terça-feira, 25 de setembro de 2012

Composição química da própolis verde brasileira


Imagine se muitas pessoas do país A estivessem enviando para o país B, e a preço bem barato, várias toneladas por ano de uma droga totalmente natural e livre de produtos químicos sintéticos, absolutamente não-perigosa embora muito pouco conhecida, mas considerada por médicos como excelente remédio contra inúmeros e gravíssimos problemas que afetam a saúde de muitas pessoas do país B, como o câncer. As autoridades do país B poderiam até ficar em dúvida se deveriam combater ou incentivar a entrada de tão maravilhosa droga, inclusive por causa do grande interesse despertado na indústria… Esta historinha se parece com o que aconteceu, lá pelo início da década dos anos 1990, com a própolis verde brasileira entrando no Japão.

Um importante trabalho científico de pesquisadores japoneses sobre a própolis verde brasileira, publicado em 1994, foi direto ao ponto principal: o ácido 3,5-diprenil-4-hidroxicinâmico (artepillin C) foi encontrado em altas proporções no extrato bruto etanólico e apresentou atividades antimicrobianas impressionantes (referência 1). Em 1998, um estrombólico segundo artigo sobre o artepillin C demonstrou fortes atividades contra diversas cepas de câncer (referência 2). Depois deste estrondo, em 1999, pelo menos dois grupos de pesquisadores japoneses vieram pessoalmente a Minas Gerais, Brasil, para fazer as primeiras observações de campo estabelecer cabalmente qual é a fonte botânica da própolis verde brasileira. O primeiro grupo era formado por pesquisadores da University of Shizuoka e da empresa Api Corporation Ltd. (referência 3), e não mencionam em seu artigo nenhum contato com instituição ou pesquisador brasileiro: ao que parece, ultrapassaram os limites de qualquer ética e ainda publicaram em detalhes do que fizeram. O segundo grupo japonês de pesquisadores era da Toyama Medical and Pharmaceutical University e trabalhou em cooperação com a Universidade de Viçosa - MG, Brasil, numa pesquisa analítica comparando a composição química de extratos das folhas de B. dracunculifolia com extratos da própolis verde brasileira (referência 4). O trabalho de síntese do artepillin C, desenvolvido na University of Tokushima, resultou em outro bombástico artigo e numa importantíssima patente que gera hoje negócios de milhões de dólares anuais (referência 5). Algumas outras referências importantes sobre a composição química e a bioatividade da própolis verde brasileira, e seus links são também dados abaixo no item References online.

References online

1.- Isolation and identification of antimicrobial compounds in Brazilian propolis. Biosc. Biotech. Biochem., 58(5): 945-946, 1994. 
2.- Apoptosis and suppression of tumor growth by artepillin C extracted from Brazilian propolis. Cancer Detection and Prevention, 22(6): 506-515, 1998.
3.- Direct evidence for the plant origin of Brazilian propolis by the observation of honeybee behavior and phytochemical analysis. Chemical and Pharmaceutical Bulletin, 51(6): 740-742, 2003. 
4.- Buds of Baccharis dracunculifolia: potent source of biologically active caffeoylquinic acids and labdane-type diterpenes from Brazilian propolis. Journal of Traditional Medicine, 20: 187-194, 2003.
5.- First total synthesis of artepillin C established by o, o’-diprenylation of p-halophenols in water.  Jounal of  Organic Chemistry, 67(7): 2355–2357, 2002. 
6.- Artepillin C isoprenomics: Design and synthesis of artepillin C analogues as antiatherogenic antioxidants. Advances in Experimental Medicine and Biology,  578(5): 113-118, 2006.
7.- Plant origin of green propolis: bee behavior, plant anatomy and chemistry. eCAM2(1): 85–92, 2005. 
8.- Two related cinnamic acid derivatives from Brazilian honey bee propolis, baccharin and drupanin, induce growth inhibition in allografted sarcoma S-180 in mice. Biological and Pharmaceutical Bulletin, 28(6): 1025—1030, 2005. 
9.- Propolis analysis. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 26(1): 171-178, 2006.
10.- Bauer-7-en-3b-yl acetate: a major constituent of unusual samples of Brazilian propolis. Quim. Nova, 29(2): 245-246, 2006.
11.- Constituents of the essential oil of Brazilian green propolis from Brazil. J. Essent. Oil Res., 20 (September/October), 2008. 
12.- Um marcador químico de fácil detecção para a própolis de Alecrim-do-Campo (Baccharis dracunculifolia DC.). Brazilian Journal of Pharmacognosy, 18(3): 379-386, 2008. 
13.- Analysis of a Brazilian green propolis from Baccharis dracunculifolia by HPLC-APCI-MS and GC-MS. Brazilian Journal of Pharmacognosy, 18(4): 549-556, 2008.
14.- Comparison of volatile and polyphenolic compounds in Brazilian green propolis and its botanical origin Baccharis dracunculifolia. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas,28(1): 178-181, 2008. 
15.- Estudo químico de uma amostra de própolis verde de Passa Quatro, Minas Gerais, Brasil. Quim. Nova, 33(10): 2051-2054, 2010.
16.- Caffeoylquinic acids are major constituents with potent anti-influenza effects in Brazilian green propolis water extract. Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine, Article ID 254914, 7 pages, 2011.
17.- Analytical methods applied to diverse types of Brazilian propolis. Chemistry Central Journal, 5:27, 10 pages, 2011. 


Data: 26.08.2012


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