de Junho de 2015 


Dionísia Nagahama, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), apresentou iniciativa desenvolvida em instituição filantrópica de Manaus

Mudar os hábitos alimentares das crianças atendidas em uma instituição filantrópica, localizada no centro de Manaus, tem sido um dos desafios da pesquisadora e nutricionista Dionísia Nagahama, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). É lá que ela experimenta, há mais de três anos, receitas com ingredientes regionais, mas que, muitas vezes, não fazem parte da rotina alimentar das famílias amazonenses. Esse é o caso de hortaliças e frutas não convencionais, como cariru, feijão macuco, bertalha e cubiu.

“A alimentação infantil é a base do nosso trabalho. Ensinamos para as crianças e para os pais que a comida pode ser variada, com alimentos regionais e saudáveis. Muitos frutos amazônicos substituem em valores nutricionais frutas como a maçã, que não é originária da região”, afirma. A pesquisadora conta que, com o projeto, a instituição conseguiu recursos para a reativação da horta para o cultivo das hortaliças, utilizadas na merenda. 

A regionalização da merenda escolar, explica a pesquisadora, não é novidade no Amazonas, que desde 2003 já desenvolve ações em parceria com várias instituições para promover a alimentação saudável com ingredientes da região. Dionísia apresentou sua experiência no 1º Encontro Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional na Amazônia, em Belém.

Outros participantes também tiveram a chance de refletir e discutir as estratégias para a promoção da soberania e segurança alimentar e nutricional, como o Guia Alimentar para a População Brasileira, o livro Alimentos Regionais Brasileiros e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), além das ações de inclusão produtiva rural e valorização da sociobiodiversidade. Divididos em grupos de trabalho, eles dialogaram sobre "Como os programas, ações e políticas têm ajudado a transformar a vida dos povos da Amazônia?” e “O que pode ser transformado e inovado para tornar essas ações mais efetivas?”.

Destaque nas discussões, o Guia Alimentar para a População Brasileira é um marco de referência tanto para as famílias como para governos e profissionais de saúde. O documento passou por um amplo processo de consulta pública, e aborda os princípios e as recomendações para uma alimentação adequada e saudável. Segundo Maria Fernanda Moratori, da coordenação-geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, que participou de um dos grupos de trabalho, o desafio ainda é promover essa alimentação, principalmente nas escolas. “A ideia é que os professores possam trabalhar o tema de forma interdisciplinar desde o ensino fundamental”, explicou.

No debate, um dos exemplos citados foi o projeto “Educando com a Horta Escolar e a Gastronomia”, parceria entre o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e o Centro de Excelência em Turismo da Universidade de Brasília (CET/UnB). A iniciativa é voltada para nutricionistas, coordenadores pedagógicos, técnicos para meio ambiente e horta, coordenadores de alimentação escolar e representantes do Conselho de Alimentação Escolar. Assim, são formados multiplicadores nos estados e nos municípios para que a horta e a gastronomia sejam utilizadas como eixos geradores da prática pedagógica, além de promover hábitos alimentares saudáveis e valorizar receitas regionais e técnicas de preparo de alimentos.

Agenda – O 1º Encontro Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional na Amazônia é promovido pelo Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), com o apoio da Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan), coordenada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).

O evento terminou nesta quinta-feira (11), com o debate e a apresentação da Carta Amazônica. O encontro temático é o primeiro de uma série preparatória para a 5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Com o tema “Comida de verdade no campo e na cidade: por direitos e soberania alimentar”, a conferência nacional será promovida em Brasília, entre os dias 3 e 6 de novembro.

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