por Julino Soares
As plantas medicinais de uso tradicional também são estudadas do ponto de vista toxicológico, como é o caso da artemísia (também conhecida como losna, absinto, erva-santa, gotas-amargas, erva-dos-vermes, erva-dos-velhos, entre outros).
Para os anglo-saxões, a artemísia formava as “nove ervas sagradas” entregues ao mundo pelo deus Woden (ou Odin). Os romanos tinham o costume de introduzir alguns ramos em suas sandálias para combater as dores dos pés logo após intensas caminhadas.
A artemísia é uma planta herbácea (1,2m de altura) originária da Europa e Ásia. Seu nome botânico é Artemisia absinthium L. (Asteraceae). Segundo a mitologia Grega, em reconhecimento aos seus benefícios medicinais, a deusa Artemis lhe concedeu seu nome.
Já o termo absinthium significa “sem doçura”, em alusão ao seu sabor amargo. Conhecida desde a remota antiguidade na forma de licor amargo, essa planta é utilizada popularmente na preparação de aperitivos, aos quais se atribui propriedades carminativa, diurética, colagoga, emenagoga, abortiva e anti-helmíntica. A tujona (monoterpeno) é o seu principal componente e cujo teor é maior no início da floração.
Umas das intoxicações humanas mais conhecidas decorrem da sua utilização na medicina popular como abortivo. Essa planta não deve ser usada durante a gestação e lactação. Outras contra-indicações incluem: hipersensibilidade a artemísia ou absinto, úlceras e a utilização por tempo prolongado.
Ainda, segundo a base de dados Micromedex, a artemísia pode provocar diversas reações adversas, ex., dor abdominal e diarreia, bradicardia, sintomas de gripe e febre, convulsões, erupção cutânea, náuseas, vômitos e perda de apetite. Também pode interferir no efeito de medicamentos, como os contraceptivos, fenobarbital (anticonvulsivante), claritromicina (infecções de vias aéreas), Nefazodona (antidepressivo), itraconazol e cetoconazol (infecções fúngicas). As doses requeridas para provocar os efeitos tóxicos não estão bem claras, ainda sim, podem ser normalmente baixas.
Referências
Alonso JR. 1998. Tratado de Fitomedicina – bases clínicas y farmacológicas. ISIS Ediciones S. R. L., Buenos Aires, Argentina.
Lorenzi H, Matos FJA. 2002. Plantas medicinais do Brasil: nativas e exóticas. Instituto Plantarum, Nova Odessa.
Mengue SS, Mentz LA, Shenkel EP. 2001. Uso de plantas medicinais na gravidez. Revista Brasileira Farmacognosia. v.11, p. 21-35.
Micromedex healthcare series. Acesso em: 20.11.2012.
Julino Soares é biólogo, doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo.
Data: 13.03.2013
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